Notificação foi "alerta" para Moro não advogar em consultoria, diz OAB
A notificação da seção paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ao ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro foi um alerta para que ele não atue como advogado na empresa de consultoria pela qual foi contratado, disse ao UOL o presidente do Tribunal de Ética e Disciplina do Ordem, Carlos Kauffmann. Na última segunda (30), a empresa Alvarez & Marsal anunciou que contratou Moro.
A consultoria atua como administradora judicial da Odebrecht e da OAS, empresas investigadas pela Operação Lava Jato e que foram julgadas por Moro quando ele estava à frente da 13ª Vara Federal em Curitiba. A consultoria também já prestou serviços para a Queiroz Galvão e a Sete Brasil, que igualmente foram alvos da Lava Jato. O trabalho da Alvarez & Marsal era garantir que a recuperação judicial das empresas transcorresse de maneira correta.
"A partir do momento em que ele assumiu o cargo de direção nessa empresa, e diante dessa repercussão e do histórico dele [de juiz], nós apenas o orientamos que ele não pode prestar serviço de advocacia para os clientes da empresa Alvarez &Marsal", comentou Kauffmann.
No caso dele, ele [Moro] não prestou serviço jurídico. Ele está contratado agora. Na verdade, é apenas um alerta para que não preste [serviço jurídico].
Carlos Kauffmann, presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-SP
"Não é advocacia"
Em nota, a consultoria disse que "Moro vai atuar na área de Disputas e Investigações". "O foco do trabalho será ajudar empresas clientes no desenvolvimento de políticas antifraude e corrupção, governanças de integridade e conformidade e políticas de compliance. O novo ofício não envolve serviços de advocacia, que estão fora do escopo da empresa de consultoria."
Ao falar sobre o novo emprego nas redes sociais, o ex-juiz também afastou a tese de que iria atuar com questões jurídicas na Alvarez & Marsal. "Não é advocacia nem atuarei em casos de potencial conflito de interesses."