Topo
Notícias

US$ 2,1 bilhões: bombardeiro invisível B-2 é o avião mais caro da história

do UOL

Vinícius Casagrande

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/01/2021 04h00

Um avião invisível aos radares e com mais de 30 anos é a aeronave mais cara já produzida em todo o mundo. Trata-se do bombardeiro Northrop Grumman B-2 Spirit. Foram produzidas 21 unidades do modelo, ao custo de US$ 2,1 bilhões (R$ 10,9 bilhões) cada avião.

O B-2 Spirit tem o design de uma asa voadora e é um dos três modelos de bombardeiros norte-americanos com capacidade de ataque nuclear. A diferença é que ele é o único que consegue voar sendo invisível aos radares. Com isso, ele pode se aproximar do alvo sem ser detectado pelas armas de defesa das forças inimigas.

Criado para atacar a União Soviética

O bombardeiro invisível foi desenvolvido na década de 1980 para a Força Aérea dos Estados Unidos. Naquela época, o mundo ainda assistia à guerra fria e o objetivo era invadir o espaço aéreo soviético para atacar instalações valiosas do inimigo.

Para isso, os norte-americanos queriam um avião capaz de voar longas distâncias carregando uma grande quantidade de carga e que pudesse penetrar no espaço aéreo inimigo sem ser detectado. O B-2 Spirit tem todas essas características.

Lança até 16 bombas nucleares

O bombardeiro pode alcançar 11,1 mil quilômetros sem ser reabastecido ou até 18,5 mil quilômetros após um reabastecimento em voo. A capacidade de carga é de 20 toneladas. O B-2 Spirit pode lançar armas convencionais e termonucleares, como até 80 bombas Mk 82 de 230 quilos ou 16 bombas nucleares B83 de 1.100 kg.

Northrop Grumman B-2 Spirit - Divulgação - Divulgação
Northrop Grumman B-2 Spirit
Imagem: Divulgação

Fim da Guerra Fria reduziu projeto

O fim da guerra fria reduziu a necessidade de uma grande frota do bombardeiro invisível. No início do projeto, a expectativa era de que 132 unidades fossem produzidas. Após o fim da União Soviética, o congresso norte-americano reduziu a verba do projeto e apenas 21 B-2 Spirit foram fabricados.

Atualmente, 20 bombardeiros do modelo ainda seguem em operação. Em mais de 30 anos, houve a perda de apenas uma unidade, e ainda assim não foi em combate. Em 2008, um B-2 Spirit caiu logo após a decolagem da base aérea em Guam. O avião perdeu o controle por causa de uma falha dos sensores causada por uma forte tempestade.

Usado no Afeganistão, Iraque e em outras guerras

O B-2 já entrou em operação na prática em diversos conflitos militares, como em apoio à Operação Força Aliada, na antiga Iugoslávia; Operação Liberdade Duradoura, no Afeganistão; Operação Iraqi Freedom (Guerra do Iraque) e duas vezes na Líbia em apoio às operações Odyssey Dawn e Odyssey Lightning.

O B-2 estreou em combate operacional durante a Operação Força Aliada. Dois B-2 voaram mais de 31 horas da Base Aérea de Whiteman, no Missouri (EUA), para Kosovo. Eles atacaram vários alvos e voaram de volta aos Estados Unidos. Os B-2 foram responsáveis por menos de 1% do total das missões, mas destruíram 33% dos alvos durante as primeiras oito semanas de conflito.

Recorde de missão mais longa

O avião também detém o recorde de mais longa missão de combate aéreo da história. Em 2001, seis B-2 foram os primeiros a entrar no espaço aéreo afegão para uma missão.

O B-2 fez uma rápida parada de 45 minutos para troca da tripulação com os motores ainda funcionando. Em seguida, voou de volta para o Missouri. No total, foram mais de 70 horas consecutivas em missão.

Northrop Grumman B-2 Spirit - Divulgação - Divulgação
Northrop Grumman B-2 Spirit
Imagem: Divulgação

O avião invisível

O principal fator que faz do B-2 Spirit o avião mais caro da história é a sua tecnologia para ser invisível ao inimigo. Para dar vida ao B-2, a Northrop Grumman teve que inventar todos os componentes do zero. Essa lista incluía ferramentas, um laboratório de software, materiais compostos, equipamentos especiais de teste e modelagem 3-D e sistemas de computador.

O design aerodinâmico impede que seja detectado pelos radares convencionais. Os radares emitem ondas que são rebatidas por algum objeto no ar e voltam ao receptor. É dessa forma que um avião é visto pelo radar. No caso do B-2, o design interfere no caminho dessa onda, deixando-o invisível.

Material e pintura ajudam na camuflagem

Mas não é só isso. Um avião pode ser detectado no solo pelo calor, ondas eletromagnéticas ou mesmo visualmente pelo rastro deixado com a condensação do ar. O B-2 Spirit consegue passar invisível a tudo isso.

Os materiais utilizados na construção e o tipo de pintura foram feitos para não gerar calor, os equipamentos emitem ondas eletromagnéticas insignificantes e o design do avião não causa condensação do ar. Além disso, o avião pode voar a até 15,2 quilômetros de altura.

Aparece muito em filmes

O B-2 tem 21 metros de comprimento, 5,1 metros de altura e envergadura de 52,4 metros (distância entre as asas), metade do comprimento de um campo de futebol.

Todos esses recursos fazem do Northrop Grumman B-2 Spirit uma estrela também de cinema. Hollywood adora esse avião, que já apareceu em filmes como "Independence Day", "Armageddon", "Homem de Ferro", "Cloverfield", "Airplanes", "Rampage" e, mais recentemente, "Capitã Marvel".

Notícias