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Felipe Neto fala sobre 'erro' ao divulgar jogos: 'Vou devolver dinheiro'

Felipe Neto na Flip - Ricardo Pedro Cruz
Felipe Neto na Flip Imagem: Ricardo Pedro Cruz
do UOL

De Splash, em Paraty (RJ)

11/10/2024 12h50

Felipe Neto, 36, afirmou que divulgar jogos de azar foi o maior erro da vida dele e que não vai usar o dinheiro que ganhou. A afirmação foi feita durante a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty).

Eu não posso divulgar jogo de azar, mas eu divulguei. Fui burro e divulguei. Considero o maior erro da minha vida. Todo dinheiro que eu arrecadei com aquilo eu vou devolver. E me comprometi lutar contra. Estamos fazendo uma campanha de conscientização. Eu defendo a proibição. Felipe Neto

A declaração do influenciador aconteceu enquanto ela discutia uma eventual regulamentação do uso de celulares em escolas, que estaria sendo discutida pelo governo. Ele também defendeu regras para as redes sociais e destacou que a extrema direita tem se beneficiado da falta de regras no ambiente virtual.

A esquerda pode aprender a se comunicar, mas vai continuar sendo massacrada. O discurso verborrágico vai ser beneficiado pelos algoritmos [...] A gente precisa ditar para as plataformas que primeiro vem a ética. Tem que mudar através de lei. Felipe Neto

O youtuber, que acaba de lançar o livro "Como Enfrentar o Ódio" (Companhia das Letras), participou da 9ª mesa de debate ao lado da jornalista Patrícia Campos Mello.

Livro "Como Enfrentar o Ódio" aborda a tomada de consciência política do empresário. Ele discute o papel do ódio na própria vida, primeiro como elemento que ajudou a impulsionar a carreira e, depois, como uma ferramenta de que se tornou vítima —em especial durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O que atraiu o público

Flip - Ricardo Pedro Cruz/UOL - Ricardo Pedro Cruz/UOL
Público lota o auditório da matriz para ver mesa com Felipe Neto na Flip
Imagem: Ricardo Pedro Cruz/UOL

A mesa com o influenciador digital lotou o auditório da matriz, palco principal da festa. A fila para entrar no local começou a ser formada por volta das 11h, e atraiu pessoas de várias idades. A social media Luísa Pereira, 30, conta que o interesse em combater a extrema direita foi um dos motivos que a levou para acompanhar o debate.

Eu estudo muito o extremismo, estudo muito o ódio da extrema-direita dentro da nossa política. E um dos meus objetivos, e um dos objetivos da esquerda como um todo, é tentar reverter isso e tentar usar os instrumentos de comunicação da direita para a esquerda e conseguir reverter esse jogo. Luísa Pereira, social media

A professora Silviene Florentino, 59, acompanha o trabalho do youtube há anos. De acordo com a educadora, ele sempre contribui com temas "polêmicos e pertinentes" para discussões em sala de aula.

Ele mudou bastante, amadureceu bastante. Com esse amadurecimento, ele trouxe novas propostas, novos anúncios de postura na sociedade, com tudo isso que aconteceu politicamente. Ele sempre vem trazendo colocações que são pertinentes, são interessantes, que acrescentam, faz com que a gente pare para pensar em algumas coisas. Silviene Florentino, professora

'Eu confio na minha trajetória'

O anúncio da participação de Felipe Neto dividiu opiniões dentro e fora das redes sociais. Em entrevista exclusiva a Splash, na quinta-feira (10), ele afirmou que as reações o levaram de volta ao início da carreira no YouTube, quando a plataforma de vídeos ainda era incipiente no Brasil. Ele relembrou o preconceito que sofreu, especialmente por parte da indústria do entretenimento.

Eu lembro de sentir na pele esse nariz torcido, esse pensamento do: 'Eu sou o intelectual do entretenimento e esses youtubers são a escória'. Então, eu meio que, quando vi o tipo de crítica que estava chegando, me lembrou muito essa época.

Neto se diz acostumado a esse tipo de reação e confiante na própria trajetória. Ele acredita que as críticas a respeito do convite da Flip são passageiras. "Eu sei que isso é fogo de palha, porque eu confio na minha trajetória, no meu trabalho."

Quando essas pessoas tiverem a oportunidade de me conhecer, de ler o livro, de conhecer o Clube do Livro FN, ver a ação da Bienal, em 2019, e quem sabe de irem à Flip no dia e conversarem comigo, olhar olho no olho, e entenderem.

Youtuber comprou o distribuiu cerca de 14 mil livros com personagens LGBTQIA+, em 2019, durante a Bienal do Livro do Rio. A ação foi uma resposta à fiscalização da Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio de Janeiro, que durante o dia anterior vasculhou os 150 estandes da Bienal em busca de obras consideradas "impróprias". À época, o prefeito era Marcelo Crivella.

Literatura como ferramenta contra o autoritarismo

Felipe Neto  - Reprodução - Reprodução
Felipe Neto na Bienal do Livro de São Paulo
Imagem: Reprodução

Além do combate ao ódio, o empresário destaca a saúde mental, a literatura e a educação digital como principais pilares de atuação social. Ele considera a literatura fundamental para a criação de conhecimento e resistência a regimes autoritários.

A literatura é a maior fortalecedora de criação de conhecimento e resistência a regimes autoritários. Então, a disseminação da leitura proporciona uma sociedade mais preparada, tanto eticamente quanto de resistência a determinados manipuladores da opinião pública. Tanto através da fé, quanto através da simples manipulação digital com desinformação, com fake news, etc.

O repórter viajou a convite do Instituto CCR, patrocinador e parceiro de mobilidade da Flip.

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