Jornalista processado por filha de Lampião foi demitido da JP após recusa
O jornalista Tiago Pavinatto, 39, que está sendo processado pela filha de Lampião e Maria Bonita, foi demitido da Jovem Pan em agosto deste ano. Ele apresentava o programa Linha de Frente e era comentarista de Os Pingos Nos Is.
Pavinatto se recusou a se retratar ao vivo com o desembargador Airton Vieira, do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), após chamá-lo de "vagabundo" e "tarado" durante uma atração. Na ocasião, ele comentava sobre uma decisão da Justiça de inocentar um homem acusado de estuprar uma menina de 13 anos.
"A direção da casa está pedindo uma retratação ao desembargador Airton Vieira e eu não vou fazer. E eu deixo claro aqui: eu não vou fazer uma retratação para uma pessoa que ganha dinheiro público, livra um pedófilo, e ainda chama a vítima, de 13 anos de idade, de vagabunda", disse Pavinatto ao vivo no Linha de Frente.
Na ocasião, ele reforçou o posicionamento em nota publicada no Twitter: "Eu jamais, jamais, pediria desculpas por me revoltar contra um desembargador que inocentou um pedófilo septuagenário argumentando que a criança estuprada era prostituta e drogada. Não fui demitido: disse, com paz de espírito, que preferia perder o contrato a perder a decência."
A Jovem Pan, que também demitiu o comentarista Rodolfo Mariz, afirmou que ambos "cometeram excessos em suas participações" e "se recusaram a orientação de realizar, ao término do programa 'Linha de Frente', uma responsável retratação. Em virtude do ocorrido, a direção do canal decidiu pelo desligamento dos profissionais."
Processo de filha de Lampião
Expedita Ferreira Nunes, filha de Lampião e Maria Bonita, está processando Tiago Pavinatto por danos morais numa causa com valor de R$ 245 mil.
Pavinatto publicou "Da Silva: a Grande Fake News da Esquerda: o Perfil de um Criminoso Conhecido e Famoso Pela Alcunha Lampião", publicado pela editora Almedina, que também é ré no processo.
A defesa de Expedita afirma em nota que a família Ferreira "foi surpreendida" com a publicação do referido livro e que o autor tem feito produção de conteúdos "carentes de fundamentos históricos" e "caracterizados por um teor extremamente agressivo à honra de Lampião e de seus familiares".
Segundo os advogados, a ação não busca impedir a circulação e comercialização do livro, mas sim "resguardar os fatos históricos e assegurar a devida retratação dos familiares de Lampião".
Os pedidos foram confirmados por Pavinatto em vídeo publicado no YouTube. O autor, no entanto, afirmou que se baseou em fontes históricas para escrever o livro, e disse que não vai mudar nada na publicação. "Tá pedindo retratação para a pessoa errada. Se tem uma coisa que eu não faço é me retratar", declarou.