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Banco Central admite inflação acima do teto da meta neste ano

Andre Ribeiro/Thenews2/Folhapress
Imagem: Andre Ribeiro/Thenews2/Folhapress

Do UOL, em São Paulo (SP)

19/12/2024 08h45

O BC (Banco Central) acompanhou as previsões do mercado financeiro e cravou que a inflação de 2024 ficará acima do teto da meta. Conforme as projeções apresentadas nesta quinta-feira (19) pelo RTI (Relatório Trimestral de Inflação), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deve fechar este ano em 4,84%, após alta prevista de 4,35% em setembro.

O que aconteceu

Autoridade monetária admite inflação acima do teto da meta. O BC avalia que a possibilidade de o IPCA superar o limite da meta neste ano é de 100%, ante estimativa de 36% divulgada no RTI de setembro. Para 2025, a chance de furar o limite saltou de 28% para 50%.

Na comparação com o Relatório anterior, as projeções de inflação subiram em todo o horizonte apresentado, aumentando assim o distanciamento em relação à meta e tornando a convergência para a meta mais desafiadora.
Relatório Trimestral de Inflação

Índice oficial de preços não deve fechar 2024 na meta. O intervalo estabelecido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) determina que IPCA deve terminar este ano em 3%. O valor tem margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, entre 1,5% e 4,5%.

IPCA precisa ficar abaixo de 0,2% em dezembro para não furar o teto. Com a inflação acumulada nos 12 meses finalizados em novembro em 4,87%, o reconhecimento do estouro surge em linha com a expectativa do mercado financeiro de que o índice ficará em 0,58% neste mês.

Preços dos alimentos motivam as novas projeções, afirma BC. A elevação é justificada pelo comportamento das carnes, que acompanha a forte alta do boi gordo e da carne bovina industrializada. Segundo a autoridade monetária, o movimento reflete "a demanda aquecida - em particular para a exportação - quanto à oferta mais limitada de animais para o abate, com impacto da estiagem prolongada sobre as pastagens e, possivelmente, da reversão do ciclo do boi".

Sazonalmente, o segmento tende a apresentar variações mais elevadas nos meses finais do ano, mas a aceleração no período também pode ser observada nos dados trimestrais dessazonalizados.
Relatório Trimestral de Inflação

Preços administrados evoluem em ritmo abaixo do esperado. A avaliação do BC considera o fim do reajuste da gasolina em junho. Ainda assim, a inflação do segmento foi pressionada pela alta das contas de luz, devido à passagem de bandeira verde em agosto para amarela em novembro, por conta de condições hídricas desfavoráveis.

Expectativas "continuam desancoradas" para os próximos anos. A projeção para o índice de preços em 2025 subiu 3,95% para 4,59%. Se confirmado, o percentual também supera o limite superior do intervalo de tolerância em torno da meta. Já para 2026, a estimativa de alta do IPCA avançou de 3,6% para 4%.

Movimentos justificam aumentos da taxa Selic. A taxa básica de juros, que figura como principal instrumento de política monetária para conter o avanço da inflação, subiu 1,75 ponto percentual nas últimas três reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), de 10,5% ao ano para 12,25% ao ano. Na ata do último encontro, ficam estimadas mais duas elevações de 1 ponto percentual da taxa Selic, para 14,25% ao ano, em março de 2025.

Enfatizou-se que os vetores inflacionários se intensificaram desde a reunião anterior, como hiato do produto mais positivo, o mercado de trabalho ainda mais dinâmico, a nova depreciação cambial, a inflação corrente mais elevada e as expectativas de inflação mais desancoradas, tornando a convergência da inflação à meta mais desafiadora.
Ata do Copom

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