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'Sou fluido': 5 vezes em que Gianecchini falou sobre sua sexualidade

Reynaldo Gianecchini como a drag queen Mitzi Mitosis no musical "Priscilla, a Rainha do Deserto" - Divulgação/Instagram/@priscillarainhadodesertobr
Reynaldo Gianecchini como a drag queen Mitzi Mitosis no musical "Priscilla, a Rainha do Deserto" Imagem: Divulgação/Instagram/@priscillarainhadodesertobr
do UOL

Giovanna Arruda

Colaboração para Splash

02/07/2024 04h00

Em participação no programa Domingão com Huck no último domingo, 30, o ator comentou sobre as dificuldades que enfrentou por conta do musical "Priscilla, a Rainha do Deserto", no qual interpreta uma drag queen.

O que aconteceu

O ator foi jurado do quadro Dança dos Famosos e falou sobre sua interpretação da drag queen Mitzi Mitosis. Gianecchini explicou que precisou vencer barreiras de públicos que não aprovavam sua escalação no musical.

Primeiro, os homofóbicos, que não queriam o galã fazendo aquilo. Depois, uma galera do musical, que não queria me acolher, como se eu estivesse "roubando" o trabalho deles. Tinha a turma LGBT, que falava que eu não era um bom representante.
Reynaldo Gianecchini, no Domingão com Huck

Mesmo com as críticas, o ator explica que o sucesso e o acolhimento que vem recebendo fazem com que o processo e as dificuldades valham a pena. "É muito lindo porque hoje em dia a gente oferece esse espetáculo e tudo isso cai por terra, porque é isso: é sobre a gente estar lá, o artista exaltando essa arte".

Sexualidade em pauta

Durante toda a carreira, Reynaldo Gianecchini viu sua sexualidade como um dos principais assuntos debatidos em entrevistas, reportagens e pelo público em geral. Relembre abaixo algumas declarações do ator em relação ao tema.

'Minha sexualidade é fluida'

No programa de Pedro Bial em 2023, Gianecchini falou sobre a importância da peça teatral "A Herança", na qual protagonizou um romance gay, no processo de se aproximar à comunidade LGBT. "Nessa peça, eu sabia da importância de adentrar com o olhar atento, mais generoso para essa comunidade LGBT, que eu sempre fui muito simpatizante, e eu mesmo já falei que minha sexualidade é fluida, eu circulo muito bem ali".

Apesar de se sentir próximo à comunidade LGBT, Gianecchini explicou que nunca foi frequentador de bares gays ou boates. "Talvez porque eu não me via ali, eu não tinha escrito na testa 'sou gay'. Eu sempre me achei amplo, então achava estranho (...). Eu acho que eu não entendia"

Com a peça, o ator diz que queria abrir a mente e ver tudo dessa comunidade. "Foi muito importante, acho que aprendi muito".

'Tudo é possível'

Ao portal gshow no início de 2023, o ator falou sobre como a sociedade tenta encontrar um rótulo para sua sexualidade. "Ok, posso ser gay, posso estar em uma relação com homem, mas não me defino só como uma coisa. Assim como posso estar em uma relação com uma mulher também. Tudo para mim é possível."

(Os boatos) sempre me incomodaram muito. Sempre especularam muito sobre a minha vida e 90% do que saía a meu respeito era mentira. Mas depois dos meus 40 e tantos (anos), não me incomoda mais em nada.

'País de pessoas reprimidas'

Já em entrevista ao podcast Flow em 2022, Gianecchini afirmou que poucas pessoas são fluidas em sua sexualidade. "Acho que somos um país de pessoas reprimidas". O ator disse também que já falou "milhões de vezes" sobre sua própria sexualidade.

Já falei milhões de vezes, não tenho mais o que falar. Mas se precisar falar várias vezes, talvez eu bata na mesma tecla, que é isso: só vale a pena o exercício se todo mundo olhar. Para de olhar para os outros, vai olhar para a sua.

Por viver em uma sociedade na qual há "gavetas convencionadas", Gianecchini se considera corajoso por ter saído de uma dessas gavetas. "Do que adianta você ter um castelinho, uma coisa ideal, e a sua alma estar pedindo outra coisa? O seu ser está querendo se expressar de outra forma, fora dessas convenções, fora do que todo mundo espera de você".

O ator também comentou sobre os boatos que rondaram seu relacionamento com a jornalista e apresentadora Marília Gabriela. "Fiquei casado quase nove anos, numa relação pensada e vivida a dois, com muito prazer e deliciosa, inclusive sexualmente. E já falavam horrores de mim naquela época, muitos boatos. Nunca pensei em desmentir, já cansei de falar disso".

'Amplo. Sou tudo'

Gianecchini na capa da revista Pop-se - Divulgação/Revista Pop-se - Divulgação/Revista Pop-se
Capa famosa da revista Pop-se, com Gianecchini beijando a si mesmo
Imagem: Divulgação/Revista Pop-se

Em entrevista de 2020, Gianecchini declarou que falar sobre sexualidade é uma atitude política no Brasil. Na ocasião o ator afirmou que é "amplo". "Não assumi que sou gay. Falei que sou tudo".

A gente tem umas partes escondidas da gente, e muitas delas são de vergonhas que a gente tem de assumir que a gente é. Falei porque não tenho mais vergonha nem medo de ser quem eu sou.

'Demorei a falar porque esbarra no preconceito'

Em 2019, em entrevista à Ruth de Aquino, o ator se dizia cobrado por quando "sairia do armário". "Primeiro, quero falar para essas pessoas: antes de você achar tão interessante a sexualidade dos outros, dá uma olhadinha na sua. Talvez ela tenha mais nuances do que você pensa".

O ator se diz mais do que somente um rótulo. "Reconheço em mim o homem, a mulher, o eterno, o gay, o bi, a criança e o velho". Para o ator, a sexualidade é o canal da vida. "Nossas questões e tabus passam por esse canal. Não é à toa que cada um tem seus fetiches e suas particularidades".

O desejo para mim não passa pelo gênero e nem pela idade. Demorei para falar porque isso esbarra sempre no tamanho do preconceito no Brasil.

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