Flordelis deve ser notificada na 3ª e prevê entrega de defesa em 5 dias
A deputada Flordelis (PSD-RJ) deve ser notificada na próxima terça-feira (8) pela Corregedoria da Câmara sobre o processo de investigação na Casa que pode culminar na cassação de seu mandato e prevê entregar sua defesa escrita em cinco dias, conforme permite o regimento interno. Esse prazo de cinco dias é prorrogável pelo mesmo período.
"Conforme regimento, ela tem cinco dias para apresentar a defesa e utilizaremos dessa prerrogativa", informou a assessoria da deputada à reportagem.
A notificação na terça em Brasília foi acertada entre a equipe de Flordelis e a Corregedoria da Câmara, após duas tentativas sem sucesso - no gabinete e no apartamento funcional. A previsão inicial era de que a terceira tentativa de notificação fosse hoje na residência da deputada no Rio de Janeiro, mas, após ela se comprometer a receber o aviso na terça, acabou sendo adiada.
A notificação já em Brasília também gera menos custos para a Câmara, pois teria que deslocar um funcionário ao Rio apenas para a atividade, informou o corregedor da Casa, deputado Paulo Bengtson (PTB-PA).
Flordelis foi denunciada sob acusação de ser mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo. Cinco de seus filhos, além de sua neta, foram presos no último dia 24, em operação coordenada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e pela Polícia Civil. Por ter imunidade parlamentar, a deputada não pode ser presa — a não ser em flagrante de crime inafiançável. Ao todo, 11 pessoas foram denunciadas pelo crime.
Se Flordelis não for encontrada novamente, um comunicado sobre o processo será publicado no Diário Oficial da União. A Corregedoria já trabalha em cima do processo, com cerca de 8 mil páginas, para a emissão de um parecer.
Como será o processo na Câmara
O processo chegou à Corregedoria encaminhado pela Mesa Diretora da Câmara. Os integrantes da direção da Casa também assinaram projeto de resolução para a reabertura do Conselho de Ética, entre outras comissões, já visando a análise do processo no colegiado.
Na corregedoria, a deputada terá cinco dias úteis para apresentar defesa, prorrogáveis pelo mesmo período. O órgão terá, então, 45 dias úteis para apresentar um parecer.
Se indicar a continuidade do processo, uma representação já apresentada por algum parlamentar será encaminhada ao Conselho de Ética pela Mesa. O mais provável é que o pedido de cassação feito pelo deputado Léo Motta (PSL-MG) seja utilizado.
A expectativa é que o Conselho de Ética possa funcionar de maneira remota ou parcialmente presencial. O projeto de resolução para a reabertura do colegiado será votado pelo plenário. O consenso é que os parlamentares aprovarão a medida.
No Conselho de Ética, o caso Flordelis deve ser o primeiro a ser analisado devido a sua gravidade, embora haja outros oito casos, desde 2019, à espera de serem pautados.
A reportagem apurou que os funcionários do Conselho de Ética foram treinados para trabalhar por meio de reuniões remotas. Mesmo que o colegiado vote pela eventual cassação de Flordelis, a decisão da perda de mandato precisa ser ratificada pelo plenário da Câmara.