Antes de lista suja, fazenda de Leonardo já foi notícia por avião com droga
A Fazenda Talismã, do cantor Leonardo, 61, foi notícia após um avião invadir o local com 420 kg de cocaína em 2023. A propriedade voltou a ser notícia esta semana, após uma fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) encontrar seis pessoas em condições degradantes —o que levou à inclusão do sertanejo na "lista suja" do trabalho escravo.
O que aconteceu
Um avião carregado com 420 kg de pasta base de cocaína invadiu a Fazenda Talismã em 10 de novembro de 2023. Segundo a PM de Goiás, um homem que dirigia um Fiat Uno abordou funcionários da fazenda e pediu autorização para que um avião de pequeno porte pousasse nas terras, segundo ele, para abastecer. Os funcionários não autorizaram o pouso, mas mesmo assim a aeronave aterrissou na propriedade.
A invasão também se deu por terra: três homens em uma caminhonete quebraram a porteira da entrada da propriedade e foram até o local onde o avião pousou. O Fiat Uno também invadiu a área. Alguns homens passaram a transferir a carga do avião para a caminhonete, enquanto outros abasteciam o avião, usando combustível transportado no Uno. Os funcionários acionaram a polícia, mas o avião decolou e os carros fugiram.
Houve perseguição e troca de tiros. Dois dos três ocupantes da caminhonete foram baleados e morreram e o terceiro conseguiu fugir.
Leonardo estava em São Paulo e, segundo sua assessoria, não havia nenhum familiar dele na fazenda no momento da invasão.
Como é a fazenda?
Avaliada em R$ 60 milhões, o local tem mais de mil hectares e fica em Jussara, região noroeste de Goiás. Para efeitos de comparação, um hectare tem o tamanho aproximado de um campo de futebol.
A pecuária bovina é a principal atividade. A fazenda abriga mais de 5.000 cabeças de gado.
No terreno há uma mansão com quartos estilo bangalô, igreja, quadras esportivas, jetski, piscina com deck de madeira, um grande lago, área de jogos, etc.
Veja fotos da fazenda Talismã:
O que Leonardo disse
Ficou "surpreso e muito triste" por ter seu nome incluído na lista. "Eu já plantei tomate, sei como é uma vida difícil. Eu, [pelo meu] coração, jamais faria isso", afirmou.
Há um equívoco muito grande sobre a minha pessoa. O Brasil inteiro me conhece, sabe a pessoa que sou, da idoneidade que tenho. [...] Eu não me misturo nessa lista que fizeram de trabalho escravo. Eu sou totalmente contra esse tipo de coisa. Sempre serei contra isso. Leonardo
O músico afirmou que não sabia das condições em que um arrendatário da Fazenda Lakanka mantinha seus funcionários. A Fazenda Lakanka é anexa à Fazenda Talismã. "Surgiu um funcionário nessa fazenda que arrendei, que não conheço, nunca vi. [...] Eu não conheço quem estava naquelas 'casinhas', quem os colocou lá."
Ele defendeu que o caso foi arquivado, e a multa em seu nome, paga. "Foi lavrada uma multa para mim, que sou proprietário da fazenda, mas não da Fazenda Talismã, mas da Fazenda Lakanka, que arrendei para ser plantada a soja. Até aí, a gente respeita o Ministério Público, mas essa multa foi acertada, inclusive já tá tudo arquivado."
Inclusão na lista suja
Leonardo foi incluído na atualização da "lista suja" do trabalho escravo nesta segunda-feira (7). O cadastro mantido pelo Ministério do Trabalho e Emprego torna públicos os nomes de pessoas responsabilizadas pelo crime pelo governo federal, após operações de resgate de trabalhadores.
Em 2023, uma fiscalização encontrou seis pessoas em condições degradantes e outras trabalhando "na mais completa informalidade" na Fazenda Lakanka. Ainda que a fazenda tenha sido arrendada para um terceiro, segundo a fiscalização, a limpeza e preparação do local seriam responsabilidades do cantor. Com base nisso que Leonardo foi identificado como empregador.
Paulo Vaz, advogado de Leonardo, reiterou que a responsabilidade era do arrendatário do local. "Tratava-se de uma área arrendada, que todas essas pessoas tiveram as indenizações pagas e os processos se encontram arquivados", disse, à Repórter Brasil.
*Com informações de Estadão Conteúdo