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'O Dia Que Te Conheci' celebra BH, hip-hop e amores cotidianos: 'Manifesto'

Renato Novaes e Grace Passô protagonizam o filme "O Dia que te Conheci" - Divulgação
Renato Novaes e Grace Passô protagonizam o filme "O Dia que te Conheci" Imagem: Divulgação
do UOL

De Splash, em São Paulo

26/09/2024 05h30

A comédia romântica "O Dia Que Te Conheci" estreia nos cinemas nesta quinta-feira (26). Estrelado por Renato Novaes e Grace Passô e dirigido por André Novais Oliveira, irmão mais novo do protagonista, o filme se passa em Belo Horizonte e mostra o desenrolar de um romance marcado por acontecimentos do cotidiano.

Zeca é um bibliotecário que, por mais que tente, não consegue acordar na hora para ir trabalhar. Luísa trabalha na mesma escola que ele e, ao demiti-lo, oferece uma carona. Entre o trânsito da tarde, desabafos e uma cervejinha sem compromisso, eles acabam se interessando um pelo outro.

Em entrevista a Splash, André e Renato falaram sobre a história e o processo de produção do filme.

Os irmãos trabalham juntos desde "Ela Volta na Quinta", lançado em 2014, o que chamam de um "processo natural". "Para mim, é muito mais fácil trabalhar com meu irmão. A gente se conhece há muito tempo, claro, ele me conhece, sabe o que consigo fazer e o que não consigo. Me incentiva bastante. Essa interação contribui bastante para a gente alcançar o que pretende fazer em set", conta Renato.

André já morou na casa em que Zeca mora no filme, reforçando o caráter "familiar" do filme. "Tem essa coisa de pensar nos espaços de forma mais ampla, entender os detalhes da casa, com a intervenção da direção de arte da Esther Az. Aproveitamos a casa do jeito que estava, sem muitas intervenções. Coisas que já achávamos bonitas dentro da casa e que tinham a ver com nosso olhar para o cotidiano. Tem isso de conhecer o ambiente e gostar muito dos lugares que a gente filmou", diz André.

O longa-metragem também mostra espaços pouco retratados em Belo Horizonte, marca registrada da produtora Filmes de Plástico. "É uma espécie de manifesto olhar para esse lugar também. [...] Principalmente o ponto de encontro dos dois, o viaduto Santa Tereza, é muito importante para nós como espaço de ocupação. Desde 2013 até mais ou menos 2017, acontecia ali o duelo de MCs com o encontro da cultura hip-hop, que em determinado momento foi considerado o maior encontro de duelo de MCs do mundo, reunindo 5.000, 10 mil pessoas", explica Renato.

É importante filmar esses locais quando você acredita nisso, tem essa identificação. O trunfo da filmografia da Filmes de Plástico também é mostrar esses locais que normalmente as pessoas não conhecem. É uma Minas Gerais que não é retratada no cinema. Renato Novaes

O rap e o hip-hop, aliás, atravessam todo o filme, com referências na trilha sonora e até uma participação do músico FBC. Além de alimentar a construção dos dois personagens, a presença do hip-hop é uma homenagem às origens de André e Renato. "Nós somos bem moldados por tudo que aprendeu na adolescência da cultura hip-hop. É uma coisa que direcionou a gente. Acho que é uma forma de fazer uma homenagem, reconhecer o quanto isso foi importante para nós", diz Renato.

Questionados sobre a representatividade do filme, que traz dois protagonistas negros em lugares pouco explorados de Belo Horizonte, André e Renato dizem que a questão é apresentada no filme de forma natural. "Estão ali retratadas duas pessoas, dois corpos, e eu acho que quando uma coisa torna-se natural, não precisa anunciar. Fica mais orgânico", avalia Renato.

É algo que surge no roteiro e na escolha do elenco, mas não era uma questão que a gente discutia no set. Colocar como pauta alguma coisa que aparentemente poderia ser forçada no filme. Dentro do filme, acho que isso está dando uma forma muito natural e era a intenção, que fosse natural. Nós trabalhamos com isso, mas também não pesa a mão. André Novais Oliveira

Outra questão trazida pelo filme é a da saúde mental, já que um dos assuntos em comum entre Luísa e Zeca são os remédios psiquiátricos que tomam. "Tem uma coisa autobiográfica de pensar em uma certa experiência com uso de remédios, psicólogos, psiquiatras. Vem do desejo também de falar disso de uma forma mais leve. Esse papo dos dois, acho que as pessoas se identificam muito. Essa parada de pensar que depois da pandemia, muita gente começou a tomar remédio", afirma André.

Apesar de interpretar uma pessoa bastante "comum", Renato diz que o papel exigiu tanto preparo quanto outros que já viveu. "Eu me preparei bastante, porque estou sendo dirigido pelo meu irmão mais novo, então em nenhum momento gostaria de levar esporro do meu irmão mais novo. [risos] É natural, mas ao mesmo tempo é um 'trampo'. Tem esse lado da preocupação, da dedicação, de entender o que tenho que fazer, estudar, decorar. [...] Tem improviso, mas é pouco, 90% do filme é roteiro", diz Renato.

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