Topo
Notícias

Entenda relação comercial entre Brasil e EUA antes do 'tarifaço'

Presidente dos EUA, Donald Trump, anuncia seu "tarifaço" na Casa Branca - Carlo Barria - 02.abr.25/Reuters
Presidente dos EUA, Donald Trump, anuncia seu "tarifaço" na Casa Branca Imagem: Carlo Barria - 02.abr.25/Reuters

Do UOL, em São Paulo (SP)

02/04/2025 20h00

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou hoje sobretaxas para produtos importados pelo país de praticamente todos os seus parceiros comerciais, inclusive o Brasil, que terá uma tarifa de mínima de 10%.

O principal produto exportado pelo Brasil atualmente para os EUA é petróleo bruto, seguido por ferro e aço. Na outra ponta, o Brasil importa dos americanos principalmente motores e máquinas e combustíveis. Entenda a relação comercial entre os dois países até este momento.

Comércio entre Brasil e EUA

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, o país teve uma participação de 12% nas exportações brasileiras e de 15,5% nas importações feitas pelo Brasil. Foram cerca de US$ 40,3 bilhões em exportações e US$ 40,5 bilhões em importações dos EUA no ano passado, segundo dados do governo brasileiro.

Relação comercial com os EUA cresceu no último ano. Em 2024, as exportações brasileiras para os EUA tiveram um crescimento expressivo de 9,2%. Já as importações cresceram 6,9%. Os EUA ficam atrás apenas da China, que é de longe o principal parceiro do Brasil, de onde importamos US$ 94,4 bilhões em 2024.

Brasil está em 18º lugar dentre os exportadores para os EUA. A importância do Brasil para os EUA é bem menor. O país foi o nono maior importador de produtos americanos em 2024 (até novembro), segundo dados do governo americano. Entre os exportadores, o Brasil cai para 18º lugar, atrás de países como Singapura, Malásia, Vietnã e Tailândia.

Brasil exporta petróleo bruto e importa máquinas. O principal produto exportado pelo Brasil para os EUA é petróleo bruto (14% das exportações em 2024). Seguido por produtos semiacabados de ferro e aço (8,8%), aeronaves (6,7%) e café não torrado (4,7%). Na outra ponta, o Brasil importou dos americanos principalmente motores e máquinas (15%), óleos combustíveis de petróleo (9,7%), aeronaves e suas partes (4,9%) e gás natural (4,1%).

Investimentos e turismo

EUA são o principal investidor estrangeiro no Brasil. Em 2022, os americanos respondiam por quase 30% do total de investimentos estrangeiros diretos no Brasil, com um estoque de mais de US$ 228 bilhões. Já em 2023 o número de investimentos de empresas americanas anunciados no Brasil foi 50% maior que o anunciado em 2022, o que mostra que o interesse dos americanos no país vem crescendo. Os principais focos de investimento são tecnologia e economia verde. Os dados são de um estudo da Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) em parceria com a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

Brasil é o quinto país que mais envia turistas aos EUA. O Brasil enviou 1,5 milhão de turistas aos EUA em 2024 (dados até outubro). Com isso, é o quinto país de outro continente que mais enviou turistas aos EUA, segundo dados do governo americano. A conta não inclui Canadá e México. O Brasil fica atrás de Reino Unido, Índia, Alemanha e Japão.

EUA são o segundo país que mais envia turistas ao Brasil. Ainda assim, o número absoluto é um terço do número de brasileiros que visitaram os EUA. Até outubro de 2024, cerca de 572 mil americanos visitaram o Brasil, o que coloca o país em segundo lugar dentre os que mais enviaram turistas ao Brasil em 2024. O primeiro lugar fica com a Argentina, que enviou mais de 1,5 milhão de visitantes ao Brasil no ano passado.

Relação antiga

Economia americana é de longe a maior do mundo. O PIB americano é de US$ 28 trilhões, enquanto o brasileiro é de US$ 2 trilhões. O dado evidencia a assimetria existente na relação entre Brasil e EUA, com maior peso para os americanos.

Brasil é um aliado histórico e tem papel importante para empresas americanas. Ainda que a economia americana seja gigantesca, o Brasil tem papel importante na cadeia de produção de empresas americanas, que fabricam partes de seus produtos aqui. Dentre os setores nos quais o Brasil atua estão a indústria automobilística e a de equipamentos eletrônicos.

Trump já ameaçou taxar produtos estratégicos vindos do Brasil, mas voltou atrás. Em seu primeiro mandato, Trump ameaçou aumentar a taxação do aço e do alumínio vindos do Brasil. Os produtos estão entre os principais itens da relação comercial entre os dois países. Após conversa com o então presidente Bolsonaro, o republicano voltou atrás.

Notícias