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Filho de Cid Moreira diz que afastamento impede viver luto: 'Foi um baque'

Roger disputa partida de tênis em dupla com Cid Moreira no Ceará, em 2000 - Reprodução/Revista Caras/Arquivo pessoal
Roger disputa partida de tênis em dupla com Cid Moreira no Ceará, em 2000 Imagem: Reprodução/Revista Caras/Arquivo pessoal
do UOL

Colaboração para Splash, em São Paulo

17/10/2024 05h30

Roger Moreira, 48, diz que foi impedido de ir ao velório e enterro do pai adotivo, Cid Moreira, devido à medida protetiva concedida à madrasta, Fátima Sampaio.

Ele esteve em missa celebrada na última semana na Catedral da Sé, em São Paulo, e conversou com Splash sobre como é passar pelo luto após ter vivido afastado do pai nos últimos 18 anos.

'Seria bom ter ouvido ele'

Roger foi adotado quando era adolescente, e Cid vivia seu terceiro casamento, com Ulhiana Naumtchyk Moreira, tia de Roger. A adoção só foi oficializada quando ele tinha 25 anos —e Cid já havia se divorciado.

Apesar da relação de pai e filho que tiveram desde a adolescência até o início da fase adulta, ter passado os últimos 18 anos distante foi difícil: "[O afastamento] acaba tirando um pouco também [o luto]. Mas tudo que estava acontecendo não exclui aquilo que eu vivi. (...) Foi um baque para mim saber da morte pela TV".

O empresário não se conforma com a distância de Cid, inclusive em relação ao seu outro filho, esse biológico, Rodrigo Moreira: "Acho que tanto eu quanto o Rodrigo precisávamos ter tido isso [contato] com ele. E ela [a Fátima] que nos impediu. Ela é muito má, acredito que a Justiça é divina, então ela vai pagar com certeza".

A reportagem tentou contato com a defesa de Fátima para comentar o assunto e sobre o processo que move contra o filho adotivo por "indignidade sucessória". Em junho, o perfil de Cid Moreira compartilhou um vídeo do apresentador com o advogado Davi Saldaño. Nenhum contato foi retornado. O texto será atualizado quando houver resposta.

Seria bom ouvir alguma coisa daquela pessoa [Cid Moreira] depois de todos esses anos. Não é algo que me impede de viver ou algo como se eu odiasse ele, quisesse que ele morresse. Eu não tinha essa percepção e nem tenho hoje, porque eu não fiz isso pra manchar a imagem de ninguém. É um nome que não se apaga. Ele tem o seu legado. Roger Moreira, filho adotivo de Cid

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Roger e a tia Ulhiana Naumtchyk Moreira, terceira esposa de Cid Moreira
Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

'Eu era um filho funcionário 24 horas'

Roger conta que se afastou de vez de Cid Moreira há 18 anos. "Foi em 2006 o último contato que eu tive com ele. Eu trabalhava com ele desde 1990, desde os meus 14 anos, até 2006. Trabalhei com ele direto, nas gravações da Bíblia inclusive. Eu era responsável por todas as gravações. Gravei com ele mais de 70 CDs".

Adotado aos 14 anos, Roger conheceu Cid quando tinha apenas 9, e o apresentador do JN 58: "Vim pro Rio em 1990, quando ela [minha tia] se casou com ele. Os dois sempre iam para o Rio Grande do Sul, onde eu morava. Já conhecia ele desde meus 9. Em 1990, numa viagem dessas, eles sugeriram: 'ah, vamos levar ele para passear no Rio'. Vim para ficar uma semana, mas nunca mais voltei. O Cid gostou tanto de mim que acabei ficando".

Roger afirma que Cid Moreira não perguntou diretamente se ele queria ser adotado já adulto. "Sempre fui tratado como filho. Para todo mundo eu era filho dele. Então, ele conheceu a Fátima em 2000. Viajamos para esse torneio de tênis em Fortaleza e ela, que era freelancer da revista Caras, entrevistou ele, que falou da adoção. Ela fez essa matéria 'em dupla com o herdeiro'".

