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Repatriados do Líbano pedem cessar-fogo e acusam Israel de terrorismo

6.set.2024 - Presidente Lula abraça Rami Rkein, um dos repatriados do Líbano em voo da FAB, na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos - Ricardo Stuckert / Presidência
6.set.2024 - Presidente Lula abraça Rami Rkein, um dos repatriados do Líbano em voo da FAB, na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos Imagem: Ricardo Stuckert / Presidência
do UOL

Do UOL, em São Paulo

06/10/2024 17h55

A investida terrestre do exército israelense contra líderes do Hezbollah fez com que cerca de 3.000 brasileiros solicitassem ajuda do governo brasileiro para retornar ao país. O primeiro voo de repatriação, da chamada "Operação Raízes do Cedro", realizada pelo governo federal em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB), chegou a Guarulhos (SP) na manhã deste domingo (6), com 229 brasileiros, sendo 10 crianças, além de três animais de estimação.

O empresário Rami Rkein, brasileiro naturalizado, protagonizou um dos momentos mais emocionantes na chegada ao país. Assim que desembarcou no avião da FAB, Rkein chorou ao abraçar o Lula. Na sequência, agachou-se e acenou aos céus. O empresário viajou do Recife para resgatar os pais no Líbano com o aumento das tensões. Ele relata ter perdido familiares no conflito e chamou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de terrorista e genocida.

Segundo ele, o governo israelense é "covarde", pois avisa sobre os ataques aos vilarejos do Líbano pela madrugada e dá pouco tempo para dispersão nas zonas de conflito. "O povo está dormindo à noite, pela madrugada, e de repente vem o covarde do porta-voz de Israel, mostra um mapa com alvos em vermelho e dá 15 minutos para o povo sair. Depois, bombardeiam tudo e o povo precisa sair de casa com a roupa do corpo", afirma.

Ele complementa chamando Netanyahu de "terrorista". "Para que todo mundo saiba: Netanyahu é terrorista, genocida e covarde", bradou. "Eles são covardes e terroristas. É uma covardia dizer que tem bombas e armamentos embaixo de escolas e hospitais. Se ele acha que nesses lugares têm bombas, salve as crianças, as pessoas com deficiência, os idosos e as mulheres desses lugares antes de bombardear, mas não fazem isso... O mundo inteiro está vendo o que está acontecendo."

Cerca de 3.000 brasileiros manifestaram o desejo de retornar ao país em meio à invasão terrestre do exército israelense no Líbano. A tendência é que o Brasil reintegre cerca de 500 pessoas por semana.

O estudante Karim Halawi, de 21 anos, disse estava passando férias com o avô no sul do Líbano, lugar mais castigado pela ofensiva israelense, quando se deparou com ruídos de bombas e destroços. Partiu então para Beirute, capital do Líbano, em busca de segurança. "Assim que cheguei a Beirute, a guerra chegou na capital. Eu não imaginava que isso iria acontecer. Achei que a ofensiva seria só no sul mesmo", disse. "Quando eu descobri que conseguiria voltar para o Brasil, comecei a pular de felicidade em casa. Agora, eu estou abraçando a minha irmã, que estava no Brasil, a cada segundo."

Salim Kazem Kalaoun abraça Lula após chegar ao Brasil em voo de repatriados do Líbano - Ricardo Stuckert/Presidência - Ricardo Stuckert/Presidência
Salim Kazem Kalaoun abraça Lula após chegar ao Brasil em voo de repatriados do Líbano
Imagem: Ricardo Stuckert/Presidência

O empresário Salim Kazem Kalaoun, de 76 anos, nasceu no Líbano, mas chegou no Brasil aos três anos - segundo ele, contrabandeado. Ele pediu a paz entre os povos da região e acusou Israel de acirrar os ânimos contra os árabes. "Se todos os envolvidos não se sentarem e negociarem um cessar-fogo permanente, e não um temporário, uma guerra de grandes proporções poderá acontecer", afirmou. Ele também foi ao Líbano se encontrar com familiares em meio à escalada das tensões na região.

O avião KC-30 da Aeronáutica já retornou à Lisboa, capital de Portugal, e deve seguir rumo ao Líbano na próxima terça-feira para um segundo resgate de brasileiros.

Lula: 'Israel mata inocentes, mulheres e crianças'

Ao receber os primeiros brasileiros repatriados do Líbano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não poupou críticas à Netanyahu.

Em um discurso breve, mas inflado e com gritos de apoio dos repatriados, Lula afirmou que o governo de Netanyahu mata "inocentes, mulheres e crianças" e que não tem "nenhum respeito pela vida humana".

"O Brasil não deseja a guerra. A guerra só destrói. O que constrói é a paz", disse Lula. "Nós temos uma posição muito dura contra o governo de Israel matando inocentes, mulheres e crianças sem nenhum respeito pela vida humana. É a forma que Netanyahu encontrou para ficar no poder. É se vingar dos palestinos", complementou.

O presidente da República também disse que a guerra faz com que os países percam vidas, escolas e hospitais. "Eu já fui ao Líbano e a Beirute. É uma cidade maravilhosa, com um povo extraordinário", disse. "A vítima não é quem faz a guerra, é o povo inocente que não quer guerra. São as mulheres e nossas crianças."

"Enquanto tiver um companheiro seja brasileiro ou parente de brasileiros no Líbano que quiser vir para o Brasil, a gente vai buscar ele porque nós não deixamos ninguém para trás. Nós vamos tentar trazer todos aqueles que quiserem vir", afirmou Lula.

A primeira-dama Janja Silva também aproveitou a oportunidade para discursar. Ela direcionou sua fala "aos homens do mundo" e pediu que "parem de matar nossas mulheres e crianças". "O mundo precisa de paz. Nós não precisamos de bombas e mais mortes", concluiu.

Vocês sabem que nós temos uma posição muito dura contra o ato do Hamas em Tel Aviv, mas nós temos uma posição muito dura contra o comportamento do governo de Israel matando inocentes, matando mulheres, matando crianças sem nenhum respeito pela vida humana.
Presidente Lula, ao receber repatriados

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