Lula critica taxação de Trump e diz que medida prejudicará os EUA

O presidente Lula (PT) disse hoje que Donald Trump precisa medir as consequências de suas decisões e que elevar as tarifas dos importados é ruim para os Estados Unidos.
O que aconteceu
"Sinceramente, se ele [Donald Trump] está pensando que, tomando essa decisão de taxar tudo aquilo que os Estados Unidos importam, eu acho que vai prejudicar os Estados Unidos. Isso vai levar a uma inflação que ele ainda não está percebendo", afirmou Lula. Trump taxou o aço e o alumínio brasileiro em 25%, além de produtos de outros países.
Medida foi anunciada por Trump em 9 de fevereiro e passou a valer em 12 de março. Dependência dos EUA pelo aço acontece porque as reservas internas do país estão praticamente vazias. Além do aço e alumínio, começam a valer também em 12 de março as taxas de 25% de importação para outros produtos, como cobre e madeira serrada.
Da parte do Brasil, ele taxou o aço brasileiro em 25%. Nós temos duas decisões a fazer. Uma é recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), que nós vamos recorrer, e a outra é a gente sobretaxar os produtos americanos que nós importamos.
Lula, sobre a taxação imposta pelo presidente Donald Trump, em coletiva de imprensa em Tóquio, no Japão.
Para Lula, o governo brasileiro tem o direito de "colocar em prática a lei da reciprocidade". "Não dá para a gente ficar quieto achando que só eles têm razão e que só eles podem comprar e taxar outros produtos."
Muito ruim essa tributação, porque ao invés da gente facilitar o comércio no mundo, esse protecionismo não ajuda nenhum país do mundo. Não ajuda. Vamos ver as consequências disso. Acho que será ruim para os Estados Unidos. Vamos esperar o tempo, porque o tempo, quem sabe nesse caso, seja o senhor da razão.
Lula ao criticar taxação adotada por Donald Trump.
Trump "não o é xerife do mundo". O presidente do Brasil ressaltou que o papel do republicano é limitado à presidência dos Estados Unidos e não à governança global. Para o petista, essa política é negativa e afeta o comércio global. "O livre comércio é que está sendo prejudicado. O multilateralismo está sendo derrotado."
Em 2024, as exportações de aço do Brasil totalizaram 4,3 milhões de toneladas, representando 1,58% do total enviado para fora do país. O impacto é especialmente preocupante porque 48% das exportações brasileiras do setor de ferro e aço são destinadas aos EUA, um mercado que depende do fornecimento brasileiro para abastecer as próprias siderúrgicas.
Viagem ao Japão
Acompanhado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), Lula afirmou que levará os congressistas nas próximas viagens. "Só não viajarão comigo quando não quiserem.", disse Lula.
Durante a semana, presidente afirmou que o Brasil irá assinar dez acordos de cooperação "nas mais diversas áreas" com o Japão, além de convênios entre empresas, bancos e universidades. Lula exaltou a importância que o Japão teve para a economia brasileira no passado, mas disse que é preciso aprimorar a relação bilateral, que "não andou bem" na última década.
Entre as oportunidades de negócio bilateral, o presidente citou a agenda climática, com destaque para a intenção do Japão de aumentar a proporção de etanol presente na gasolina. Lula também mencionou a expectativa com a ampliação dos investimentos de montadoras japonesas como a Honda, a Nissan e a Mitsubishi na produção local de veículos elétricos e híbridos.
Lula disse também que é preciso avançar nas tratativas para a assinatura de um acordo de comércio entre o Japão e os países do Mercosul. "Em um mundo cada vez mais complexo, é fundamental que parceiros históricos se unam para enfrentar as incertezas e instabilidades da economia."
*Com informações de Estadão Conteúdo