Kupfer: real é moeda que mais desvaloriza no mundo, e isso não é novidade
O real brasileiro é a moeda que mais se desvaloriza no mundo em relação ao dólar, neste momento, e isso não é novidade, avaliou o colunista José Paulo Kupfer, no UOL News, do Canal UOL, nesta quinta-feira (19).
Na quarta, a moeda americana fechou em forte alta de 2,82%, cotado a R$ 6,26, novo recorde, sob temor de que o pacote de corte de gastos proposto pelo governo federal seja desfigurado no Congresso. Apenas em 2024, a desvalorização do real frente ao dólar chega a 21%.
Kupfer explicou que há três fatores que alavancam a alta do dólar. O primeiro deles, seria a política econômica prometida pelo presidente eleito Donald Trump, o que leva o FED (o banco central dos Estados Unidos) a uma maior timidez na condução de juros.
Então, quando há uma perspectiva para a valorização do dólar, os capitais do mundo inteiro correm para o dólar, porque o mercado americano ainda é considerado o mais seguro. José Paulo Kupfer, colunista do UOL
O segundo ponto apresentado por Kupfer seria o peculiar mercado cambial brasileiro.
O nosso mercado de dólar à vista, de compra e venda, é um mercado pequeno, não está nem entre os 20 maiores do mundo em volume diário. Porém, o mercado de derivativos de dólar, de contratos de dólar na bolsa brasileira, na B3, é o segundo maior do mundo. Só perde para os Estados Unidos.
Então, o que acontece? Esse mercado de derivativos de dólar, onde se negocia contratos de dólar em reais, não entra dólar nesse mercado, ele por ser muito mais líquido, muito maior do que o mercado à vista, e isso é uma jabuticaba brasileira, ele é que forma o preço do mercado à vista.
Então, a moeda brasileira, o real, neste momento, é a que mais desvaloriza no mundo. Isso aí não é novidade. Toda vez que o dólar tem movimento de valorização no mundo inteiro, a moeda brasileira é a que mais desvaloriza ou pelo menos uma das três que mais desvaloriza porque tem essa peculiaridade: mercado de derivativos de contratos de dólar em real na bolsa brasileira. José Paulo Kupfer, colunista do UOL
E, por fim, no terceiro ponto, Kupfer argumentou que a alta do dólar também tem parcela de culpa do governo Lula.
E esse é um dos mais importantes e é concreto. E aí entra uma culpa do governo, mas não é só do Lula dos dias. É também do moderado [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad. É do governo em geral.
É o seguinte, o governo anunciou que ia isentar, que vai isentar as rendas até R$ 5 mil mensais no imposto de renda. Para compensar isso, porque isso aí é uma perda de receita no momento em que há uma pressão nas contas públicas verdadeiras, mas não tão insustentável assim.
Para compensar isso, anunciou que ia criar um imposto mínimo sobre rendas altas, acima de R$ 50 mil mensais, o que dá R$ 600 mil por ano. Que imposto é esse? Como ele vai funcionar? Ninguém sabe. O governo não falou, não adiantou. Não fez a regra. O que aconteceu? José Paulo Kupfer, colunista do UOL
O colunista concluiu que, com isso, muita gente tem antecipado à taxação e realocado o seu portfólio.
Todo mundo que tinha ação, aplicação em papéis, em ativos incentivados (do agronegócio, imobiliário), que não pagam impostos, em algum momento vai pegar, sem aviso prévio, esses rendimentos, vai taxar o que era isento. Ou seja, a carga desses tributadores vai aumentar. E o que esses caras estão fazendo uma realocação desse portfólio. Estão antecipando uma eventual perda. José Paulo Kupfer, colunista do UOL
Sakamoto: Mercado não é entidade divina e parte dele também faz terrorismo
O mercado não é uma entidade divina e intocável e parte dele também realiza terrorismo, opinou o colunista Leonardo Sakamoto.
Discordar do mercado não é pecado. Até porque o mercado não detém o monopólio da certeza e da razão.
Você tem gente no mercado que está preocupada com o futuro da economia, gente que está 'panicada', gente seguindo fake news e gente especulando loucamente para ganhar dinheiro em cima do sofrimento do país também. E gente que está usando a força de suas operações para fazer pressão contra a taxação de dividendos.
O mercado só surta quando o governo tentar algo além de cortar dos pobres. O mercado não é uma figura, não é uma pessoa, é uma confluência de interesses. Infelizmente, muitas vezes esses interesses não são os interesses do Brasil.
Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Especulação e volatilidade do real explicam alta do dólar, diz economista
A especulação e a volatilidade do dólar explicam a alta histórica da moeda americana em relação ao real brasileiro, analisou o economista Pedro Rossi.
A coisa que explica o dólar [ao pico histórico] se chama especulação. E o Brasil, ele tem a moeda volátil, a mais do sistema internacional, entre as moedas mais importantes já há muito tempo.
Pedro Rossi, professor e economista
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