Gabriela Duarte relata medo em Israel: 'O dia descendo e subindo no bunker'
A atriz Gabriela Duarte, 49, chegou a Israel na tarde de sexta-feira (6), um dia antes do ataque surpresa do grupo extremista Hamas ao país. Ainda no sábado (7), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou guerra, disse que a facção pagaria "um preço sem precedentes" e determinou "cerco completo" contra palestinos na Faixa de Gaza.
Em entrevista a Splash, a atriz conta que a viagem estava marcada há muito tempo. Foi a maneira que ela e o ex-marido, Jairo Goldflus, encontraram para apresentar aos filhos, Manuela, 17, e Frederico, 11, uma cultura com a qual eles possuem conexão por Jairo ser judeu.
Gabriela e os filhos chegaram à cidade de Tel Aviv por volta das 14h, onde foram para a praia e visitaram restaurantes. Na manhã seguinte, às 6h, eles ouviram o primeiro bombardeio. Ela começou a entender o ocorrido quando constatou a fumaça de um ataque.
Tocou o alarme e todo mundo começou a se movimentar e entender o que estava acontecendo. A partir disso foi o dia inteiro tocando alarme, a gente descendo e subindo, indo para o bunker.
A atriz relata que os filhos ficaram muito assustados. "É uma sensação de vulnerabilidade, de muita insegurança, de não saber o que está acontecendo. Você liga o modo sobrevivência e não sabe! As coisas foram aparecendo aos poucos e a gente foi se dando conta da dimensão do problema e daquele conflito."
Após um dia inteiro de apreensão, ela seguiu em direção ao aeroporto de Tel Aviv para tentar sair do país. "Vocês precisam ir para o aeroporto. Vocês precisam conseguir um voo", disse o guia de turismo da atriz a ela, mesmo com as notícias de que os voos estavam sendo cancelados e que muita gente não estava conseguindo embarcar.
Apesar do cenário difícil, ela embarcou para Praga, capital da República Tcheca, às 2h de domingo (8), chegando às 5h no país. "O aeroporto estava absolutamente lotado. E ter conseguido um voo foi uma coisa que até agora eu não entendi como a gente conseguiu."
Uma sensação de alívio e de segurança. De agora está tudo bem! Mas é uma situação difícil de digerir até agora. Qualquer lugar que eu vou que passa na rua uma ambulância com sirene ou carro de polícia, a gente fica muito sobressaltado.
Ela pondera que o guia teve papel fundamental por eles estarem em outro país e não falarem a língua local. "Ele é brasileiro, mas mora em Israel há mais de 20 anos, ele foi um herói. A gente agradece por estar em segurança e torcendo para ficar tudo bem. Que essa guerra acabe. É tudo muito insano, é tudo muito cruel."
Depois de Praga, a atriz e os filhos voltarão para a Itália, país que foi o ponto de chegada da família à Europa. Na sequência, retornarão ao Brasil. "Tenho recebido muitas mensagens e só agradeço a ajuda por parte de muitas pessoas que estão no Brasil."
É uma tristeza muito grande ver um país sofrer a violência da guerra, o que ela traz, é uma coisa desesperadora. Estamos rezando para que tudo fique bem.
O que aconteceu:
Nesta terça (10), no quarto dia de conflito, o governo israelense intensificou os ataques à Faixa de Gaza, território palestino comandado pelo Hamas. O exército afirmou que capturou e matou Jawad Abu Shamala, ministro das Finanças do Hamas, e Zakaria Abu Ma'amr, ministro das Relações Nacionais do Hamas. Do outro lado, o grupo extremista respondeu com ameaças aos civis sequestrados caso a ofensiva continue.
O balanço oficial dá conta que são pelo menos mil vítimas em Israel, 100 delas encontradas em um kibutz (habitação coletiva) em Be'eri, no sul do país. Já na Palestina são 900 mortes confirmadas, segundo o Ministério da Saúde local. Na Cisjordânia são 7 mortes registradas. Com os 1.500 corpos de integrantes do Hamas informados pelo exército israelense, o total de mortes pode ultrapassar 3.000.
A morte de dois brasileiros foi confirmada em 10 de outubro. Ranani Glazer e Bruna Valeanu, ambos com 24 anos, estavam em uma rave nas proximidades da Faixa de Gaza quando o Hamas invadiu a região.