'Conchinha no trisal é melhor': eles buscaram 3ª pessoa na internet
Juntos há mais de 20 anos, Erick Lucas, 43, e Regislene Carvalho, 40, começaram a sentir falta de algo —ou melhor, de alguém. Nos últimos dois anos, o bancário e a psicóloga resolveram buscar uma terceira pessoa para complementar a relação.
Desde então, os dois tiveram alguns casinhos e até um namoro sério que durou cerca de um ano.
Mas, cansados dos encontros casuais, Erick e Regislane, que moram em Aparecida de Goiânia (GO), foram atrás da terceira pessoa de maneira inusitada. Um trisal, de quem são amigos, resolveu "divulgá-los" nas redes sociais, informando que os dois estavam procurando uma mulher para completar o casal.
Recebemos pretendentes do Brasil inteiro, mas fomos filtrando porque muita gente só queria conversada fiada e falar de sexo. Logo vimos que não era nada sério e já descartamos.
Erick Lucas
'Hoje estamos completos'
Os dois também receberam muito hates e questionamentos sobre a escolha envolver apenas mulheres —dando a entender que Erick teria mais "benefícios". Mas a explicação deles é que Lena, apelido de Regislene, é bissexual e teria preferência por uma parceira.
O que eles não sabiam é que essa busca acabaria rapidamente.
A auxiliar administrativa Hassana Azanki, 21, já tinha tido um encontro com os dois e, quando seguiu o perfil de Erick e Regislene nas redes —sabendo do desejo de formar um trisal— resolveu reforçar o interesse.
Depois disso, a procura do casal acabou e, ao lado de Hassana, eles encontraram o encaixe perfeito. "Hoje, estamos completos", diz Erick.
Cama adaptada para três
Regislene conta que, quando acordou ao lado de Hassana e ela quis o "algo a mais", o match foi imediato.
Isso realmente nos encantou. Foi muito bom acordar de conchinha.
Regislene Carvalho
Aliás, a cama já é maior para que as três pessoas caibam nela. Erick garante que sobra até espaço. "Dormimos de conchinha, que é ainda melhor com três pessoas."
Quando um está brigado com o outro, é só virar para o lado e abraçar a outra pessoa. Agora, se os três estão brigados, quem está no meio dorme olhando para cima.
Hassana
Hassana atualmente mudou o status para noiva em um mês de relacionamento com Erick e Regislene.
É ela, inclusive, que se considera a "mediadora" do trisal: quando acontece alguma briga ou discussão, é Hassana que tenta acalmar os ânimos.
São brigas de 21 anos e a falta de paciência de 21 anos. É bom que a gente tenha uma mediadora. Mas não é à toa que eu e a Lena estamos juntos há tanto tempo, mesmo sem uma mediadora. Sabemos que a gente se ama e não adianta ficar brigando por muito tempo.
Erick Lucas
'É a mesma coisa que um casal'
Apesar das constantes dúvidas sobre o status de relacionamento entre os três, Erick explica que é um relacionamento poliamoroso fechado: "Somos nós três sem ninguém de fora. Não vamos para casa de swing. É algo totalmente comum e sério: os três chegam do trabalho e vamos dormir juntinhos", diz o bancário.
Essa sempre foi a definição antes mesmo de ser um trisal: os dois sempre curtiram ménage, juntos. Nunca separados.
Com exceção de uma terceira pessoa, o trisal explica que não há diferença alguma para um casal "convencional". Para eles, é a mesma rotina: dormem e acordam juntos, vão trabalhar, se encontram na academia, saem e passam o tempo juntos —principalmente agora que Hassana basicamente foi morar com eles, mesmo tendo a própria casa.
É a mesma coisa que um casal: as mesmas regras, obrigações e respeito.
Hassana Azanki
Regislene conta que muitas pessoas pensam que a relação de um trisal tende a ser algo "promíscuo", de que é uma "grande bagunça".
É um pensamento muito maldoso. Parece que a gente fica o dia todo andando pela casa pelado. Mas, calma, gente. Nós temos nossa filha em casa, a gente se respeita.
Regislene Carvalho
Formação do trisal e ruídos na família
Regislene e Erick têm uma filha de 16 anos que vive na mesma casa, então, para eles, é uma adaptação. Hassana também tem um filho mais novo que deve morar com o trisal em breve.
Nossa filha, a Amanda, teve uma atitude melhor do que a de muitos adultos. Ela só perguntou se estávamos felizes assim, e falamos que sim. Ela disse: 'então, está ótimo'. É uma reação muito melhor do que a de nossos pais. É uma geração mais preparada.
Erick Lucas
A reação dos parentes nem sempre é tão positiva assim como ocorreu com a filha deles. Lena, por exemplo, conta que a família dela não aceita tanto quando a de Erick e de Hassana.
O desconforto dos familiares surgiu principalmente depois da repercussão da procura pela terceira pessoa nas redes sociais. "Causou um ruído", conta a psicóloga.
Mas a gente preferiu se afastar das pessoas a nos machucar, porque tem de ter respeito. Se não existe isso, preferimos tirar nosso time de campo.
Regislene Carvalho
Intensidade é o sobrenome deles
Erick e Lena começaram a namorar assim que se conheceram, em três meses noivaram e, em seis, se casaram. "Intensidade não é algo que nos assusta, não é algo novo. Tempo não é importante, mas, sim, a intensidade", diz o bancário.
Hassana concorda. Segundo ela, em menos de um mês juntos, a sensação é de que já se conhecem há muito mais tempo. "É como se a gente se conhecesse há 10, 15 anos. Temos uma conexão linda e muito forte. É inexplicável."
