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Dólar cai; Bolsa também fecha no vermelho após 'tarifaço' de Trump

Getty Images
Imagem: Getty Images
Camilla Freitas e Alexandre Novais Garcia

Do UOL, em São Paulo (SP)

03/04/2025 09h08Atualizada em 03/04/2025 20h54

O dólar caiu 1,25% hoje, primeiro dia de reação do mercado financeiro global após o anúncio das novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, e terminou o dia vendido a R$ 5,628, o menor valor desde outubro. O movimento acompanhou a desvalorização da moeda americana em outros países.

Já a Bolsa de Valores brasileira, que operou sem direção definida durante todo o dia, fechou com uma queda de 0,04%. Para os analistas ouvidos pelo UOL, esta quinta-feira foi marcada pela aversão ao risco.

O que aconteceu

Dólar comercial recuou desde os primeiros negócios do dia. A moeda fechou em R$ 5,628 acompanhando o movimento global de desvalorização da moeda norte-americana. O dólar turismo também teve queda forte, 1,44%, e fechou vendido a R$ 5,843.

Medos e incertezas regeram mercado. Isso porque a imposição de tarifas a produtos importados pelos Estados Unidos, anunciada ontem em evento promovido por Donald Trump, pode gerar um choque inflacionário. Ou seja, a medida tende a encarecer produtos e reduzir o consumo em um primeiro momento. "Essa desaceleração da economia americana leva à fuga do dólar, enfraquecendo a moeda no mundo, pelo menos inicialmente", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

O raciocínio é que o mundo vai parar de crescer, vai crescer menos ou vai haver uma desaceleração de crescimento. Com isso, a consequência será menos demanda.
Alison Correia, analista da Dom Investimentos

A Bolsa de Valores Brasileira, por outro lado, mostrou comportamento diferente do resto do mundo. Apesar de o Brasil sofrer com taxação mínima entre as anunciadas, 10%, o Ibovespa abriu o pregão com o mesmo comportamento das outras Bolsas mundiais, em queda. Contudo, o principal índice do mercado acionário brasileiro começou a subir e a oscilar bastante.

Ibovespa fecha o dia com queda tímida. Com uma variação negativa 0,04%, a Bolsa terminou o pregão com 131.140 pontos. Enquanto isso, pelo mundo, as Bolsas despencaram. Nos Estados Unidos, por exemplo, o índice Dow Jones recuou 3,98%, o Nasdaq perdia 5,97%, e o S&P 500, que reúne as empresas mais negociadas da Bolsa de Nova York, registrou seu pior desempenho diário desde junho de 2020, com uma queda de 4,84%.

Mercado precisam de tempo para se ajustar à nova realidade. "O anúncio de uma nova tarifa causa uma certa mudança, o que significativa que as relações passam a ter, de início, poucas clarezas", diz Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos. Ainda não se sabe, por exemplo, se haverá negociações para isenções. Se em um primeiro momento Trump pareceu ser irredutível a voltar atrás, não parece ser o caso e alguns chefes de estado já foram chamados à mesa de negociação.

Não há definição sobre possíveis retaliações. Segundo relatório da XP Investimentos, setores exportadores de commodities, como o agronegócio, podem se beneficiar da taxação de 34% imposta pelos EUA à China, já que isso pode impulsionar investimentos chineses em infraestrutura no Brasil e na América Latina. Por outro lado, há o risco de novas barreiras comerciais devido ao fortalecimento da relação estratégica entre Brasil e China.

O que esperar do Ibovespa

A continuidade do conflito comercial pode levar a uma desaceleração mais intensa da economia dos EUA e global, impactando ativos de risco, incluindo os brasileiros. "Uma desaceleração da economia americana reduz a demanda global, aumenta a aversão ao risco e provoca fuga de capital para ativos mais seguros, prejudicando mercados emergentes como o Brasil", aponta relatório da XP Investimentos.

Petróleo já demonstra queda. A taxação de 10% sobre importações pode afetar os principais produtos brasileiros vendidos aos EUA, como petróleo bruto, aço semiacabado e café. O impacto já se reflete na Bolsa brasileira. Entre as cinco ações que mais perderam no dia, três são de setores do petróleo: Brava Energia (BRAV3) caiu 7,36%; PRIO (PRIO3) caiu 6,62% e a PetroRecôncavo (RECV3) caiu 5,48%

Com o dólar mais fraco, a pressão inflacionária tende a diminuir, reduzindo a necessidade de juros elevados no futuro. Esse cenário, segundo Eduardo Carlier, co-diretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management, favorece empresas ligadas ao ciclo doméstico, como varejo e construção civil, que dependem do crédito e do consumo interno. Com juros mais baixos, o custo do financiamento cai, estimulando investimentos e o crescimento dessas companhias.

Empresas de infraestrutura são destaques. Entre as maiores altas, duas empresas representam o setor de energia A Engie Brasil (EGIE3) que valorizou 4,66% e a Auren Energia (AURE3), empresa de energia sustentável, que foi durante todo o dia o maior destaque com uma valorização de 7,58% em suas ações.

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