Lira prepara tour nacional e mira traições; Baleia prioriza atrair oposição
O deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao comando da Câmara a partir de fevereiro de 2021, prepara um tour nacional para conversar com os deputados em seus estados. Lira mira traições em partidos que integram o bloco de apoio a seu maior adversário, Baleia Rossi (MDB-SP). O candidato do MDB tem o apoio do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e de parte da oposição.
Lira começará a campanha pelo Norte e planeja visitar o Amapá e o Pará no início da semana que vem, segundo aliados. A ideia é passar por duas capitais por dia ao longo de janeiro e, se possível, abranger todos os estados. Depois do Norte, Lira deve ir ao Nordeste e Centro-Oeste.
A viagem para conversar com os deputados em suas bases acontece, primeiro, pelo fato de a Câmara estar em recesso. Portanto, quase não há políticos em Brasília nessa época. Em segundo lugar, é um sinal de deferência aos colegas em busca dos seus votos.
Nos encontros, Lira deverá falar não apenas com os deputados individualmente, mas também firmar compromissos com as bancadas estaduais. No Amapá, por exemplo, falará sobre medidas para a estabilidade do sistema de energia elétrica. No Amazonas, sobre a Zona Franca de Manaus.
Lira ainda aproveitará a oportunidade para mirar deputados de partidos que hoje estão ao lado de Baleia Rossi, mas são tidos como "desgarrados", nas palavras de um aliado seu. A perspectiva de seu grupo é que ele consiga votos de integrantes do PSB, PSL, PSDB, PDT, Cidadania e do DEM - neste último caso, se o MDB realmente sair com candidato próprio à Presidência do Senado.
A votação à Presidência da Câmara é individual e secreta.
O bloco de Arthur Lira diz contar com PP, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Patriota, Pros, PSC e Avante - o que representa cerca de 175 deputados federais. O PTB pode anunciar sua adesão ao grupo.
Baleia tem o apoio de PSL, MDB, PSDB, DEM, Cidadania, PV e Rede, além da oposição. O PT ainda não se definiu e Psol anunciou que deve lançar candidatura própria. Na verdade, os dois partidos ainda discutem a adesão a Baleia. Se realmente ficarem com ele, a estimativa é que o bloco conte com cerca de 280 deputados.
Também mirando defecções do lado de Lira, os aliados de Baleia Rossi dizem ter como meta chegar a cerca de 320 votos em plenário.
Baleia ainda prioriza assegurar apoio da oposição
Como nem toda a oposição está fechada com Baleia, sua prioridade agora é atrair e assegurar a entrega de votos da esquerda. O PT realizou reunião da bancada nesta terça (29) e segue sem anunciar um apoio formal ao candidato.
O partido anunciou que integrará formalmente o bloco de partidos que lançará a candidatura de Baleia, mas a sigla quer garantias de que, uma vez eleito, atenderá pleitos da oposição, como não pautar privatizações e a autonomia do Banco Central. Na prática, o PT não descarta lançar uma candidatura própria ou junto com outros partidos de oposição.
Ala no PT questiona ainda o aval a um político do MDB, partido do qual Baleia é hoje o presidente nacional. O MDB é a sigla de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara deu início à tramitação do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff (PT), e de Michel Temer, que assumiu a Presidência da República após a saída da petista.
Novas reuniões da oposição estão previstas para essa semana. O PT realizará mais um encontro da bancada na segunda (4). A expectativa é que então saia uma decisão final de como a sigla procederá.
Num pleito apertado, em que cada voto pode fazer a diferença e num momento em que o PT conta com a maior bancada individual da Câmara, a oposição é cortejada pelos candidatos. Portanto, somente após consolidar o bloco é que Baleia deve se dedicar a viajar pelo país, como já fará Arthur Lira.