Homens fantasiam mais com sexo a três, enquanto mulheres sonham com BDSM
O apetite para determinadas fantasias sexuais varia conforme a idade e o gênero de cada pessoa, mas uma coisa é certa: os fetiches estão em alta. É o que aponta uma pesquisa publicada em setembro pelo renomado Kinsey Institute, centro especializado em sexualidade da Universidade de Indiana, nos EUA, em parceria com o aplicativo de relacionamentos Feeld.
Após ouvir 3.310 pessoas entre 18 e 77 anos de 71 países apenas para este estudo, o especialista Justin Lehmiller identificou não só como o perfil sexual de uma geração é diferente de outra, mas fantasias que são sempre mais populares. "Uma das coisas que descobri é que há pelo menos três ideias-chave que quase todo mundo fantasia em um momento ou outro [da vida]", comentou ao jornal britânico Metro.
Sexo grupal, fetiches e BDSM, além de sexo "aventureiro" estão nesta salada mista, por assim dizer.
As fantasias sexuais mais comuns
Sexo grupal
95% dos homens e 87% das mulheres admitiram já ter fantasiado fazer sexo com mais de uma pessoa, mas os homens imaginam essa possibilidade em uma frequência muito maior do que as mulheres.
"O que é um pouco surpreendente para muitas pessoas é que estas fantasias são, na verdade, menos comum entre jovens adultos e mais comum entre pessoas nos seus 40 e 50 anos", comentou o especialista ao jornal.
Extrapolando a questão do sexo para as relações, a pesquisa ainda apontou que a geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) é a que mais fantasia com a monogamia em uma relação (81%), enquanto apenas 18% dos mais jovens fantasiam frequentemente com uma relação aberta. Entre as gerações mais velhas (millennials, geração X e boomers), 75% a 80% já fantasiaram com uma relação aberta.
Segundo Justin, parte do fascínio do sexo grupal é "querer se sentir irresistivelmente desejado", já que a maior parte das pessoas se imagina como centro das atenções da transa.
"Outra razão pela qual as pessoas acham essa ideia atraente é que abre muitas novas possibilidades de exploração sexual, como experimentar novas posições e atividades ou explorar atrações pelo mesmo sexo/gênero", opinou Justin.
Fetiches e BDSM
De acordo com o relatório, livros, filmes e séries como "Cinquenta Tons de Cinza" tiraram o BDSM (sigla para as práticas de bondage, dominação, disciplina, submissão, sadismo e masoquismo) do nicho da dominatrix e levaram à cama de muita gente.
"Na minha pesquisa, descobri que 96% das mulheres e 93% dos homens já tiveram uma fantasia fetichista antes — mas é importante notar que as mulheres fantasiam com BDSM mais frequentemente do que os homens", destacou Justin ao Metro. Ou seja, enquanto eles querem mais sexo a três ou grupal, elas querem dominar ou serem dominadas.
Quanto mais jovem, aliás, maior o interesse no BDSM. Apesar de a geração Z transar menos — cerca de três vezes ao mês, contra cinco vezes de millennials e geração X —, é esta faixa etária que mais fantasia com o sexo à la Christian Grey (56%). Entre os millennials (nascidos entre 1981 e 1996), 52% já tiveram a mesma fantasia, enquanto as mesmas práticas fazem parte da imaginação de 31% dos X (1965-1980) e apenas 12% dos boomers (1946-1964).
"Parte da razão pela qual a geração Z pode ser mais fetichista é que eles têm maior acesso à pornografia do que qualquer geração anterior, e muito do pornô que está disponível possui elementos de fetiche. Mas não tem a ver apenas com pornografia. A geração Z é também a mais estressada e ansiosa, e fetiches e BDSM podem ser uma forma adaptativa de lidar com a ansiedade porque ajuda a tirá-lo da sua mente e o situa no momento", opina.
Sexo "aventureiro"
Esta é a modalidade do sexo fora da caixinha, ou melhor, da casinha: com transas em lugares novos e excitantes, como na praia ou em cenários exóticos. Uma fantasia de 97% das pessoas, segundo o instituto.
"Como o sexo com múltiplos parceiros, fantasias de novidade também são mais populares entre adultos no meio da vida. Isso pode acontecer porque a maioria das pessoas nesta faixa etária estão em relacionamentos monogâmicos de longo prazo e procurando maneiras de apimentá-los", acredita o estudioso. Para os mais jovens, o sexo em si ainda é uma novidade, o que torna este tipo de fantasia menos recorrente.
"Eles não precisam necessariamente de tantos atrativos para manter as coisas excitantes porque eles têm menor possibilidade de já ter se acomodado com rotinas sexuais".
Bônus: tabu é mais comum do que se imagina
Existe uma fantasia que não está na tríade das mais populares, mas ainda reina sobre outras justamente por ser tabu: o sexo em público.
O dogging — a prática de sexo em locais semi-fechados, mas que ainda permitem o flagra, como o carro — já apareceram nos desejos e fantasias de 81% dos homens e 84% das mulheres. "O apelo destas fantasias frequentemente está na emoção que acompanha a possibilidade de ser pego ou observado, em outras palavras, o tabu e o aspecto de risco do sexo público aumentam a excitação para muitos", diagnostica o estudioso.
Para outros, a graça é um pouco diferente. "Também tem a ver com um traço exibicionista e ter prazer em saber que outros estão assistindo você fazendo sexo — e gostando". Ou seja, não é apenas sobre ser observado, mas imaginar o prazer de quem assiste à sua transa.