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Valesca Popozuda abre o jogo sobre machismo, etarismo e vida amorosa

Valesca abre o jogo sobre novo projeto e vida pessoal - Foto: Felipe Braga / Divulgação
Valesca abre o jogo sobre novo projeto e vida pessoal Imagem: Foto: Felipe Braga / Divulgação
do UOL

Colaboração para Splash, em São Paulo

22/07/2024 10h17

Valesca Popozuda, 45, fez sucesso em meados dos anos 2000, quando assumiu os vocais do grupo de funk carioca Gaiola das Popozudas. Nesta época, ela percebeu que precisava cantar a liberdade para mulheres.

O que aconteceu

Desde então, a cantora passou a dedicar suas letras a responder provocações masculinas. Em conversa com Vogue Brasil, a funkeira abriu o jogo sobre carreira e vida pessoal.

Valesca contou como foi sua criação. "A minha mãe foi criada em um colégio interno, ela não conversava comigo sobre sexo. Quando eu fiquei mocinha escondi porque estava sangrando e não sabia o que era menstruação e fiquei com medo de ela brigar comigo. A gente não tinha um papo desse aberto em casa. Ela não falava sobre preservativo, anticoncepcional... eu fui aprendendo na rua. Eu saí de casa nova, com 14 para 15 anos. Minha mãe tinha uma cabeça bem fechada, mas eu entendo porque ela foi criada sozinha e não tinha também ninguém para instruí-la e passar todas as informações, tanto que ela engravidou de primeira, perdeu a virgindade e engravidou de mim".

Ela ainda relembrou como sua carreira começou. "Depois veio a Gaiola na minha vida, uma coisa que aconteceu naturalmente porque nunca sonhei em ser cantora. Quando comecei, cantava mais para os homens do que para as mulheres. Não existia uma letra, melodia, era mais batidão mesmo. Depois eu parei, pensando nesse processo todo que eu passei, de não ser bem instruída, e pensei: eu quero as mulheres junto comigo. A gente já sofre esse machismo, essa pressão, eu quero gritar por essa liberdade de se sentir poderosa e fazer o que quiser sem dar satisfação. Além da Gaiola, a rua me trouxe essa liberdade de ser quem eu sou hoje. Todo esse processo me levou a fazer o EP De Volta para a Gaiola, porque eu vim da Gaiola, dessa construção toda".

A artista celebrou o lançamento de seu novo EP. "Esse EP é uma realização, não que os outros não tivessem sido, mas acho que cada trabalho tem uma parte na sua vida. Esse EP é para mostrar para as pessoas que elas não vão me calar, eu não tenho medo desse povo que quer te botar numa caixinha e falar que não é o padrão. Se está alegre faz música, se está triste faz música, se levou chifre faz música... se eu estou com tesão não posso falar e me expressar? Quero mostrar que nós somos mulheres e temos os nossos valores, podemos falar do que quisermos e ninguém vai impedir. Por que eu vou me calar? Não. Não vou tentar me enquadrar, é preciso sair dessa caixinha, se reinventar cada vez mais, sem ter medo se vai dar certo ou não. Estou aqui para isso, para jogar".

Valesca também refletiu como lida com o machismo. "Eu já me importei muito com isso. Hoje não me importo. Não estou aqui para fazer mal a ninguém, estou fazendo o que eu amo para os meus fãs, se não gosta tem que saber respeitar".

A famosa disse ter aprendido a lidar com sua saúde mental com o tempo. "Com o tempo a gente aprende, né? São vinte e poucos anos de carreira. Não sou a mulher que "sou foda e nada me abala", óbvio que já sofri, mas hoje não paro para ler [o que escrevem sobre mim]. A única página que eu paro para olhar é a minha e se tem algo que eu não gostei eu bloqueio e tchau, vai embora. Não paro para ler comentários em páginas nas redes sociais porque não tem nada ali que vá fazer bem. Então para que eu vou lá procurar?".

Sobre o etarismo, Valesca Popozuda afirmou se sentir jovem. "Me sinto jovem. A maioria das minhas amigas está nessa faixa etária e elas brincam que têm que tirar meu sangue e fazer uma pílula para as pessoas tomarem e terem esse gás que eu tenho. Acho que idade está muito na cabeça. Eu não tenho problema com isso. A gente está aí para se cuidar, se olhar no espelho e se amar. Estar feliz também te deixa linda. E a estética está aí pra ajudar a envelhecer bem, mas é preciso cuidado de escolher bons profissionais".

Ela está solteira, feliz e se amando cada dia mais. "Me amando cada vez mais, vivendo livre. Já tem quase seis anos que eu estou solteira e feliz. Não penso em namorar porque eu amo sair e viver a vida, sem dar satisfações".

Por fim, a ex-Fazenda contou qual é o seu maior sonho. "Um grande sonho é o meu DVD que já está no forno, não adianta a gente querer correr contra o tempo. Acho que minha vida toda foi feita como um trabalho de formiguinha, eu gosto de ir saboreando. Outro sonho é o meu documentário, que deve sair em 2025 ou 2026. Quando fiz o meu livro coloquei muitas coisas que eu nunca tinha aberto. Agora quero fazer um documento contando muito mais sobre a minha vida para as pessoas se inspirarem também. No mais, desejo ser feliz, que não falte nada para a minha família e para mim".

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