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Gol será 1ª aérea do mundo a retomar voos com o 737 Max, na próxima quarta

Boeing 737 Max da Gol - Foto: Reprodução
Boeing 737 Max da Gol Imagem: Foto: Reprodução
do UOL

Vinícius Casagrande

Colaboração para o UOL, em Confins (MG)

07/12/2020 15h38

A Gol vai retomar os voos comerciais com o Boeing 737 Max na próxima quarta-feira (9). Com isso, a aérea brasileira será a primeira companhia do mundo a recolocar o modelo na frota. O avião ficou proibido de voar durante 20 meses após dois acidentes, na Indonésia e na Etiópia, que deixaram 346 mortos. O retorno dos voos foi liberado pela FAA, o órgão regulador do setor nos Estados Unidos, em 18 de novembro, e no Brasil pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), em 25 de novembro.

Segundo o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, o Boeing 737 Max estará disponível para todas as rotas da companhia. A Gol diz que não será possível determinar com antecedência quais voos serão operados pela aeronave, mas afirmou que pretende comunicar a todos os passageiros que seu voo poderá ser operado pelo 737 Max.

Kakinoff disse ter total garantia de que o modelo é, hoje, um avião seguro. "Nenhuma outra aeronave comercial do planeta passou por um escrutínio tão grande", afirmou "Hoje, é impossível repetir a mesma pane que causou aqueles dois acidentes".

Mesmo com essas garantias, Kakinoff afirmou que os passageiros que não se sentirem confortáveis em voar no Boeing 737 Max poderão remarcar a sua passagem a qualquer momento, sem nenhum custo.

O presidente da Gol afirmou que o fato de a empresa ser a primeira companhia aérea do mundo a retomar os voos comerciais é consequência do trabalho feito ao longo dos 20 meses em que o avião ficou proibido de voar.

"Não há uma urgência. Excedemos todas as recomendações, inclusive a quantidade de voos de teste. Simplesmente estamos prontos porque fomos a primeira companhia aérea do mundo a pedir reserva de simulador para treinamento dos pilotos, realizamos uma preservação ativa dos aviões e trabalhamos em conjunto com a Anac em todo o processo", afirmou.

Com sete aviões no modelo atualmente na frota, a Gol terá 6% dos voos feitos com o 737 Max, de acordo com Kakinoff. Esse número deve aumentar a partir do ano que vem. A expectativa é que a companhia aérea comece a receber novos aviões a partir de janeiro.

"Até o final do ano que vem, teremos 17 aviões 737 Max. Ou seja, vamos receber mais dez no ano que vem. Para 2022, a intenção é receber pelo menos um por mês", afirmou.

O que mudou no avião

A principal mudança no avião está no sistema MCAS (Sistema de Aumento de Características de Manobra, na sigla em inglês). Um erro de leitura dos sensores de ângulo de ataque (inclinação do avião) acionou o MCAS, que forçou o avião a baixar o nariz em um mergulho em direção ao solo.

Depois de uma análise detalhada do sistema, diversas mudanças foram implementadas. Em vez de apenas um sensor, o sistema passa a contar com informações de dois sensores de ângulo de ataque. Se houver uma divergência das informações, o MCAS será automaticamente inativado.

Além disso, a atuação do MCAS será mais limitada. O sistema só poderá ser acionado uma única vez. Depois disso, o piloto assumirá total controle do avião. Nos dois acidentes, os pilotos ficaram brigando com o avião sem conseguir assumir o controle de voo.

Houve mudanças também no treinamento dos pilotos. Até então, era feita apenas uma pequena adaptação. Agora, os pilotos precisam fazer o treinamento em simuladores específicos do 737 Max. A Gol já treinou 140 pilotos nos simuladores em Miami (EUA).

Outros procedimentos exigidos pela Anac são a correção do roteamento do conjunto de cabos, revisões de procedimentos incorporados ao manual de voo e testes de recalibração dos sensores.

Como é voar no Max

Antes de retornar aos voos comerciais, os sete aviões do modelo que já estão na frota da Gol realizaram diversos voos de testes.

No último dia 3, executivos da empresa embarcaram com suas famílias em um voo entre os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG).

Na manhã de hoje, a reportagem do UOL embarcou no Boeing 737 Max para um voo de apresentação à imprensa também entre Congonhas e Confins. Com capacidade para 186 passageiros, o voo tinha apenas cerca de 60 convidados.

Para saber que se trata de um modelo diferente, é preciso reparar nos detalhes. De dentro do túnel de embarque, é possível observar o nariz do avião. Lá está pintado o nome do modelo Boeing 737 Max 8.

Na parte interna, a principal diferença está justamente na conservação. Com poucos meses de uso antes de ser proibido de voar, o avião tem aspecto de novo. Na parte dianteira são 30 poltronas divididas em cinco fileiras na classe Gol Premium, com mais espaço para as pernas. Uma cortina divide o espaço com o restante do avião na classe econômica.

O momento mais esperado do voo foi a decolagem, justamente o momento em que ocorreram os dois acidentes com o 737 Max. No voo desta manhã, o Boeing da Gol decolou de forma suave. Nem mesmo as nuvens que cobriam o aeroporto de Congonhas causaram algum efeito ou turbulência.

A 737 Max tem como principal evolução em relação à versão anterior NG, uma nova motorização que gera cerca de 15% de economia de combustível. Além de mais eficiente, os novos motores também são mais silenciosos, o que melhora o conforto a bordo.

Em voo de cruzeiro, o 737 Max precisou fazer alguns desvios para fugir de nuvens carregadas. Uma pequena turbulência foi sentida na aproximação final para o pouso em Confins. Apesar dos desvios, o voo entre os aeroportos de Congonhas e Confins levou apenas um minuto a mais do que o esperado para a rota. O avião decolou às 11h06 de Congonhas e pousou às 12h06 em Confins.

Quando voltar à frota operacional da Gol na próxima quarta-feira, o Boeing 737 Max passará a cruzar todo o Brasil. Em março, a Gol deverá retomar os voos internacionais paralisados por conta da pandemia. E o Max deverá cruzar as fronteiras do Brasil.

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