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Traições e morte: história de iate de luxo 'maldito' envolve até a Gucci

Iate Creole, que hoje pertence às herdeiras da Gucci  - Reprodução/Youtube
Iate Creole, que hoje pertence às herdeiras da Gucci Imagem: Reprodução/Youtube
do UOL

De Nossa, em São Paulo

20/06/2024 04h00

Muitos mistérios rondam o iate Creole, projetado por Charles E. Nicholson e apresentado em 1927. A escuna de três mastros com vela passou por diversas famílias até chegar às suas donas atuais: as herdeiras da grife Gucci.

Em sua longa história, a embarcação "testemunhou" brigas, mortes e traições.

Garrafa não quebrou

O primeiro dono foi um ricaço. Alexander Smith Cochran, conhecido como o solteiro mais rico de Nova York, sonhava em cruzar o oceano e competir na Europa. Ele encomendou o barco, que foi batizado como Vira (primeiro nome do Creole).

'Batismo' foi difícil. Conforme manda a tradição, o batismo do iate consistia em quebrar uma garrafa de champanhe em seu casco. Para a benção do Vira, foi necessário jogar a garrafa três vezes até que ela quebrasse, segundo o La Nación —o que teria sido um prenúncio das dificuldades que viriam pela frente.

Cochran fez exigências e pediu modificações ao estaleiro, como o encurtamento dos três mastros. A reforma acabou atrapalhando o desempenho do Vira. Mas o magnata mal aproveitou a escuna: ele morreu de tuberculose dois anos depois da compra do "iate maldito".

Período de calmaria

A embarcação teve uma breve história de sucesso. Após a morte do magnata, o iate participou de competições, voltou ao seu estado original e teve muitos proprietários entre Cochran e o início da Segunda Guerra. Ele entrou em serviço na guerra e serviu como caçador de minas.

Briga dos gregos

Em posse de um trio grego. Após o conflito, o navio ficou em posse de Aristóteles Onassis, do seu sogro Stavros Livanos e de Stavros Niarchos, que era casado com Eugenia Livanos. A irmã dela, Athina, se casou com Aristóteles.

Traições "assombram" a embarcação. Athina e Niarchos, então cunhados, prometeram ficar juntos em algum momento da vida. O Creole foi palco de festas e brigas públicas dos parentes e inimigos —seja por amor ou por dinheiro.

Morte de Eugenia Livanos após viagem. A então esposa de Niarchos foi encontrada morta na ilha de Spetsopoulas, que pertencia ao casal. Ela foi levada para lá a bordo do iate. A causa do óbito foi definida como overdose acidental, apesar de hematomas encontrados na autópsia. Niarchos e Athina ficaram juntos, até ela morrer poucos meses depois.

Niarchos investiu muito dinheiro em restauração, o que elevou o iate a outro patamar. As seis cabines foram reformadas e ele chegou a receber os reis Juan Carlos e Sofía, da Espanha, em sua lua de mel pelo Mediterrâneo. Logo Niarchos se desfez dele, que foi adquirido pelo governo dinamarquês.

Com uma amante

Propriedade dos Gucci. Foi quando a socialite italiana Patrizia Reggiani convenceu o marido, Maurizio Gucci, a comprá-lo. Mesmo sabendo da má fama da embarcação, ela não ligava: esperava revertê-la ao longo dos anos. Mas não foi isso o que aconteceu.

Sumiço de Maurizio. O empresário italiano e ex-diretor da Gucci saiu de casa em uma manhã e, em vez de ir rumo ao trabalho, embarcou no Creole. Ele ficou semanas sem dar notícias, até atracar em terra firme com uma amante. Patrizia não teria ficado feliz com a traição e, de acordo com a justiça italiana, arquitetou a morte dele em 1995.

O iate ainda é da família e pertence a Alessandra e Allegra, as filhas do casal Patrizia e Maurizio. A embarcação fica em Palma de Mallorca, na Espanha.

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