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Grupo ajuda no ménage com afeto: 'Sexo casual não precisa ser sem carinho'

Grupo reúne mulheres dispostas a ménage que também querem algo a mais - Getty Images/iStockphoto
Grupo reúne mulheres dispostas a ménage que também querem algo a mais Imagem: Getty Images/iStockphoto
do UOL

Martina Colafemina

Colaboração para Universa

08/09/2024 05h30

Quem entra no grupo Tríade Feminina, que reúne cerca de 3 mil membros no Facebook, vê principalmente publicações de mulheres (em sua maioria heterossexuais) que procuram por uma terceira para um ménage.

Ao rolar um pouco mais a tela, percebe-se que elas também buscam por amizade ou conselhos e acolhimento para suas questões. A fundadora do espaço, a publicitária carioca Carol*, de 27 anos, diz que não esperava que tantas mulheres se juntassem a ela e nem que o grupo fosse misto.

Tudo começou quando ela frequentava outro grupo, o Share Your Sex, onde trocava experiências e dicas sobre sexo.

Tinha vários comentários ali perguntando se não havia um lugar específico para falar sobre ménage. As pessoas falavam em criar, mas ninguém tomava atitude. Depois de ver vários posts com esse mesmo comportamento, fui lá e criei, coloquei o link nos comentários. Desde o começo, minha ideia era que fosse um grupo só para elas.
Carol, fundadora do Tríade Feminina

O grupo cresceu no poder do boca a boca, de acordo com Carol. "Foram amigas comentando com outras amigas sobre o grupo ou quando alguém perguntava se existia algum espaço em que pudessem procurar parceiras para uma relação a três."

Foi assim que a paulistana Lúcia*, de 27 anos, que era muito ativa nas publicações, se tornou administradora e hoje também cuida do coletivo.

Daí para frente, elas viram as histórias acontecerem.

'Cruzamos as barreiras'

Em um dos posts, um casal de meninas publica um agradecimento. Elas contam que se conheceram ali, marcaram um encontro em um parque e tiveram conversas profundas ao pôr-do-sol. Identificaram-se e estão juntas há três anos.

"Meu coração fica aquecido de ver esses relatos. Elas criaram uma relação sólida e não deixaram de se abrir para outras pessoas. Aí compartilharam conosco o quanto foi especial aquilo que viveram a partir do grupo", diz Carol.

"O grupo cruzou essa barreira de um espaço para buscar parcerias sexuais", completa Lúcia.

O espaço também sempre foi livre para debates e para falar sobre tabus. Não acontece com tanta frequência quanto os posts para procurar sexo casual, segundo as administradoras, mas as integrantes procuram conhecer pessoas, companhia para alguma atividade ou dividem dúvidas e questões sobre seus relacionamentos.

Carol conta que ela mesma fez amizades que a marcaram com a ajuda do grupo.

"Teve uma amiga que veio até minha cidade, fiz amizade com ela e o marido e foi incrível. Depois, viajei com ele porque a gente tinha afinidades em comum. Nós gostamos de trilha e viagens de aventura e ela é mais quietinha, gosta de conforto. Em que outro cenário isso seria comum?"

Ela diz amar ver quando meninas relatam suas primeiras experiências com o sexo a três, principalmente quando elas contam que dividiram intimidades: dormiram juntas ou tomaram café da manhã.

É maravilhoso ver que, onde existe mulher com mulher, existe um carinho extra. Nessas horas, reforçamos a ideia de que relação casual não precisa ser sem cuidado e carinho.
Carol

'Ménage não salva casamento'

O Tríade funciona como um aplicativo para quem busca por sexo? Não.

"Em relações heterossexuais, sexo casual é o que mais tem, se encontra com muita facilidade. Quando vamos para relações entre mulheres, o processo pode ser um pouco mais lento se comparado a héteros ou a homens gays. Eu sinceramente espero que a gente nunca tenha um aplicativo igual a um Grindr, porque não considero positivo imitar os homens em certos aspectos", explica Carol.

Na visão dela, o grupo busca que as pessoas se aproximem antes de transar.

Independentemente de ser casual, queremos educar as pessoas para que elas busquem se apresentar, se conhecer. Ali você encontra pessoas com os mesmos interesses que os seus e isso pode, sim, ajudar no processo de encontrar um sexo muito bom, sem necessariamente estar em um compromisso.
Carol, fundadora do grupo

Um dos textos fixados por elas no grupo esclarece que viver relações a três não deve ser encarado como um simples ato para apimentar a transa, já que isso torna a experiência muito focada no casal.

"Batemos na tecla de que, apesar de estar casada, namorando, noiva ou ficando, sempre serão pessoas diferentes e com suas individualidades, conhecendo umas às outras. Ménage não salva casamento", diz Carol.

Lúcia acrescenta que sempre reforçam que a terceira pessoa não está ali para satisfazer o casal. "Não é um 2+1 em que essa pessoa vai satisfazer os outros e ir embora. É uma relação na qual três pessoas diferentes têm desejos, interesses e histórias diferentes que devem ser acolhidas antes de qualquer interação sexual."

*Nomes fictícios a pedido das entrevistadas

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