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Só vencedores do Nobel: confira 5 dicas de livros de autores premiados

José Saramago, Svetlana Aleksiévitch e Louise Glück estão entre os autores indicados da semana - Divulgação
José Saramago, Svetlana Aleksiévitch e Louise Glück estão entre os autores indicados da semana Imagem: Divulgação
do UOL

De Splash, em São Paulo

13/10/2024 05h30

A sul-coreana Han Kang foi anunciada, na última semana, como a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2024 por sua "prosa poética intensa, que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana".

Por isso, neste domingo (13), o colunista Rodrigo Casarin e as repórteres Fernanda Talarico e Luiza Missi, de Splash, trazem cinco dicas de livros de outros autores laureados. Boa leitura!

"As Intermitências da Morte", de José Saramago (Companhia das Letras)

Rodrigo Casarin - "No dia seguinte ninguém morreu". É celebre o início deste romance de Saramago. Nele, o português parte de um fato fantástico para investigar ações humanas e seus impactos sociais. É uma de suas marcas. O que acontece quando a morte deixa de trabalhar?

Um dos momentos mais tocantes da obra do Nobel de 1998 está na segunda metade desse livro. Não bastasse a alegoria sobre a força da arte diante do fim —de seu poder para sensibilizar, encantar, ampliar a vida— há ainda uma linda cena em que, pela primeira vez na vida, a morte sabe o que é "ter um cão no regaço".

É o romance que indico quando me perguntam por onde começar a ler Saramago.

"A Guerra Não Tem Rosto de Mulher", de Svetlana Aleksiévitch (Companhia das Letras, tradução de Cecília Rosas)

Fernanda Talarico - Quando pensamos em guerras, é quase inerente pensarmos em homens armados indo defender ideais. Mas o que Svetlana Aleksiévitch mostra é o lado feminino dos conflitos e dá voz às mulheres que também estiverem em campos de batalhas. A narrativa emocionante fala, pela primeira vez, sobre um milhão de mulheres que lutaram no Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial.

"Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento", de Alice Munro (Biblioteca Azul, tradução de Cássio de Arantes Leite)

Rodrigo Casarin - Vencedora do Nobel de 2013, a canadense Alice Munro recentemente foi alvo da pergunta que ronda o meio artístico nos últimos anos: cancelar ou não a obra de uma ótima artista com um episódio vergonhoso na vida pessoal? Escrevi sobre o caso aqui.

E não vejo problema em virarem a cara para a mulher que morreu em maio deste ano, mas não abro mão da escritora, uma das maiores contistas de nosso tempo. "Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento" é um exemplo da capacidade de Munro transformar em arte passagens do cotidiano, tormentos domésticos, aparentes pormenores que acabam por causar turbulências numa vida.

"Receitas de Inverno da Comunidade", de Louise Glück (Companhia das Letras, tradução de Heloisa Jahn)

Luiza Missi - Em seu primeiro livro após vencer o Nobel de Literatura em 2020, a autora reúne poesias sobre a passagem do tempo e seus efeitos. São apenas 15 poemas, mas não se deixe enganar pela leitura breve: alguns versos ficarão com você por muito mais tempo.

Para provar, segue um trecho do poema "Pensamentos Noturnos", cuja tradução nas mãos de Heloisa Jahn não sai da minha cabeça há meses: "Há muito tempo eu nasci / Já não há ninguém vivo / que se lembre de mim quando bebê. / Eu era um bebê bonzinho? Ou difícil? A não ser na minha cabeça, / essa questão está agora / silenciada para sempre."

"A Festa do Bode", de Mario Vargas Llosa (Alfaguara, tradução de Ari Roitman e Paulina Watch)

Rodrigo Casarin - Faria bem ao Llosa em sua faceta de comentarista político ler com mais atenção seus próprios romances. O peruano foi o último latino-americano a vencer o Nobel de Literatura. Isso em 2010, graças ao modo como construiu uma "cartografia das estruturas de poder" e "imagens mordazes da resistência, revolta e derrota do indivíduo".

São marcas presentes em "A Festa do Bode", que merece estar em qualquer lista de melhores romances das últimas décadas. Nele, Llosa ficcionaliza a história de Rafael Leonidas Trujillo, carniceiro que comandou por mais de 30 anos a ditadura na República Dominicana. É admirável a forma como o autor nos leva para as podridões do poder. Fica na memória o capítulo em que refaz o despertar do ditador em seus últimos dias de vida, mergulhado em lembranças que contrastam com a presente decadência, com a capacidade física os poderes debilitados.

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