Pinguim 'atacou' Jean Reno nas gravações de filme no Brasil: 'Tirou sangue'
Baseado em uma história real, "Meu Amigo Pinguim" chega aos cinemas nesta quinta-feira (12) e traz a emocionante história do pescador brasileiro João, que salvou um pinguim e criou uma amizade verdadeira com o animal.
O protagonista é vivido pelo renomado Jean Reno ("O Profissional"), que chegou ao país três semanas antes do início das gravações para se familiarizar com os pinguins que seriam usados no filme. "Ele pegou o pinguim de um jeito errado, e o pinguim deu uma picada na mão dele e tirou sangue. O animal ficou olhando para a cara do Jean como quem diz: 'Me respeita. E daí que é o Jean Reno?'", contou o diretor David Schurmann a Splash. "No final, ele já estava super acostumado com os pinguins, e eles com ele."
A Splash, Jean Reno falou sobre a situação, mas não tem nenhuma mágoa pelo machucado; ao contrário: reconhece sua culpa. "Eu queria que ele se acostumasse com o meu cheiro e comigo. E aprendi muito rapidamente que você não pode levanta-os do chão, como se fossem um cachorro ou um gato. Eles gostam de ser levados, mas pode pressionar o bico, e deve ser devagar, muito devagar. Senão, se você for bruto e rápido, eles te pegarão com o bico. Então, eu tive algumas feridas, mas tudo bem."
Aprendi como eles eram, sendo muito inteligentes e também mais durões do que pensamos. Hoje, eu gosto deles mais do que quando comecei a fazer o filme.
Jean Reno
Trabalhar com os pinguins foi uma preocupação de Schurmann, que é fundador da Vozes do Oceano, um instituto apoiado pela ONU, que conscientiza sobre plástico nos oceanos e clima, em terra e mar. "Não sou a favor de colocar bicho para trabalhar como se fosse circo, muito menos animais marinhos. Comecei a pesquisar e o Aquário de Ubatuba [no litoral paulista] tinha uns dez pinguins que não podiam voltar para o mar, sendo pinguins resgatados, com um problema na asa, na perna e tal, que não podem voltar para o mar."
Foi usado um biólogo de vida marinha para lidar com os animais. "Conheci o Fabián Gabelli, um mestre, uma pessoa que não faz treinamento de animais; ele fala como eles e tem uma paixão por bichos que é de outro planeta. Ele falou conseguiríamos fazer 80% do filme com um pinguim real, pelos pinguins serem inteligentes."
A produção fez uma escalação de pinguins para o papel. "Cada cena é um pinguim com personalidade diferente. Maui, é um pinguim que fica quietinho. Teodoro é um pinguim que sai correndo, e por aí vai."
Algumas regras precisavam ser seguidas pelo bem-estar dos animais. "Só podiam trabalhar até as 15h, porque pinguim só funciona de manhã e no começo da tarde, porque eles, no seu instinto, são animais matutinos, e às 15h eles param. Então, pode falar com o Jean Reno, para todo mundo, que a prioridade é o pinguim, depois o resto."
Acho isso muito bonito, porque a gente sabe: o pinguim não liga se é o Jean Reno ou se é outro ator.
David Schurmann
Ao fim das gravações, o diretor avalia que os animais gostaram bastante da maneira como foram tratados. "Para medir o estresse do animal como o pinguim, você pesa ele de manhã e pesa ele no fim do dia. Se ele não está perdendo peso, significa que ele está feliz, porque o estresse faz eles perderem peso. E eles estavam cada vez com mais um pouquinho de peso", explica.
Jean Reno revela até mesmo sentir falta da companhia dos pinguins. "Toda vez que faço um filme, para o cinema ou televisão, gosto de pessoas e de animais da equipe, mas tenho que ir embora. Mas, confesso: eu gostaria de ver um deles entrando na minha sala agora", contou o ator.
História brasileira, filme americano
Mesmo se tratando de algo que aconteceu no Brasil, o longa é americano, mas conta com direção do brasileiro David Schurmann, de "Pequeno Segredo". "Muita gente acha que levei o filme para os Estados Unidos, mas foi o contrário. Os americanos vieram me convidar para dirigir essa história."
Devido a incentivos fiscais, os produtores de "Meu Amigo Pinguim" queria filmar na Espanha, mas o diretor foi firme em sua decisão. "A história aconteceu em Ilha Grande, no Rio. Eu me neguei a fazer em qualquer outro lugar", afirma.