O mercado não é uma entidade divina e intocável e parte dele também realiza terrorismo, opinou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta quinta-feira (19), após o dólar começar o dia em alta e ter alcançado a marca de R$ 6,30.
Sakamoto pondera que há realmente um problema fiscal, mas isso não deve ser visto como "o fim do mundo".
Discordar do mercado não é pecado. Até porque o mercado não detém o monopólio da certeza e da razão.
É claro que há um problema fiscal, mas não é o fim do mundo como muitas pessoas colocam. É necessário o ajuste, são necessárias mudanças, sim, mas o tamanho pânico do mercado não se justifica pela situação atual do país, com emprego, renda e economia crescendo.
Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
O colunista destaca que parte dos operadores financeiros faz alarde para "ganhar em cima do sofrimento do país".
Você tem gente no mercado que está preocupada com o futuro da economia, gente no mercado que está 'panicada', gente no mercado seguindo fake news e gente no mercado especulando loucamente para ganhar dinheiro em cima do sofrimento do país também. E gente que está usando a força de suas operações para fazer pressão contra a taxação de dividendos. Não dá para dizer que todos os operadores do mercado tenham a escala racional que o ex-ministro [Maílson da Nóbrega] colocou.
Quando aqueles 17 setores conseguiram a prorrogação dos subsídios, o mercado não jogou o dólar para R$ 6,30 pensando que o Brasil iria quebrar, apesar do tamanho da pancada para as contas públicas que aquilo significava. O Brasil estava com um problema naquele momento, o Congresso passou uma coisa que não faz sentido na atual conjuntura. Temos uma bolsa-empresário no Brasil que precisa ser cortada, mas o mercado não surta com isso.
A única solução aceita é só tascar na cabeça do trabalhador. Qualquer coisa fora disso, não agrada as elites, não agrada o poder econômico. O que acontece no final das contas? O mercado só surta quando o governo tentar algo além de cortar dos pobres. O mercado não é uma figura, não é uma pessoa, é uma confluência de interesses. Infelizmente, muitas vezes esses interesses não são os interesses do Brasil.
Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Kupfer: Real é moeda que mais desvaloriza no mundo, e isso não é novidade
O real brasileiro é a moeda que mais se desvaloriza no mundo em relação ao dólar, neste momento, e isso não é novidade, avaliou o colunista José Paulo Kupfer.
Kupfer explicou que há três fatores que alavancam a alta do dólar. Um deles seria o peculiar mercado cambial brasileiro.
O nosso mercado de dólar à vista, de compra e venda, é um mercado pequeno, não está nem entre os 20 maiores do mundo em volume diário. Porém, o mercado de derivativos de dólar, de contratos de dólar na bolsa brasileira, na B3, é o segundo maior do mundo. Só perde para os Estados Unidos.
Então, o que acontece? Esse mercado de derivativos de dólar, onde se negocia contratos de dólar em reais, não entra dólar nesse mercado, ele por ser muito mais líquido, muito maior do que o mercado à vista, e isso é uma jabuticaba brasileira, ele é que forma o preço do mercado à vista.
Então, a moeda brasileira, o real, neste momento, é a que mais desvaloriza no mundo. Isso aí não é novidade. Toda vez que o dólar tem movimento de valorização no mundo inteiro a moeda brasileira é a que mais valoriza ou pelo menos uma das três que mais valoriza porque tem essa peculiaridade: mercado de derivativos de contratos de dólar em real na bolsa brasileira. José Paulo Kupfer, colunista do UOL
Assista ao comentário:
Especulação e volatilidade do dólar explicam alta histórica, diz economista
A especulação e a volatilidade do dólar explicam a alta histórica da moeda americana em relação ao real brasileiro, analisou o economista Pedro Rossi.
A coisa que explica o dólar [ao pico histórico] se chama especulação. E o Brasil, ele tem a moeda volátil, a mais do sistema internacional, entre as moedas mais importantes já há muito tempo.
Pedro Rossi, professor e economista
Assista ao comentário:
Josias: Liberado para ir a Brasília, Lula terá reunião breve com ministros
O presidente Lula foi liberado pelos médicos para voltar a Brasília após realizar novos exames, e agora terá uma reunião breve e apenas com os ministros mais próximos, declarou o colunista Josias de Souza.
O presidente, estava sendo organizado já, prevendo que o Lula retornaria, um encontro com os ministros. Inicialmente, dizia-se que esse encontro seria na Granja do Torto. Ontem se dizia que o mais provável é que o Lula preferisse fazer no Alvorada, e reduzindo muito. No final do ano passado ele fez uma reunião ministerial que durou nove horas, e o presidente, recém-operado, embora liberado pelos médicos, evidentemente não pode se submeter a uma reunião ministerial de nove horas.
Então, vai se fazer uma coisa menor, é mais confraternização do que reunião de ministros. O presidente, evidentemente, vai dar o seu recado. Prevê-se que ele fale aos ministros, que dê algumas sinalizações, até algumas broncas, mas não vai haver espaço para que muitos ministros se pronunciem durante a reunião. O que se prevê é que só os ministros palacianos ali, o Rui Costa, o Fernando Haddad, talvez. E nada mais.
Vai ser uma reunião breve e a conjuntura não é boa para o Lula. Ele está chegando num momento difícil, enfrenta desconfiança do mercado e chantagem do Congresso Nacional. De fato, vai precisar de muita energia.
Josias de Souza
Assista ao comentário:
O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h, com apresentação de Fabíola Cidral, e às 17h, com Diego Sarza. Aos sábados, o programa é exibido às 11h e 17h, e aos domingos, às 17h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.
Veja a íntegra do programa: