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Filipe Bragança vive Amyr Klink sob olhar do navegador: 'Ficou emocionado'

do UOL

De Splash, em São Paulo

05/10/2024 05h30

O relato de Amyr Klink sobre sua travessia histórica do Oceano Atlântico virou filme: "100 Dias", dirigido por Carlos Saldanha e com previsão de estrear nos cinemas em 2025.

Em agosto, Splash esteve em um dos sets de gravação em Osasco (na Grande SP) e conversou com Filipe Bragança, que interpreta o navegador na obra.

Filipe foi escolhido para o papel após uma série de testes, e afirma que Klink não deu pitaco em sua escolha. "Ele ficou muito feliz e empolgado com a minha escalação. Eu me sinto muito realizado por isso. [...] Eu desejei muito [esse papel], pedi muito para o Universo. [Quando a] Marcela Altberg [produtora de elenco], me deu a notícia, eu fiquei muito feliz. Por acaso, eu tinha acabado de comprar um vinho branco no mercado quando ela ligou. Aí, eu abri o vinho e bebi com muita alegria e muita realização", conta.

Klink acompanhou parte das gravações do filme e, segundo Filipe, ficou emocionado com o que viu. "Ele é um cara muito recluso, tímido. Ele fala pouco e eu acho que isso reflete também na postura dele quando acompanha o set. [...] Nas vezes em que ele acompanhou, eu percebi ele muito emocionado, muito feliz com o que ele estava assistindo, muito satisfeito."

Eu tive poucas oportunidades de falar com ele no set, mas pude perceber que ele estava muito feliz com o que estava assistindo. E ele não dá pitaco, não. Pelo contrário, assiste com muito bom humor e fica, por vezes, admirado. Ele comentou comigo: 'Nossa, é muito grande, é muita gente trabalhando. Essa é a magia do cinema, você precisa de muita gente para fazer algo muito simples. E ele percebeu essa beleza. Filipe Bragança

O papel exigiu dieta e uma rotina de exercícios intensa, já que o navegador passou meses remando em alto-mar com uma dieta restrita. "Fiz uma dieta bastante rígida com uma rotina de ir para a academia e correr. Eu corri muito ainda, continuo correndo muito. [...] Fiz aula de remo também, duas aulas de remo por semana na raia da USP. Com a preparação, os ensaios, as leituras de roteiro e a dieta, a minha vida inteira se transformou por causa desse papel."

Filipe Bragança interpretará Amyr Klink em "100 Dias" - Divulgação - Divulgação
Filipe Bragança interpretará Amyr Klink em "100 Dias"
Imagem: Divulgação

A rotina disciplinada de preparação física também fez com que Filipe, "involuntariamente", experimentasse um pouco de solidão antes de interpretar Klink. "A dieta, as aulas de remo, os ensaios, tudo isso me deixava muito cansado e me limitava. Eu não podia sair e tomar uma cerveja, não podia sair e comer uma pizza com os meus amigos. Acabava ficando muito em casa. Então, pelos últimos três meses de preparação, antes de começar a filmar, eu comecei a viver uma vida muito reclusa, eu quase não encontrava ninguém. Eu praticamente só encontrava minha família uma vez por semana ali", conta.

Eu me percebi encontrando uma solidão, que logo se transformou em uma solidão prazerosa. Então, encontrei a solitude. Acho que é parte do que o Amyr passa. Involuntariamente, por causa do preparo físico, eu meio que visitei esse preparo mental, psicológico, emocional para o personagem. Filipe Bragança

Para o ator, a história de Amyr Klink é "inspiradora". "[A travessia] exige muita coragem e muita clareza emocional. Sobretudo, não é só uma jornada física, mas uma jornada interior. Passar cem dias sozinho num oceano, que talvez seja o que há de mais ameaçador pro ser humano e o que há de mais desconhecido... Remando contra um oceano, contra tempestades, contra baleias e tubarões e todas as adversidades que um ambiente como esse oferece...", avalia.

É muito inspirador e mostra a coragem desse cara. O filme traz a delicadeza de como uma jornada como essa não só é uma aventura, mas é também uma travessia do próprio eu, do seu próprio emocional e como isso transforma qualquer um e como transformou o Amyr. Eu espero que as pessoas que assistam ao filme se sintam inspiradas por isso. Filipe Bragança

"100 Dias" levou cerca de quatro meses para ser filmado, e não foi feito inteiramente no mar. A maioria das cenas de Klink na embarcação foram gravadas em um galpão em Cotia (na Grande SP), onde uma réplica do IAT era balançada manualmente sobre uma estrutura metálica de acordo com as ordens da direção. Além de Cotia, o longa-metragem foi gravado em Paraty (RJ), Santos e Bertioga (no litoral paulista), e São Paulo (SP).

Para Filipe, esse foi um dos grandes desafios do trabalho: se imaginar no mar, enquanto estava em um galpão. "É um exercício de imaginação pra mim. Preciso imaginar que eu estou no mar, que eu estou sozinho no oceano. [...] Muitos filmes de Hollywood fazem isso também, como 'As Aventuras de Pi', que foi filmado em tela verde."