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De poesia brasileira a fofocas reais: 5 dicas de livros para seu domingo

Cida Pedrosa, Tina Brown e Bruna Maia estão entre as autoras indicadas da semana - Divulgação
Cida Pedrosa, Tina Brown e Bruna Maia estão entre as autoras indicadas da semana Imagem: Divulgação
do UOL

De Splash, em São Paulo

01/09/2024 05h30

O domingo chegou com mais cinco dicas de livros para começar bem a semana. O colunista Rodrigo Casarin e as repórteres Luiza Stevanatto e Fernanda Talarico, de Splash, trazem sugestões que vão da poesia brasileira premiada de Cida Pedrosa a boas fofocas sobre a família real britânica.

Há também boas histórias para todos os gostos: narrativas sobre relacionamentos tóxicos, crônicas transgressoras e uma HQ sobre um autor que "caiu de paraquedas" na Guerra da Síria.

"Solo Para Vialejo", de Cida Pedrosa (CEPE)

Rodrigo Casarin - Um olhar crítico para a história do Brasil e para toda a brutalidade que nos acompanha desde sempre. Também um registro da juventude e da paixão pela música, pelo jazz, pelo rock, pela vida. Tudo isso colocado numa poesia bastante livre e original, num livro que é uma espécie de poema de formação do país.

Pode ter surpreendido muita gente, mas não foi por mero acaso que "Solo Para Vialejo" levou o Jabuti de 2020 tanto na categoria Poesia quanto Livro do Ano, desbancando, dentre outros, "Torto Arado". Entre porradas e celebrações, é um grande momento da obra de Cida Pedrosa, poeta que vê a alegria como uma arma revolucionária.

"Os arquivos do palácio: a verdade e a voragem", de Tina Brown (Companhia das Letras, tradução de Berilo Vargas e Denise Bottmann)

Luiza Stevanatto - Indicadíssimo para qualquer um que tenha o mínimo interesse na família real britânica. Tina Brown, pioneira do jornalismo de celebridades que foi editora-chefe de revistas como a Vanity Fair e The New Yorker, lança mão de suas fontes para contar boas histórias sobre a realeza. O livro faz um belo apanhado do que aconteceu no Palácio de Buckingham e adjacências entre a morte da princesa Diana e a morte da rainha Elizabeth 2ª.

São quase três décadas de altos e baixos da família real e tem de tudo: a queda e ascensão de Camilla Parker Bowles, o romance de William e Kate, as controvérsias do príncipe Andrew, o bombástico Megxit, quando Harry e Meghan decidiram deixar suas funções na realeza para trás, a fortaleza de Elizabeth 2ª em meio às instabilidades da família e muitas outras fofocas e bastidores espalhadas em mais de 500 páginas. O melhor de tudo? Sem "puxação de saco", como muitas biografias da família real que vemos por aí. Muito bom!

"Poco Hombre - Escritos de uma Bicha Terceiro-Mundista", de Pedro Lemebel (Zahar, organização de Ignacio Echevarría e tradução de Mariana Sanchez)

Rodrigo Casarin - Um dos principais nomes da literatura chilena das últimas décadas, Pedro Lemebel escancarava seu caráter militante. Costumava se identificar como bicha louca ou travesti e via na literatura um caminho para travar suas lutas em meio à ditadura de Pinochet e numa época em que a AIDS atemorizava o mundo.

Essa coleção de crônicas - na falta de definição melhor - reúne textos escritos ao longo de mais de 20 anos, levados ao público por diferentes caminhos e reunidos em diversos outros livros. A obra apresenta ao leitor um Lemebel ácido, mordaz, cheio de desconfianças. Morto em 2015 aos 62 anos, era um artista de olhar nada condescendente, que sabia bombardear trincheiras alheias, mas também apontar as contradições e hipocrisias de seus aliados.

"Com todo o meu rancor", de Bruna Maia (Rocco)

Fernanda Talarico - Indico para todas as mulheres que já passaram por tudo. Relacionamentos, amores, términos, decepções. Esse livro é catártico. Você quer entrar nele, abraçar a protagonista e pedir mais.

"Kobane Calling - Ou Como Fui Parar no Meio da Guerra da Síria", de Zerocalcare (Nemo, tradução de Fernando Scheibe)

Rodrigo Casarin - Um quadrinista italiano ruma para a Síria para tentar entender a guerra que assolava o país. A partir disso, constrói uma HQ improvável, uma mistura bem resolvida de momentos dramáticos inerentes aos conflitos, oportunas contextualizações históricas e boa humanização dos personagens secundários.

Fugindo de reduções ou caricaturas, apresenta um quadrinho complexo e cativante. Duro e ao mesmo tempo com doses generosas de humor, é obra de alguém que sabe tirar um barato de si mesmo.

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