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Roger e Cid Moreira, no Ceará, em 2000, com destaque na revista Caras
Imagem: Reprodução/Revista Caras/Arquivo pessoal

Nosso convívio era 24 horas por dia. Eu era considerado a sombra do Cid. Tinha vários apelidos, como carregador de mala. Na Globo, era chamado de garotão do Cid. Ia lá, entrava no computador, pegava o texto para ele, participava das gravações ali nos estúdios, de off. (...) Eu era um filho-funcionário 24 horas por dia. Para mim, foi sempre normal, parecia um privilégio da vida [sair] do Rio Grande do Sul e vir para o Rio de Janeiro, trabalhar com Cid Moreira. Era tudo um grande privilégio, uma grande oportunidade. Roger Moreira, filho adotivo de Cid

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Roger e Cid Moreira durante pescaria quando viviam juntos como pai e filho
Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

Supostos abusos e impedimento de estudar

Desde que foi morar no Rio de Janeiro, Roger diz que abandonou a escola. Ele diz acreditar que isso ocorreu devido aos abusos que, segundo ele, teria sofrido de Cid: "Os abusos aconteceram dois meses depois que eu cheguei. Eu nem considerava abuso. Hoje em dia sei que é abuso, mas na época, para mim, abuso teria que envolver sexo. Quando o doutor Carbone fala que é estupro, para mim é até chocante, porque para mim, não era. Não sei se minha cabeça é muito antiga, mas não considerava isso [ver e ajudar na masturbação] como estupro".

Roger acredita na hipótese de que, talvez, fosse impedido de estudar para que não falasse com outras pessoas o que estava acontecendo em casa. "Isso é uma coisa que me incomoda muito.

Ele dizia que indo à escola eu poderia me envolver com pessoas que não prestam, com drogas. Acho, na realidade, que ele não queria que eu falasse o que acontecia em casa, que me confidenciasse, de repente, com alguém.

A Splash, Roger disse que houve um momento em que eles tiveram um desentendimento com Cid, após embates do apresentador com uma irmã de Roger: "Ela achou um absurdo eu não estudar". O rapaz voltou sozinho para o Rio Grande do Sul, conseguiu emprego de garçom, fez o supletivo para concluir estudos e tirou o passaporte.

"Em 1997, o Cid voltou ao Rio Grande do Sul com minha tia e quis que eu voltasse de qualquer jeito para o Rio. Fiz o passaporte porque ele queria me levar para a Disney, e assim foi feito.(...) Acabei voltando para o Rio, e moramos juntos até 2006".

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Roger foi adotado pela tia e por Cid Moreira quando tinha 14 anos; adoção só ocorreu no papel aos 25
Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

Os supostos abusos sofridos por Roger teriam terminado quase no período em que a adoção foi oficializada, em 2001. Cid sempre negou as acusações. O advogado Davi de Souza Saldaño falou ao Estadão que o Judiciário "rejeitou a acusação" e questiona Roger que, nas palavras dele, "requereu a prisão da pessoa que hoje, após sua morte, diz 'amar'".

"Após análise atenta das provas e argumentos apresentados por ele, o Judiciário rejeitou a acusação e determinou a extração de cópia com remessa ao Ministério Público, para a devida apuração de possível prática de denunciação caluniosa por parte de Roger, procedimento que se encontra, atualmente, em tramitação perante a 2ª Promotoria de Investigação Penal da Barra da Tijuca", falou Saldaño ao Estadão.

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Roger em uma das inúmeras viagens que fez com Cid Moreira antes do afastamento completo dos dois em 2006
Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

Vontade de reconciliação

Roger confessa que teria sido importante um contato com Cid antes de sua morte: "Gostaria de ter conversado com ele antes. (...) Ele tinha medo, na realidade, que essa situação viesse à tona".

Cid ficou internado em setembro e passou o aniversário no hospital. "E ela [a Fátima] postando normalmente, como se tivesse tudo normal. Ele morreu. Ela já fez vários posts. Acho um absurdo, uma falta de respeito porque quando alguém morre aquilo ali vira um memorial. Não vai seguir postando", diz Roger, que afirmou não seguir o perfil do pai na rede social "porque era bloqueado".

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Missa na Catedral da Sé, em São Paulo, teve dedicação a Cid Moreira na Oração Eucarística feita pelo padre na última terça-feira (8)
Imagem: Caio Santana/UOL

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