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"Mayans M.C.": Estrela de spin-off tenta se distanciar do Jax de "Sons of Anarchy"

JD Pardo é EZ Reyes, protagonista de "Mayans M.C.", série derivada de "Sons of Anarchy" - Divulgação
JD Pardo é EZ Reyes, protagonista de "Mayans M.C.", série derivada de "Sons of Anarchy"
Imagem: Divulgação
do UOL

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

09/11/2018 04h00

Os órfãos brasileiros de “Sons of Anarchy” já podem se sentir menos abandonados: estreia nesta sexta-feira (9), no Fox Premium 2, o spin-off “Mayans M.C.”, sobre um grupo de motociclistas do ensolarado sul da Califórnia. Mas não espere que o seu protagonista, EZ Reyes, seja um novo Jax Teller.

JD Pardo, que dá vida a EZ, revela que seu personagem não tem nada das origens “nobres” do colega interpretado por Charlie Hunnam em  “Sons of Anarchy”. “Jax Teller era o vice-presidente do grupo. O pai dele havia criado o clube dos Sons of Anarchy. Então, de certa forma, Jax Teller era um príncipe. Sempre o vi como um príncipe com esse grande reino. E quando você é um príncipe, a vida é um pouco mais fácil para você”.

O ator Charlie Hunnam posa para foto como Jackson 'Jax' Teller da série de TV "Sons of Anarchy" - Frank Ockenfels/FX - Frank Ockenfels/FX
O ator Charlie Hunnam como Jax Teller
Imagem: Frank Ockenfels/FX

EZ é descrito pelo ator como “um jovem inteligente morando nos Estados Unidos, um filho de pais imigrantes que está vivendo o sonho americano”. “Ele não quer nada com o mundo do crime ou com clubes de motociclismo”, completa. Circunstâncias trágicas, no entanto, o levam para a prisão. “Isso o transforma completamente. Ele vira um animal, ele se torna um sobrevivente”.

Quando a série começa, um EZ recém-saído da prisão tenta se restabelecer e recuperar sua identidade, em uma trama que, para o ator, guarda muita semelhança com os westerns. “A série é baseada nessa cultura motociclista, que é fascinante por si só. Mas parece um western quando estamos filmando, por causa da escuridão desse mundo e também das relações familiares e dos perigos em que esses personagens se encontram”.

As sombras de "SoA"

Filho de pai argentino e mãe salvadorenha, JD Pardo acumulou papéis em séries como “The OC”, “SWAT” e “East Los High” antes de ser escalado para “Mayans M.C.” Mas ele não havia visto nada de “Sons of Anarchy” até ser convidado para fazer o teste para o papel. “Quando estava me preparando, eu maratonei as sete temporadas, e me envolvi na hora. Eu queria ser parte disso”, lembra.

O ator sentiu a pressão de estrelar um spin-off de uma série que ficou no ar de 2008 a 2014 e teve seu episódio final visto por 9,26 milhões de espectadores só nos Estados Unidos. “É um desafio trabalhar dentro dessas grandes sombras”, diz. “Sabia que teria muitas comparações [com Hunnam], mas senti que o meu personagem era muito diferente e que era a minha responsabilidade contar a história de uma forma honesta e orgânica, de forma que eu não fosse apenas uma versão karaokê de Jax Teller. Eu realmente precisava criar algo diferente. E nisso eu posso realmente prestar minhas homenagens ao que ‘Sons of Anarchy’ era e ao que Charlie Hunnam fez”.

Durante as filmagens de “Mayans M.C.”, Pardo teve a oportunidade de ficar bem próximo a uma das estrelas de “Sons”: Katey Sagal, que interpretava Gemma. E a experiência foi, em suas palavras, “surreal” e “assustadora”.

“Eu estava muito feliz de vê-la no set, e com medo ao mesmo tempo. Eu me certifiquei de não ficar na frente dela. Não queria que ela me esfaqueasse na nunca”, brinca o ator. “Ela é uma mulher muito expressiva, e era a minha favorita de ‘Sons of Anarchy’. A forma como Katey interpretou Gemma foi uma aula de atuação, acho. Então [contracenar com ela] foi incrível, um lembrete de onde estamos vindo. Foi assim que começou, com Katey, Charlie, Ron Perlman e todos os ótimos atores de ‘Sons’”. 

Herança

Como latino, JD Pardo vê muitas semelhanças entre o sentimento de não-pertencimento que norteia EZ e sua trajetória em Hollywood. “Meu pai é da Argentina, minha mãe é de El Salvador. E este meio é construído em cima de estereótipo. Acho que às vezes eles pensam que todos os latinos são iguais, mas todos nós temos culturas diferentes, modos de falar diferentes, comidas diferentes. Eu tive que lutar contra isso, e aprender a lidar com isso”.

“Amadureci muito [com EZ] porque pude realmente ver a responsabilidade de estar na posição em que estou como latino, como latino-americano”, completa.

Para construir seu protagonista, Pardo teve, antes de tudo, de aprender a andar de moto – e passou um fim de semana em uma escola da Harley Davidson. “É engraçado, porque durante um fim de semana você tem essas aulas teóricas e então você sobe em uma moto e vai andar no estacionamento para aplicar o que você aprendeu. Mas as motos deles são muito pequenas, e semana depois eu estou nessas máquinas enormes e minhas mãos ficam dormentes porque os manetes ficam muito altos”.

Mas conduzir uma moto não foi o mais difícil. “Eu tive que ganhar uns 15 quilos para o papel. Eu estava malhando muito, comendo. Esse foi o maior desafio, para mim”.

Pardo também assistiu a muitos documentários sobre a vida na prisão – o que inspirou sua interpretação. “Para mim, o que se destacou foram os olhos. Mesmo quando os presos não falavam, você podia ver as palavras nos olhos deles. E eu queria muito mostrar como EZ é observador e absorve tudo. Para mim, é um resquício de como ele sobreviveu à prisão”.

"Mayans M.C."
Onde: Fox Premium 2
Quando: dia 9, às 20h; a partir do dia 16, às 23h

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