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Voz de Angelina Jolie se destaca no filme de Maria Callas em Veneza

29/08/2024 13h12

Por Hanna Rantala e Crispian Balmer

VENEZA (Reuters) - A atriz norte-americana Angelina Jolie teve que aprender a cantar ópera para se preparar para interpretar Maria Callas, uma das maiores sopranos de todos os tempos, dizendo nesta quinta-feira que esse foi o papel mais exigente de sua carreira.

"Maria", dirigido por Pablo Larraín, narra os últimos dias de Callas em Paris, quando ela era viciada em medicamentos contra a ansiedade. Relembra as notas altas e baixas de seu passado tumultuado, quando ela impressionou o público ao redor do mundo com sua voz assombrosa.

"Esse é o papel mais difícil, o mais desafiador", disse Jolie à Reuters antes da estreia mundial do filme no Festival de Cinema de Veneza, no fim desta quinta-feira.

"Era como se eu estivesse em outro planeta, porque estava muito além do que eu me sentia confortável como pessoa e como artista", disse, lembrando-se das cenas filmadas na famosa casa de ópera La Scala, em Milão.

Jolie participou de mais de 60 filmes, incluindo sucessos de bilheteria cheios de ação e dramas emocionalmente carregados, ganhando um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel no filme "Garota Interrompida", de 1999.

Ela disse a Larraín que sabia cantar, mas depois percebeu que precisava atingir um nível totalmente diferente, tirando sete meses para treinar para o papel.

"Achei que poderia cantar como as pessoas cantam nos filmes, você finge cantar ou canta um pouco. Logo no início, ficou muito claro que eu realmente teria que aprender a cantar, porque não é possível fingir uma ópera", disse.

Larraín afirmou que, quando Callas é ouvida no filme em seu auge, 95% é extraído das gravações originais da soprano, mas quando a ouvimos no final de sua vida, estamos ouvindo principalmente a voz da própria Jolie.

"Ela fez muitas aulas de canto, incrivelmente, e cantava de manhã à noite. Ficamos muito emocionados, choramos durante as filmagens", disse Alba Rohrwacher, que interpreta a adorável governanta de Callas.

Larraín afirmou que cresceu ouvindo ópera e espera que seu mais recente filme incentive as pessoas a explorar uma forma de arte que perdeu muito de seu apelo público desde a morte de Callas em 1977, com apenas 53 anos.

"Esperamos realmente que esse filme crie um interesse pela ópera, independentemente do número de pessoas, sejam elas cinco, dez, um milhão ou mais", disse.

Os filmes anteriores de Larraín incluem "Jackie" e "Spencer", biografias sobre Jackie Kennedy e a Princesa Diana, outras mulheres fortes que deixaram sua marca na história. Callas foi uma das maiores estrelas de sua época, mas viveu seus últimos anos em isolamento, abandonada por sua grande voz e por seu amante Aristóteles Onassis.

"Compartilho a vulnerabilidade dela", disse Jolie, fazendo alusão à sua própria vida pessoal conturbada, presa a um divórcio amargo do ator Brad Pitt, que deve levar seu mais recente filme a Veneza no fim de semana, garantindo que eles não se cruzem na cidade.

Larraín disse que Callas tinha um senso de vida trágico, com 90% das óperas que cantava no palco terminando em morte. "Ela lentamente se tornou a soma das principais tragédias que cantava", disse.

"Maria" é um dos 21 filmes que concorrem ao prestigioso prêmio Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza, que vai até 7 de setembro.

(Reportagem de Crispian Balmer)

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