Banco Central eleva juros a 12,25% ao ano e prevê chegar a 14,25% em março
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu nesta quarta-feira (11) aumentar a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. É a maior alta desde maio de 2022.
Além de promover um aumento superior ao que a maior parte do mercado financeiro esperava — que era 0,75 ponto percentual —, o comitê avisou que pode realizar mais duas elevações de 1 ponto nas reuniões de janeiro e março, chegando a 14,25% ao ano no final do primeiro trimestre de 2025, para tentar domar a inflação.
A elevação foi decidida em unanimidade pelos nove membros do comitê. Esta foi a sua última reunião sob o comando de Roberto Campos Neto, que deixa a presidência do BC no dia 31 após quatro anos no cargo. A partir do dia 1º, assume Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O que aconteceu
Após reunião de dois dias, o Copom anunciou sua decisão no início da noite. Este é o terceiro aumento seguido da Selic, que chega ao maior nível desde novembro de 2023.
A última edição da pesquisa semanal Focus, do próprio BC, havia apontado que a maioria dos analistas esperava alta de 0,75 p.p. da Selic nesta quarta (11). Porém, algumas instituições financeiras, como os bancos Itaú e BTG Pactual, apostavam em aumento maior por causa da inflação.
O índice oficial de inflação no país ficou em 0,39% em novembro, segundo informado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na terça (10). Apesar de ter desacelerado em relação ao 0,56% registrado em outubro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) permanece acima do teto da meta.
Pelas atuais regras, a meta para a inflação é de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 p.p. para mais ou para menos. Ou seja, o IPCA pode variar entre 1,5% e 4,5% em 2024. Em novembro, o índice acumulado em 12 meses atingiu 4,87%. A variação apurada para o período entre dezembro de 2023 e novembro de 2024 é a maior desde o período finalizado em setembro do ano passado (5,19%). No ano, até novembro, a variação dos preços é de 4,29%.
A última edição da Focus projeta que o IPCA vai terminar o ano em 4,84%. Para o final de 2025, que tem a mesma meta de 2024, a estimativa é de 4,59%.
O cenário mais recente é marcado por elevação das projeções de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade [econômica] e maior abertura do hiato do produto, o que exige uma política monetária ainda mais contracionista. O Copom então decidiu realizar um ajuste de maior magnitude [nos juros] e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.
Copom, em comunicado ao público anunciando aumento da Selic
Todos os nove membros do Copom concordaram com a decisão tomada. Além de Campos Neto, votaram os diretores: Gabriel Galípolo (política monetária), Ailton de Aquino Santos (fiscalização), Carolina de Assis Barros (relacionamento institucional, cidadania e supervisão de conduta), Diogo Abry Guillen (política econômica), Otávio Ribeiro Damaso (regulação); Paulo Picchetti (assuntos internacionais e gestão de riscos corporativos), Renato Dias de Brito Gomes (organização do sistema financeiro) e Rodrigo Alves Teixeira (administração).
O que é e como funciona a Selic
A taxa Selic é definida pelo Copom. A taxa básica de juros é o principal instrumento que o BC tem para tentar controlar a inflação.
Os juros influenciam o consumo e crédito. A variação da Selic impacta diretamente o consumo das famílias e a tomada de crédito, afetando o comportamento econômico no país.
Aumento da Selic reduz consumo. Quando a inflação está alta, o Banco Central eleva os juros para conter o consumo e pressionar os preços para baixo. Em cenários de inflação baixa, o BC diminui a taxa básica para incentivar o consumo e a atividade econômica.
Selic afeta todas as taxas de juros. As taxas cobradas em empréstimos e financiamentos e as pagas por aplicações financeiras estão atreladas à variação da taxa básica.
Rendimento de renda fixa cresce com alta da Selic. Investimentos atrelados à taxa básica, como o Tesouro Selic, passam a oferecer maior retorno, enquanto a poupança segue perdendo competitividade.