Campos Neto é 'Cavalo de Troia' do governo Bolsonaro, diz Mantega
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é tido como "Cavalo de Troia" do governo de Jair Bolsonaro (PL), afirmou o ex-ministro Guido Mantega no UOL News, do Canal UOL, nesta sexta-feira (20).
Não tenho a menor dúvida disso [que a proximidade política dele com bolsonaristas contaminou a sua gestão à frente do Banco Central], porque ele é um cavalo de troia do governo Bolsonaro. Ele foi indicado pelo governo Bolsonaro, ele teve um desempenho diferente no governo Bolsonaro do que no governo Lula.
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff
A expressão "Cavalo de Troia" é usada para se referir a uma estratégia para enganar o inimigo e tem origem na história do cavalo de madeira enviado de presente pelos gregos aos troianos com soldados escondidos durante a Guerra de Troia.
Campos Neto foi indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para comandar o Banco Central, em 2019. Ele será substituído a partir de 2025 pelo economista Gabriel Muricca Galípolo, de 42 anos, indicado por Lula.
Durante os quase seis anos de mandato, Campos Neto e Lula tiveram atritos, principalmente devido à taxa de juros elevada. Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), ocorrido nesta semana, o Banco Central decidiu aumentar a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. Lula, então, voltou disparar críticas contra o BC de Campos Neto.
Eu acho que os juros estão altos demais, assim como sempre estiveram no Brasil nos últimos 30 anos, mas não havia a necessidade do aumento de 1%. Você poderia fazer um caminho gradual. Um juro muito alto prejudica todo mundo, até o setor financeiro.
Então foi alto demais, não faz o menor sentido. O Brasil está com a segunda maior taxa de juros do mundo. Não temos a maior inflação do mundo. Não temos o maior desequilíbrio fiscal do mundo.
No governo Bolsonaro, ele baixou a taxa de juros ao patamar mais baixo da história, 2%. Ele usava a intervenção do Banco Central no câmbio --ele usou em vários momentos, colocou R$ 75 bilhões no câmbio-- e aí mudou de pensamento no governo Lula. Por quê? Eu acho que é para prejudicar o desempenho econômico da economia.
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff
Mantega: Foi criada uma crise artificial para desestabilizar o governo Lula
No UOL News, Mantega afirmou que uma crise artificial foi criada para desestabilizar o governo Lula (PT), e parte da culpa é do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
A economia no governo Lula está indo muito bem, vários setores crescendo, indústria crescendo, investimento aumentando, consumo em um nível bastante apropriado, a inflação está sob controle e as contas externas vão muito bem.
Então, foi criada uma crise artificial, e eu acho que o Roberto Campos tem muita responsabilidade nisso (...) Foi criado um clima político adverso propositalmente.
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff
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