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Dólar dispara e supera R$ 6 pela primeira vez em 11 semanas

Amanda Perobelli/Reuters
Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

Do UOL, em São Paulo (SP)

08/04/2025 14h13

O dólar voltou a ser vendido por mais de R$ 6 pela primeira vez desde o fim de janeiro. A variação alcançada no início desta tarde ocorre mesmo após a moeda norte-americana recuar nos primeiros momentos da sessão.

O que aconteceu

Dólar comercial supera R$ 6 após 76 dias. A última vez que a moeda norte-americana foi vendida acima da barreira foi em 22 de janeiro (R$ 6,020). Caso a cotação seja mantida até o final do pregão, será o maior patamar de fechamento da divisa desde 22 de janeiro (R$ 6,030).

Moeda disparou em pouco mais de uma hora. Das 11h03 às 12h28, o valor da divisa norte-americana saltou de R$ 5,887 para R$ 5,981. A variação foi ligeiramente atenuada nos minutos seguintes, mas voltou a aproximar o dólar dos R$ 6. Às 14h09, divisa era comercializada por R$ 6,002.

Na véspera, a moeda fechou cotada a R$ 5,911. O maior patamar de encerramento desde o dia 28 de fevereiro (R$ 5,916) foi atingido após o avanço de 1,29% da divisa. Em uma semana, desde a oficialização do "tarifaço" dos EUA sobre as importações globais, o dólar acumula alta superior a 5%.

Desempenho recente ajuda a entender disparada. Gustavo Rostelato, economista da Armor Capital, cita a desvalorização de 7,67% do dólar em relação ao real entre janeiro e março como determinante para o salto da moeda nos últimos dias. "O real brasileiro foi uma das moedas com melhor desempenho no primeiro trimestre, então, em um momento de redução do apetite por risco, é natural que sofra mais do que seus pares", avalia ele.

Valorização reflete temores com guerra comercial. As negociações entre China e Estados Unidos seguem no radar dos investidores. "Esse cenário de incerteza externa continua a gerar volatilidade, impactando diretamente os negócios no Brasil, especialmente em um momento em que empresários buscam maior previsibilidade", diz Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X.

A forte desvalorização da moeda chinesa, em meio ao aumento das tensões comerciais entre EUA e China, tem influenciado negativamente o desempenho do real, uma vez que a China é o principal parceiro comercial do Brasil.
Gustavo Rostelato, economista da Armor Capital

Desempenho da balança comercial preocupa. Diante da queda do preço das matérias-primas com cotação internacional, aumenta o receio de que a redução do consumo global afete as exportações brasileiras. "Como o Brasil é um grande exportador de commodities, uma cotação menor para a matéria-prima exportada envolve em uma piora na balança comercial e na arrecadação tributária, impactando a cotação do real", explica Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital.

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