Contrariando estatísticas: ex-viciada em crack lança seu 1º disco como sambista
Quem hoje vê Esmeralda do Carmo Ortiz subir ao palco e cantar - "Sou guerreira, sou guerreira eu sou; hoje digo pro mundo inteiro, sou guerreira sim senhor"-, não imagina a trajetória da paulista de 36 anos.
Vítima de abusos sexuais e maus-tratos dentro da própria casa, ela tinha apenas 8 anos quando fugiu e passou a morar nas ruas de São Paulo em 1987. Esmeralda foi viciada em crack, roubou, traficou, teve mais de 50 passagens pela antiga Febem (Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor), quase matou e quase morreu em uma saga que renderia um roteiro de cinema.
Em um batalhão de resgate, educadores socioeducativos do Projeto Aprendiz tiraram Esmeralda das ruas antes da jovem completar 18 anos.
"Eles me perguntavam o que poderiam fazer para me ajudar, e eu vi que a responsabilidade da minha vida era só minha. Aí caiu a ficha"”, lembra.
A partir dali, Esmeralda foi ganhando força e poder de transformação: se internou, se desintoxicou, recebeu ajuda psicológica, participou de oficinas de arte, publicou um livro de poesia, dois livros autobiográficos ("Esmeralda – Por que não dancei" e "Diário da rua"), se formou em Jornalismo, conseguiu teto e emprego e agora está realizando um de seus maiores sonhos.
"Estou lançando um CD. A música foi uma das coisas que me salvou, ela veio para amenizar todas as mazelas da vida. Quando eu canto, eu consigo alcançar as mãos de Deus", comemora Esmeralda do Carmo Ortiz, que está iniciando sua turnê com sambista pelos palcos do Sesc em 2016.
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