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Quem é Livia La Gatto, atriz ameaçada pelo coach Thiago Schutz

Livia La Gatto pede às mulheres que continuem denunciando casos como o seu - Reprodução
Livia La Gatto pede às mulheres que continuem denunciando casos como o seu Imagem: Reprodução
do UOL

Maurício Businari

Colaboração para Universa

28/02/2023 19h28

O assunto do momento nas redes sociais tem sido as ameaças que a atriz e roteirista Livia La Gatto recebeu do coach Thiago Schutz, após ela ter ironizado em vídeo diversas falas misóginas que ele disse durante um bate-papo em um podcast.

O post de Livia foi publicado no Instagram dia 13 de fevereiro. Ao tomar conhecimento da brincadeira, o "coach do Campari", como se tornou conhecido, enviou a ela uma mensagem privada, na qual fez uma ameaça.

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"Você tem 24 horas para retirar seu conteúdo sobre mim. Depois disso, é processo ou bala. Você escolhe".

Preocupada, ela fez um segundo post nas redes perguntando aos seguidores se deveria considerar as ameaças feitas por Schutz. Pouco depois ela decidiu registrar a ameaça em um boletim de ocorrência, procurou uma advogada e abriu um processo contra ele.

Atriz, humorista e roteirista

Nascida em São Paulo, Lívia foi criada em Santo Amaro, zona sul da cidade. Aquariana com ascendente em Áries, ela é filha única do casal Rosangela, que atua como psicóloga, e do consultor de mercado Guillermo. É dele o sobrenome diferente, que ela acredita ter origem em ascendentes italianos do pai.

Guillermo veio morar no Brasil após fugir da ditadura na Argentina, no final dos anos 60, e nunca mais voltou. É dele que Livia empresta seu sotaque para compor diversos personagens, entre eles a irônica Consuelo Dicaboa, a primeira a fazer sucesso na internet.

Formada em teatro pela ECA (Escola de Comunicação e Artes) da USP, ela começou a dar aulas de teatro aos 19 anos e tem em seu currículo peças conhecidas, como "Cuidado: Garoto Apaixonado", "Salém" e "O Labirinto de Filó".

Em 2020, em meio à pandemia, se uniu com a amiga Renata Maciel e começou a ganhar destaque nas redes. Seus vídeos, repletos de ironia, retratavam notícias do cenário político do país.

Com o tempo, elas foram se tornando cada vez mais conhecidas e até o cantor e compositor Caetano Veloso passou a segui-las no Instagram.

Hoje, Livia, que além de atuar como atriz e humorista também escreve roteiros, conta mais de 246 mil seguidores no Instagram e continua produzindo e postando esquetes bem humoradas, muitas ainda com a participação da amiga Renata, sobre assuntos do cotidiano, críticas à política e também temas espinhosos como o machismo estrutural e a misoginia.

Repercussão

Convidada do programa Encontro com Patrícia Poeta, da TV Globo, Livia falou ontem sobre o seu trabalho e a ameaça que sofreu. "Nosso trabalho é parodiar o que está acontecendo, mostrar nossa opinião e nos defender com humor. Minha arma sempre foi o humor. Tudo que eu tenho é isso."

"Vamos silenciar esse discurso porque ele não cabe mais. Estamos em 2022, com recorde de feminicídio, e esse tipo de discurso só alimenta essa violência de masculinidades frágeis, homens que não tiveram saúde emocional. Não podemos ter medo de falar 'não'", declarou Lívia durante a entrevista.

Em comentários nas redes, centenas de internautas se declararam solidários - incluindo atores e atrizes famosas. Em um post publicado ontem em sua conta no Instagram, ela faz um desabafo onde pede às mulheres que continuem denunciando casos como o dela.

"O fator mais preocupante dessa ameaça pública é a ausência de medo da justiça por se achar acima da Lei. O governo anterior autorizou e estimulou atentados contra mulheres que levantassem suas vozes e ainda estamos vivendo esse momento", escreveu.

"Tem que intimidar e expor agressor, sim. Com a Lei haverá punição e quebra desse ciclo que compromete a saúde mental de todas as mulheres. Misoginia não é opinião", declarou.

"Estamos juntas", comentou a atriz Alessandra Negrini. "Com você, Livia", escreveu Dani Calabresa. "Conte comigo para o que precisar. Eu não tomei a pílula vermelha", comentou Fábio Porchat, fazendo referência ao movimento "red pill", um grupo apoiado pela extrema-direita, formado por homens misóginos que deturpam o conceito do filme Matrix (1999), do qual Schutz se diz aconselhador.

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