Vida real: aqui vão 12 mitos dos filmes pornôs que você não deveria fazer
Nos filmes pornográficos, o casal está sempre pronto para o sexo e não é preciso sequer passar pelas preliminares para que ambos cheguem ao orgasmo —simultaneamente, claro. Não há dificuldade para fazer as mais difíceis posições do Kama Sutra, qualquer lugar é adequado para transar e o sexo sempre é perfeito, prazeroso —e escandaloso.
Assistir a um filme erótico como forma de aumentar o clima entre o casal pode ser interessante, desde que não se torne algo muito frequente. Se o casal sempre precisa dos filmes para se excitar, isso denota uma dificuldade na relação.
O problema é que os filmes podem criar uma imagem errada de como uma relação sexual deve acontecer, principalmente para quem ainda não tem experiência sexual. Segundo pesquisa realizada com pessoas de entre 16 e 24 anos pela Universidade de Plymouth, no Reino Unido, e pela UK Safer Internet Centre, um em cada três jovens admitiu que a pornografia afetou seus relacionamentos.
Para que você não coloque em prática aquilo que não deve sair da ficção, Universa conversou com especialistas para listar os maiores mitos dos filmes eróticos.
Sempre pronto
Nos filmes, qualquer hora é hora para fazer sexo. É mais comum que os homens consigam estar prontos mais rapidamente do que as mulheres, embora eles também possam ter ansiedade e, em algumas situações, precisem de um tempo maior para a ereção. Porém, elas sempre precisam ter um estímulo antes, por isso as preliminares são fundamentais.
Falta de preliminares
Como praticamente todos os filmes disponíveis costumam ser destinados a homens, iniciar do modo mais direto possível parece fazer sentido. O problema é que, na vida real, é praticamente impossível que a mulher tenha sexo satisfatório se não houver preliminares. Ela precisa da parte sensorial bem desenvolvida para que haja a lubrificação, o equivalente à ereção masculina. Até o homem necessita de uma estimulação prévia, por menor que seja.
Clímax cantado
Embora não haja um único filme erótico em que as atrizes não gritem escandalosamente quando chegam ao orgasmo, na vida real, uma mulher raramente fará o mesmo. Situações diferentes de vez em quando valem a pena, mas é difícil chegar no nível dos filmes. Pode ficar muito falso e o outro pode achar que você está fingindo.
Orgasmo simultâneo
No mundo ideal —e nos filmes pornôs—, homem e mulher chegam ao clímax no mesmo momento. Em alguns casos, a mulher ainda chega antes e consegue ter vários orgasmos antes que o homem tenha o seu. Infelizmente, é comum que as mulheres demorem mais para alcançar o orgasmo e que até finjam que o alcançaram —um problema que também acontece com alguns homens. Os filmes primam pelo desempenho sexual e, como o orgasmo é o objetivo final, ambos precisam alcançá-lo.
Sem parar
Nos filmes não há pausa, ninguém cansa ou precisa de uns minutinhos para se recompor. Brochar, nem pensar. Enquanto na vida real, em uma virada de posição a ereção pode diminuir um pouco, nos filmes, tudo é perfeito. Portanto, tudo isso não passa de uma ilusão. Os atores só parecem ficar horas transando. A edição é feita de tal forma que conduz quem assiste às cenas a perceber uma passagem de tempo que parece ser de horas. Mas a gravação permite intervalos para descanso entre as cenas de sexo, inclusive de um dia para outro.
Posições absurdas
Os filmes mostram posições que não levam em conta que a postura pode ser muito difícil para a coluna, o desconforto que muitas mulheres têm na hora da penetração ou a dificuldade que homens podem ter por conta do tamanho do pênis. Como um filme pode ser produzido em vários dias, as posições podem ser tentadas à exaustão, mas, obviamente, o cansaço jamais será exposto.
Locais impossíveis
Escritório, elevador, escadas... Qualquer lugar é válido para fazer sexo nos filmes do gênero. Ninguém se incomoda com um degrau, com o chão duro ou com a possibilidade de aparecer o chefe a qualquer momento. Pode acontecer de pintar o clima num lugar estranho de vez em quando, mas a realidade não é tão extrema.
Sexo anal fácil
Nos filmes pornôs, o sexo anal é a coisa mais fácil e rápida de se fazer do mundo. Esse é o grande engodo dos filmes. As mulheres usam um plug anal antes da filmagem, mas tudo é passado como se não houvesse preparação, como se ela ficasse imediatamente preparada e com o ânus dilatado. A fantasia masculina dirige essas cenas nos vídeos, incluindo a percepção de que sempre será fácil.
Falta de delicadeza na masturbação
Nos filmes eróticos há sempre uma agressividade excessiva durante a masturbação alheia. O problema é que não é mostrada a diferença de intensidade para cada pessoa. Cada um tem um ritmo. Os filmes são muito repetitivos, tudo muito intenso. Os homens põem muita força no clitóris da mulher. A força excessiva não é apenas um problema dos atores dos filmes: as atrizes também exageram na intensidade da manipulação nos homens.
Mulheres sempre acariciam os seios
Seja durante a relação sexual, na masturbação ou no banho, as atrizes de filmes pornôs costumam acariciar os próprios seios —e parecem sentir muito prazer com isso. Lamentamos informar, mas isso não acontece na vida real. São raras as que conseguem pedir para haver o toque na região. Há uma repetição no padrão estético dos filmes eróticos: no caso das mulheres, os toques nas mamas, nádegas e baixo ventre, e, no caso dos homens, no pênis. Parece que a ideia é de sensualizar com posições e atos que se supõem eróticos do ponto de vista masculino.
Sem nojo
Nos filmes, a mulher não só não se incomoda, como adora engolir e ter jatos de esperma no rosto. Aquilo tudo foi feito para ser um estímulo a mais, mas não se copiar. A visualização da ejaculação é interessante para os homens, por isso, nos filmes, os homens sempre lançam o esperma para fora. É um mito criado para mostrar a ejaculação. Tem mulher que gosta, tem mulher que não gosta. E é preciso tomar cuidado com doenças sexualmente transmissíveis nesse caso.
Garganta profunda
Protagonista de filme pornô que se preze é capaz de fazer o melhor sexo oral do mundo e sem enjoar. Não são todas as mulheres que conseguem fazer isso. As dos filmes têm técnica para colocar o pênis na boca de uma forma que não provoca ânsia, mas, na vida real, isso é difícil.
Fonte: Ana Canosa, psicóloga, terapeuta, educadora sexual e autora de "Crescendo na Sexualidade" (Editora Sttima); Carla Cecarello, psicóloga e terapeuta sexual, presidente da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade); e Oswaldo Martins Rodrigues Jr., psicoterapeuta, diretor do Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade) e autor de "Objetos do Desejo" (Editora Iglu)
*Com matéria publicada em 28/09/2018