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Falsa vacinação de idosa: 1ª perícia mostra que seringa não tinha defeito

do UOL

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

03/02/2021 23h54

A seringa que foi usada por uma técnica de enfermagem que simulou vacinar uma idosa de 97 anos, na campanha de imunização contra a covid-19, em Maceió, não apresentou defeito no funcionamento do êmbolo. Esse foi o resultado preliminar apontado hoje por peritos criminais do Laboratório Forense do Instituto de Criminalística de Alagoas — eles iniciaram uma série de exames para constatar se ocorreu alguma irregularidade ou defeito nas seringas do lote que a técnica de enfermagem usou na vacinação.

O caso foi descoberto graças a um vídeo feito por uma cuidadora de idosa. A imagem mostra a técnica de enfermagem furando o braço esquerdo da idosa, mas ela não injeta o imunizante e retira a seringa intacta.

A seringa e o imunizante foram encontrados, na última sexta-feira (29), no local de descarte do estacionamento do Pátio Shopping, no bairro Benedito Bentes, onde a profissional trabalhou no dia da falsa vacinação. O nome da técnica de enfermagem não foi divulgado, e ela foi afastada da função ainda no dia 28. O UOL tenta localizá-la desde o último dia 28 de janeiro, mas sem sucesso.

A diretora do Laboratório Forense, Rosana Coutinho, informou que o órgão recebeu lacrada a caixa coletora de materiais infectantes utilizada pela técnica de enfermagem. O material estava em poder da SMS (Secretaria Municipal de Saúde) e foi enviado ontem (2), após determinação do MP-AL (Ministério Público de Alagoas).

Os peritos contabilizaram, na primeira análise do material, quantas seringas e agulhas tinham sido descartadas na caixa. "No primeiro exame, constatamos que no interior da caixa estavam depositadas 119 unidades de seringas usadas e descartadas. Desse total, apenas uma dessas seringas possuía líquido em seu interior", disse a perita criminal Bárbara Fonseca.

A seringa passou por um teste que mostrou que o êmbolo, que injeta o líquido ao ser acionado manualmente, não apresentou defeito. Ou seja, a seringa funcionou normalmente. "O objetivo desse segundo exame foi averiguar a correta adequação da seringa quanto à expulsão do líquido, contido em seu interior", explicou a perita criminal.

Um laudo com o resultado dos exames deverá ser confeccionado nos próximos dias para ser enviado ao MP-AL e à Delegacia Geral de Polícia de Alagoas. As autoridades dependem da conclusão para instaurar inquérito criminal contra a técnica de enfermagem.

Falsa vacinação em idosa

A idosa, de 97 anos, foi levada pela cuidadora ao estacionamento do Pátio Shopping, no bairro Benedito Bentes, por volta das 12h do dia 28 de janeiro, para ser vacinada. Entretanto, ela teve apenas o braço esquerdo furado pela agulha, sem que o líquido da vacina fosse injetado pela técnica de enfermagem.

Familiares procuraram os responsáveis pela campanha de vacinação. Depois de ter sido constatada a simulação da vacina, a idosa voltou ao local e foi vacinada corretamente por outra profissional de saúde. Uma neta da idosa contou que ela estava ansiosa em ser vacinada, pois está sem receber visitas de filhos e netos desde o início da pandemia.

Após o ocorrido, a prefeitura afirmou que mudou o protocolo de vacinação, com ampliação da fiscalização, e determinou que o profissional de saúde que for vacinar alguém terá que mostrar a seringa cheia antes da aplicação e vazia após o procedimento.

Nas imagens feitas pela cuidadora da idosa, a técnica de enfermagem prepara o local da injeção passando um algodão, depois injeta a agulha e não aperta o êmbolo, deixando todo o líquido dentro do cilindro. "Isso dá reação?", questiona a cuidadora da idosa. A técnica responde em seguida: "geralmente, eu não vejo ninguém comentar até agora". A cuidadora pergunta: "só isso?". "Só", responde a técnica de enfermagem, enquanto retira a injeção intacta e passa o algodão no braço da idosa.

Apesar da vacinação para idosos com idade a partir de 85 anos ter se encerrado hoje, nos pontos de vacinação, as equipes continuam atendendo os idosos acamados. A SMS não informou quantos idosos a partir de 85 anos de idade foram vacinados no total em Maceió.

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