Paulo Figueiredo acusa Candil de interferir no jornalismo da Jovem Pan
Na última terça-feira, Paulo Figueiredo anunciou sua demissão da Jovem Pan. Na ocasião, o empresário e neto de João Figueiredo, último presidente da ditadura militar, prometeu que faria uma live para explicar as circunstâncias de sua saída da rádio e dar "nome aos bois".
Paulo realizou a transmissão em seu canal do Youtube na última noite e acusou Humberto Candil, diretor de jornalismo da Jovem Pan, de interferir na liberdade editorial da rádio. Ele ainda alegou que Candil protegia um determinado político, cujo nome não revelou.
Em contato com o UOL, a Jovem Pan disse que não se pronunciará.
Divergências com Humberto Candil
Paulo Figueiredo afirmou ter provas de todas as suas acusações e reafirmou que o motivo de sua saída da rádio foram as divergências editorias com Humberto Candil.
O comentarista alegou que o diretor de jornalismo passou a interferir em seus comentários e pediu que ele "pegasse leve" com determinado político, inclusive em suas redes sociais. De acordo com Paulo, ele teria sido suspenso do jornal por um período por rebater um dos correspondentes.
"Mas eu sofri algumas punições lá dentro. Eu fiquei proibido de interagir com os correspondentes no ar (...), tive a duração dos meus comentários reduzidos, chegaram a me falar para fazer comentário de 30 segundos no Jornal da Manhã", declarou.
Hoje na Jovem Pan, não há liberdade editorial total. Não pode mais falar de todos os assuntos na rádio. Paulo Figueiredo
Na opinião do neto do ex-presidente, as pautas desfavoráveis em relação a Jair Bolsonaro (sem partido) passaram a ser cada vez mais frequentes na Jovem Pan.
"Não porque a Jovem Pan odeia o Bolsonaro, mas o jornalismo da rádio está com viés diferente", afirmou. Por outro lado, Paulo aponta que não seriam mostradas perspectivas negativas sobre João Dória (PSDB), governador de São Paulo.
Há um mês, eu perguntei se a gente não ia mostrar uma pesquisa do Paraná Pesquisas que mostrava uma desaprovação recorde do governador de São Paulo. A resposta que eu recebi foi: 'É claro que não. Estamos de bem com ele'.
O empresário afirma que, com exceção do "Pânico", todos os programas da rádio sofrem interferências e vários jornalistas têm partes de seus comentários excluídos. Ele ainda afirma que outros comentaristas também receberam uma ligação de Humberto Candil pedindo para "pegarem leve" com o tal político.
"Alguns ignoraram, outros nem tanto, talvez porque eles precisem do emprego", opinou.
Motivo da demissão
Como já havia compartilhado em suas redes sociais, Paulo relembrou o que teria motivado a sua demissão. Durante o Jornal da Manhã, ao vivo, ele discordou da forma com que uma enquete sobre a existência do suposto "orçamento secreto" do presidente Jair Bolsonaro foi formulada.
Na ocasião, foi perguntado aos ouvintes se eles concordavam com o orçamento, o que ele considerou uma "pergunta militante".
"Para minha surpresa, ainda no ar, eu recebo uma mensagem cheia de exclamações do Humberto Candil dizendo que eu estava desqualificando o jornal e deixando toda a equipe embaraçada e ordenando que eu parasse com isso", relatou Paulo.
O comentarista conta ter respondido que não poderia concordar com a pergunta e recebido um fora de Humberto, que afirmou que não era ele quem decidiria isso.
Em seguida, ele teria recebido uma mensagem do editor do Jornal da Manhã, que afirmou que teria que tirá-lo do jornal imediatamente por ordem de Candil.
O frouxo não teve nem a hombridade de me ligar. Simplesmente, depois de tantas vezes que ele tentou interferir no meu trabalho sem sucesso, resolveu mostrar que mandava e mandou me tirar do ar sem nenhuma justificativa.
De acordo com Paulo, ao final do dia, Carlos Aros, outro membro da direção, lhe enviou uma mensagem pedindo para que ele desconsiderasse o ocorrido e voltasse ao jornal no dia seguinte para comentar a CPI da covid. Ele, no entanto, se recusou e exigiu que Humberto falasse com ele, o que não aconteceu.