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Mapa mais antigo do mundo é decifrado e aponta onde estaria a arca de Noé

Imago Mundi Imagem: Reprodução/Museu Britânico

Colaboração para Nossa

14/09/2024 05h30

O Imago Mundi — uma placa de argila babilônia do século 9 a.C. que é conhecida como o "mapa do mundo mais antigo da História" — foi finalmente decifrado após quase um século e meio. E o que ele revela seria a localização de uma construção que conhecemos da Bíblia: a arca de Noé.

A revelação foi feita pelo assiriologista britânico Irving Finkel, curador do Museu Britânico, que o detém em seu acervo desde 1882 e onde o mapa pode ser visto pelo público. Em um vídeo divulgado pela instituição no último mês, o especialista explica que durante mais de um século era impossível entender todas as instruções em escrita cuneiforme na placa por causa de um pedaço que estava faltando.

Imago Mundi Imagem: Reprodução/Museu Britânico

Em 1995, a aluna de Finkel e voluntária do museu Edith Horsley localizou no depósito da instituição uma peça que havia sido escavada junto com o mapa. Ao estudarem a peça, ambos concluíram que se tratava da porção perdida do Imago Mundi e, desde então, Finkel trabalhava para dar sentido à nova imagem conhecida.

"Você tem encapsulado neste diagrama circular o mundo todo conhecido no qual as pessoas viviam, prosperaram e morreram. No entanto, há mais [retratado] neste mapa. Quando diz respeito a operar fora dos limites do mundo conhecido e entrar no mundo da imaginação, a placa é indispensável", comentou o estudioso no vídeo.

Finkel explica que o mapa em perspectiva aérea não possui apenas o diagrama, mas uma espécie de legenda em seu verso, que descreve cada localidade. Juntas, as descrições formam um relato — a Mesopotâmia (hoje território do Iraque) com suas diferentes cidades e tribos está ao centro, cortada pelo rio Eufrates — enquanto às margens de um rio "amargo" que circunda a área encontrariam-se montanhas.

Estas montanhas guardariam um mundo mágico, fora dos limites explorados pelos babilônios, segundo suas inscrições que as relatam como a morada de míticas criaturas. Mas o mais importante detalhe, até então inédito, era a citação a uma embarcação "parsiktu". A palavra, segundo Finkel, só aparece uma única vez em outro texto babilônio, a "Tábua da Arca", que narra as aventuras de Ziusudra — o Noé dos babilônios.

Segundo esta outra relíquia, que também já foi estudada pelo curador, a arca teria sido construída por volta do ano 1800 a.C. para superar uma grande enchente que destruiu o mundo por ordem divina. A narrativa ainda aponta que, após salvar os casais de animais e humanos, a embarcação ficou presa em uma montanha chamada Urartu — e o Imago Mundi oferece instruções de como chegar lá.

Finkel ainda nota que o texto em hebraico que foi parar na Bíblia relata que a arca de Noé ficou presa após o dilúvio em uma montanha, chamada Ararat. Para o estudioso, não há coincidências: ambos os termos quase idênticos se referem à mesma montanha. "Esta é uma ideia bastante substancial e muito interessante de se pensar porque mostra que a história é a mesma, e, claro, uma coisa levou à outra", acredita o pesquisador.

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