Ex-paquita da Xuxa confessa medo de ser atrelada a polêmicas do passado
Depois de Xuxa Meneghel ter seu próprio documentário no Globoplay, é a vez do Brasil conhecer a história das famosas assistentes de palco da apresentadora durante os anos 80, 90 e 2000. "Para Sempre Tão Bom: Paquitas" é o novo projeto da plataforma de streaming da Globo para o ano de 2024, com cinco episódios, mas ainda sem data de estreia.
Em conversa exclusiva a Splash, a cantora e atriz Lana Rodes confessou medo de se expor. "Quando trabalhamos com dramaturgia, existe um preconceito com quem veio da linha de show. As pessoas têm dificuldade de entender quem construiu uma nova história", disse, durante os bastidores da CCXP 2023.
Sexualização. Lana entende que aos 12 anos não tinha noção do quanto sua imagem era sexualizada e não queria que as pessoas atrelassem sua imagem com a realidade da época. "Nós [paquitas] representamos uma geração de jovens nesse mundo meio 'sem lei' dos anos 90. Meu receio é que as pessoas se conectem com essa 'cafonice' que a gente viveu neste mundo preconceituoso, machista e misógino", declarou.
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A atriz aceitou o convite porque confia no trabalho das mulheres à frente do projeto dirigido pela ex-paquita Ana Paula Guimarães. "Elas estão com esse cuidado e construindo um conceito de transformação de gerações. Nossa infância representava tanto pras pessoas, que queriam ter o que a gente tinha, mas hoje, se elas pensassem friamente, talvez nem se interessassem", disse.
Para gravar o documentário foi preciso enfrentar dores do passado. Lana é do interior do Paraná e por meio de uma carta realizou o sonho de dar o pontapé na sua carreira artística. "A falta de atenção que existia com meus sentimentos em meio àquela urgência de fazer aquilo existir, dar certo e continuar sendo potente. Se eu tivesse a consciência de uma pessoa adulta, eu teria sido mais rebelde, gritado um pouco mais", repensou.
Lana, hoje mãe de uma menina de 14 anos, aponta a falta de amparo, já que enfrentava conflitos, respondia a diretores e ainda representava a 'rainha do Brasil'. "Eu me sentia muito frágil e por medo de perder a oportunidade, sabe aquela coisa da criança de pensar assim: 'Se eu reclamar, eu não tenho mais'. Me calei pra muitas dores, que curei depois com muita terapia. Meu maior trauma ou ressentimento é não ter dado colo pra minha criança interna", completou.
A primeira paquita de Xuxa foi Andréa Veiga, em 1984, ainda na extinta TV Manchete no programa Clube da Criança. A atriz, que também faz parte do documentário, aponta a Splash que cada geração foi afetada de uma forma diferente. "Alguns comportamentos que elas [paquitas] questionam, polêmicas, eu nunca passei por isso", diz Andréa, que afirma ter tido uma relação "muito boa" com Marlene Mattos.
"Eu, ela e a Xuxa fomos criando o programa e o que era ser uma paquita juntas. Óbvio que tinha a rigidez, desde o início até o final, foi uma coisa bem difícil. Tinham atritos, mas a maior parte era uma relação tranquila, tanto que voltei trabalhar como repórter", afirmou Andréa, ao se referir à época em que deixou de ser paquita e voltou para o Xou da Xuxa, na década de 90.
Xuxa ainda não era a estrela. "Eu era uma criança, e Xuxa estava começando. Eu a enxergava como uma amiga, não tinha essa coisa de Xuxa, mega, pop star, pra mim. Era uma coisa meio, 'estou indo lá brincar, mas estou trabalhando'." De acordo com Andréa, todas vão poder falar do ônus e do bônus da época. "Vamos mostrar o que foi a nossa vida ao lado da Xuxa, os bastidores, como crescemos ao lado dela", finalizou.