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Academia no metaverso: exercício para suar a camisa ganha cara de game

Demonstração na loja da Nike de Nova York do Nikeland, plataforma da empresa para práticas esportivas no metaverso criada no Roblox - Divulgação/Nike
Demonstração na loja da Nike de Nova York do Nikeland, plataforma da empresa para práticas esportivas no metaverso criada no Roblox Imagem: Divulgação/Nike
do UOL

Natália Eiras

Colaboração para Tilt, de Lisboa (Portugal)

01/03/2023 04h00Atualizada em 04/03/2023 09h56

É hora de malhar! Mas, nesta modalidade de exercício, trate de colocar seus óculos de realidade virtual ou aumentada e prepare-se para controlar avatares digitais com os movimentos do seu corpo. Nem pense, porém, que, ainda que o jogo seja virtual, você não vai suar a camisa.

Medicina genômica, relógios inteligentes e realidades virtual e aumentada já mapeiam, sofisticam e personalizam a jornada fitness de usuários. Em 2023, porém, a malhação vai ganhar um upgrade —ou melhor, um upload— para o metaverso, segundo empresas que analisam tendências digitais consultadas por Tilt.

A gamificação fitness deve ser um dos pontos altos do ano, segundo mapeamento de mercado feito por WGSN, empresa de consultoria de tendências de comportamento e consumo, e cool.lab, agência de pesquisa de tendências.

"Haverá até treinos super personalizados de acordo com os seus dados e informações genéticas", afirma Juli Soares, diretora de insights da cool.lab, a Tilt. Segundo a especialista, o lançamento de produtos como o VR2, novos óculos de realidade virtual para o PlayStation, deve impulsionar essa nova onda fitness. O novo aparelho da Sony chegou às lojas em fevereiro — e já testamos.

O condicionamento físico se tornou um dos principais objetivos da tecnologia da realidade aumentada, diz Naia Silveira, especialista de conteúdo da WGSN.

Estamos vendo o lançamento de programas que emitem recompensas na Web3 a cada treino realizado. Um exemplo são aplicativos que gamificam as compras dos usuários, permitindo a adesão a academias, serviços de refeições ou consultas médicas, em troca de pontos no cartão de crédito. Outra possibilidade de investimentos envolve NFTs: já há quem trabalhe com o incentivo aos usuários para se movimentarem e ganharem tokens digitais que permitam a atualização de seus avatares no jogo
Naia Silveira, da WGSN

Aqui é bom uma explicaçãozinha. A web3 é uma proposta de unir o melhor das duas gerações anteriores da internet: a descentralização da Web 1.0 e os conteúdos gerados por usuários da Web 2.O. E a tudo isso adicionar serviços com blockchain (registro distribuído), compras e doações de NFTs (tokens de itens digitais únicos) e metaverso (espaços de realidade virtual onde as pessoas podem interagir, trabalhar ou se divertir).

Como isso vai mudar nossa academia?

Para as especialistas, podem acontecer dois movimentos:

  • A academia como a conhecemos pode ser virtualizada ou
  • Novas modalidades podem ser desenvolvidas para esse ambiente virtual.

A tendência é que surjam novos treinos super personalizados, e também turbinados, com combinação de tecnologias como a eletroestimulação e análogas
Juli Soares, da cool.lab

Modalidades como o boxe, lutas marciais, corrida, bike, natação, futebol e basquete já têm uma forte conexão com o universo dos games, mas essas relações devem ser aprofundadas.

"É uma visão da academia no metaverso como arena esportiva, com experiências imersivas que unam a saúde mental e física", complementa a diretora de insights.

A Nike é uma das empresas que investiu nesse segmento ao criar a Nikeland, um mundo virtual dentro da plataforma de games online Roblox. Ali, os jogadores podem criar seus avatares com produtos da marca e participar de jogos esportivos gratuitos, como natação e atletismo.

A OliveX, empresa de Hong Kong conhecida por suas experiências de condicionamento físico no metaverso, e a rede de academias TRIB3, do Reino Unido, criaram juntas "a primeira academia do mundo" no metaverso Sandbox. Há, ainda, a startup norueguesa Playpulse, que criou uma bicicleta ergométrica que usa realidade virtual e funciona como um console de games.

Playpulse - Divulgação/Playpulse - Divulgação/Playpulse
Bicicleta ergométrica da startup Playpulse
Imagem: Divulgação/Playpulse

Quem vai treinar no metaverso?

Para além de surfar a onda do metaverso, essas práticas esportivas são feitas tanto para preguiçosos quanto para quem busca novos estímulos. Interessam aqueles que querem engrenar de vez na malhação e quem não quer se deslocar fisicamente para a academia — afinal, você sua a camisa na sala de casa.

"É uma boa opção para quem já pratica esportes e procura novos desafios, assim como para quem tem dificuldade em manter a continuidade da rotina de exercícios", afirma Caluê Papcke, professor do curso de Educação Física da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

Essas tecnologias podem ainda beneficiar pessoas com mobilidade reduzida por conterem jogos e modalidades fáceis de adaptar. "Alguns games no metaverso permitem que o praticante jogue sentado, movimentando de forma predominante o tronco e os membros superiores", afirma o professor.

A quem pergunta se as modalidades trazem mesmo benefícios, Caluê Papcke faz um lembrete.

Toda atividade física pode trazer inúmeros benefícios para a saúde, independentemente de acontecer no mundo virtual ou no mundo real
Caluê Papcke, professor da PUCPR

Há uma melhora na circulação sanguínea, menor risco de doenças do coração, controle sobre a diabetes, redução do risco de hipertensão, câncer e Alzheimer.

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