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Tem parente no exterior? Cuidado para não cair no golpe do DDI

Evandro Leal/Agência Free Lancer/Estadão Conteúdo
Imagem: Evandro Leal/Agência Free Lancer/Estadão Conteúdo
do UOL

26/08/2024 14h48Atualizada em 26/08/2024 14h48

Golpes financeiros via aplicativos de mensagens ou ligações são o tipo de crime cibernético e contra o patrimônio mais frequentes no Brasil, de acordo com uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o FBSP. O levantamento, divulgado neste mês, mostrou que 26% dos brasileiros foram vítimas desse tipo de ação nos últimos 12 meses. Foram cerca de 4,5 mil pessoas afetadas por hora.

Não é preciso sequer estar ou morar no país para passar pela situação. Mesmo brasileiros vivendo no exterior há anos têm sido afetados. Para enganar no Brasil familiares de expatriados, os criminosos estão utilizando ferramentas disponíveis na internet e em lojas de aplicativo que permitem a criação de números falsos com código de identificação do exterior, o DDI, de países como Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos.

A técnica, conhecida como spoofing, dá credibilidade e retarda a descoberta do golpe devido à diferença de fuso horário entre quem tem a identidade roubada e quem está recebendo as mensagens. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) está testando uma tecnologia que promete solucionar parte do problema, mas que só estará disponível no fim deste ano.

Enquanto isso, especialistas em cibersegurança entrevistados pela DW afirmam que há uma série de ações que podem ser tomadas para reduzir a exposição a esse tipo de crime, bem como ensinam a agir em caso de ser vítima. "Muitas vezes as informações utilizadas nos golpes estão disponíveis nas redes sociais. Certamente, a maior parte das pessoas clica em 'Eu aceito' sem ler o que está escrito em termos de uso", afirma Leonardo Carvalho, pesquisador do FBSP.

Em caso de desconfiança, o professor do Departamento de Computação da Unesp Eduardo Morgado recomenda que não se dê nenhuma informação requisitada nas mensagens ou ligações. "Não há como evitar os golpes, porque as tecnologias estão aí, mas é preciso ter consciência de que quanto mais informações o criminoso tem, mais credibilidade ele acumula para enganar seus familiares", diz.

Thiago Tavares, presidente e fundador da ONG SaferNet Brasil, recomenda ainda que a vítima desligue a ligação ou pare de responder as mensagens e entre em contato diretamente com as instituições financeiras e os verdadeiros contatos. Se possível, fazer chamadas de voz ou vídeo, para confirmar a identidade, também ajuda.

"É importante também denunciar aos órgãos competentes. Atualmente é difícil obter dados fiéis à magnitude do problema porque muitos não relatam esses casos", conclui Martina Lopez, pesquisadora de segurança informática da ESET América Latina.

Confira abaixo o que pode ser feito para se proteger e o que fazer em caso de ter caído nesse golpe:

Como se proteger de spoofing

  • Modifique as configurações de seu telefone para rejeitar chamadas suspeitas de spam/scam;
  • Use aplicativos disponíveis tanto para iOS quanto Android que se propõem a bloquear chamadas de números suspeitos;
  • Evite, se possível, atender chamadas de números desconhecidos, ainda que tenham código de área igual ao seu ou de algum parente ou amigo;
  • Em caso de desconfiança, especialmente se o interlocutor pedir dinheiro ou informações pessoais, de forma apressada e insistente, recuse-se a fornecer qualquer informação e desligue o telefone;
  • Retorne a ligação para um número conhecido e confiável, após alguns minutos, para evitar que o golpista "prenda a ligação" e continue na linha.

O que fazer se você perceber que caiu em um golpe

  • Em caso de fornecimento de informações pessoais sensíveis aos golpistas, adote o mais rápido possível medidas para inutilizá-las, como trocar suas senhas e informar à sua instituição bancária, conforme o caso;
  • Caso seja vítima ou tenha conhecimento de que criminosos estão utilizando seu número ou se passando por você, avise seus contatos e alerte para que não façam transferências ou forneçam qualquer informação pessoal;
  • Registre um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil, se estiver no Brasil, detalhando o máximo de informações fornecidas pelo golpista, bem como informe à sua operadora de telefonia que seu número está sendo utilizado indevidamente;
  • Se o caso tiver ocorrido no exterior, registre também um boletim de ocorrência na polícia local, por crime de falsa identidade ou fraude, a depender da legislação vigente;
  • Se o país tiver uma lei geral de proteção de dados, denuncie à autoridade fiscalizadora.

Como proteger as redes sociais desse tipo de crime

  • Evite a vinculação de seu número telefônico a redes sociais de forma pública ou o fornecimento deste dado a cadastros em sites ou aplicativos não confiáveis;
  • Deve ser evitada, igualmente, a divulgação excessiva de informações pessoais que facilitem que o golpista se passe com sucesso pelo titular do número perante os seus familiares e amigos;
  • Omita informações sobre cidade de moradia e relações familiares sempre que possível;
  • Denuncie o roubo de imagens ou identidade às plataformas responsáveis pelas redes sociais;
  • Use autenticação de dois fatores (2FA) nas contas e senhas fortes e únicas;
  • Instale uma solução antivírus nos dispositivos para receber alertas de acesso desconhecido ou tentativas de login em suas contas.

Autor: Alice de Souza

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