'Brasil pode liderar era da IA de baixo carbono', diz líder da Microsoft
(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: O humano obsoleto; Brasil, a potência da IA de baixo carbono; A voz clonada da corintiana para torcer pelo São Paulo)
A Microsoft vai investir R$ 14,7 bilhões em data centers no Brasil nos próximos três anos para atender a demanda local e dos países por inteligência artificial. Até o ano que vem, a empresa planeja que todas as suas centrais de dados sejam abastecidas por fontes renováveis de energia. Para isso, a Big Tech conta com as características da matriz energética brasileira.
"O Brasil pode liderar a era da IA de baixo carbono", diz Tânia Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil em entrevista a Deu Tilt, podcast de tecnologia do UOL.
No começo do ano, a executiva disse que a Microsoft estava construindo data centers "na velocidade da luz". Agora, a empresa revela quanto dinheiro está envolvido na operação.
Estamos construindo a infraestrutura para rodar essa IA aqui no país e responder a compromissos de residência de dados, por exemplo, ou problemas de latência. Para modernizar uma instituição financeira, industrial ou os governos, eu preciso de data centers
Tânia Cosentino
Além de remodelar os data centers atuais, a Microsoft construirá novas estruturas. A localização não é revelada. Mas as localidades que os abrigam são escolhidas seguindo uma longa lista de critérios, que cresce à medida que são cada vez mais frequentes eventos extremos causados pela crise climática.
É lógico que aspectos geográficos, geológicos e ambientais são considerados. Tenho que considerar uma série de fatores. Não vou colocar um data center em uma zona de furacão
Tânia Cosentino
Disponibilidade de energia renovável e fácil acesso logísticos são alguns dos critérios. Oferta de água potável é um capítulo à parte. Segundo a executiva, a Microsoft tem meta de zerar as emissões de carbono até 2030 e se tornar "net positive" em água.
Não vamos só zerar o consumo, vamos trazer água para a população. Um aspecto da nossa equipe de construção de data centers é que não tem só engenheiros para montar a infraestrutura, temos uma equipe social que vai às cidades e se engaja com os municípios para entender quais são os desafios daquele município onde estamos instalando um data center
Tânia Cosentino
A redução do consumo de energia aparece passa pela oferta de modelos de IA que consomem menos poder computacional, caso do GPT-o, afirma Cosentino. Mas são mesmo as características do Brasil os pontos cruciais nos planos da Microsoft.
A matriz energética brasileira é predominantemente verde, historicamente pelas hidrelétricas, mas vimos inserindo as fontes eólicas, usinas solares, o biocombustível e agora estamos falando de hidrogênio verde. Temos um portfólio de energia verde amplo
Tânia Cosentino
'Governo brasileiro já é uma empresa de tecnologia'
Os brasileiros somam quase 5 milhões de desenvolvedores no GitHub. Isso faz o Brasil ter a sexta maior população na plataforma destinada a armazenar códigos de computador. Para Cosentino, esse número indica o poder que o país tem na área de tecnologia. "Quando eu olho o setor financeiro no Brasil, pra mim, ele é um dos mais sofisticados do mundo. E por quê? Por causa da tecnologia", diz a executiva.
Isso ocorre devido ao poder que a tecnologia tem de atuar nos bastidores dos negócios de outros setores da economia. Para ela, outro exemplo dessa transformação é o governo brasileiro.
O governo brasileiro já é uma empresa de tecnologia. Os serviços digitais que o nosso governo oferece estão liderando o mundo. Olha o que dá para fazer dentro do 'gov.br'. Faz tudo lá dentro. E cada dia aparece uma função nova
Tânia Cosentino
Corintiana, Cosentino teve voz clonada com IA: 'toca no Calleri que é gol'
A executiva afirmou que a Microsoft defende a regulaçao de IA tramitando no Senado, sobretudo quando ela restringe casos de uso que coloquem as pessoas em risco.
Com apenas 3 segundos de áudio, eu copio a sua voz. E, com pouco mais de 10 segundos, eu copio a sua imagem. No meu tempo, falavam que tinha de ver para crer.
Hoje, é melhor checar a fonte e mais de uma, porque você vai ver, vai ler e não pode crer
Tânia Cosentino
Corintiana, Cosentino confessa ter tido a voz clonada por IA para dizer "toca no Calleri que é gol". "Gente, isso é fake news, cuidado!", afirmou.
'Obsolescência do humano', diz presidente da Microsoft sobre quem evitar IA
Quem acha que a inteligência artificial é moda passageira está fadado a se tornar um ser humano obsoleto, diz Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil. Em conversa com o podcast Deu Tilt, a líder da Big Tech no país falou da adaptação de trabalhadores à nova tecnologia, de como ela mesma aderiu a ferramentas inteligentes até em tarefas cotidianas e como das transformações que até o Windows está sofrendo com IA.
Eu falo que a obsolescência do humano existe. A gente já fala há muito tempo sobre 'life long learning', a necessidade de você continuar estudando até o último dia da vida. Isso é uma realidade. Quando se fala hoje de IA, que está permeando todos os aspectos da sociedade, não dá para dizer 'eu não sou uma pessoa de tecnologia e não preciso saber disso'. Sim, você precisa
Tânia Cosentino
Para Cosentino, a inteligência artificial não vai substituir o ser humano, mas auxiliá-lo a ser um profissional melhor. "A IA está aqui, hoje, não é mais uma tecnologia de futuro (...) É importante que todos nós criemos uma fluência mínima nisso que está [acontecendo] hoje e no que está por vir".
DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana.