Gilberto Gil sobre crenças: "Deus é uma invenção do homem"
Gilberto Gil contou detalhes sobre suas crenças durante participação no Papo de Segunda Verão de ontem, no GNT. Ao ser questionado se Deus está satisfeito com tudo o que está acontecendo no Brasil atualmente, Gil respondeu: "Ninguém sabe quais são os desígnios de Deus, porque ele quer que seja assim ou porque ele quer que seja assado. Eu costumo dizer que nós é que criamos isso; Deus é uma invenção do homem. A crença geral é que é o oposto, que o homem é que foi criado por Deus."
O cantor e ex-ministro da Cultura esteve no Forte de Santo Antônio Além do Carmo, local histórico de Salvador e perto de onde morou quando era criança, para participar do programa.
Em conversa com os apresentadores Fábio Porchat, João Vicente, Emicida e Francisco Bosco, Gil, que é adepto de Xangô, do Candomblé, opinou sobre a fé ser fundamental para muita gente: "A religião no modo geral, a crença não só em uma transcendência, de uma possível vida depois desta, mas também à regência feita por essa instância superior, normatizando procedimentos e comportamentos, é uma coisa que as religiões adotam e isso acaba, na maioria dos casos, levando as pessoas a uma adoção de uma maneira de ser relativa àqueles preceitos e mandamentos de Deus."
Ele diz, no entanto, que, quando era criança, Deus se encontrava mais próximo dele: "Na infância, por causa da minha família e da cidade onde eu vivia, a gente rezava e celebrava a festa de Santo Antônio, festa de São Pedro, de Reis, de Nossa Senhora. Eu era muito ligado com aquele modo e compreensão do homem com a vida e com a natureza a partir da religiosidade católica. Depois, no decorrer da vida, fui encontrando outras formas de interpretar a realidade. Fui descobrindo a filosofia, a ciência e outros aspectos de compreensão do que é e do que não é, do que deve e pode ser. A partir dai, a religião foi tendo um papel menor [na minha vida]", completou o ícone da música brasileira.
"Mas, por um respeito cultural, um respeito cívico e resíduo natural, continuo dizendo 'Graças a Deus' e 'Deus lhe proteja' para as pessoas", esclareceu o músico de 77 anos. Um "bondoso radical", segundo se autodenominou no programa, Gil seguiu explicando sua admiração pela fé, independente da religião: "Eu gosto de todos aqueles que têm fé, que acreditam e que estão ligados a religiões que, em sua maioria, têm relações com o bem fazer e o bem querer. Eu gosto da bondade e defendo. Até brigo por ela (risos)".
"Agora, é absolutamente estranho que a pessoa tenha círculos religiosos que hostilizem os outros, e mais do que isso, que querem o extermínio dos outros, o desaparecimento do próximo, negando a função de amor", acrescentou.
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