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Ala pró-Bivar se divorcia de Eduardo, mas tenta manter elo com Bolsonaro

5.jan.2018 - O deputado Jair Bolsonaro e o presidente do PSL, Luciano Bivar - Divulgação/PSL
5.jan.2018 - O deputado Jair Bolsonaro e o presidente do PSL, Luciano Bivar Imagem: Divulgação/PSL
do UOL

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

01/11/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Presidente é ponto comum de interesse de alas antagônicas do partido
  • Pró-presidente do PSL, bivaristas tem defendido Bolsonaro nas redes sociais e para eleitores
  • Há quase um mês, membros do PSL trocam acusações na disputa pelo controle de poder
  • Pano de fundo de embate passa pelos R$ 110 milhões de fundo partidário

Além da disputa pelo poder, as duas alas antagônicas do PSL compartilham outro interesse comum: mostrar apoio a Jair Bolsonaro (PSL). Apesar de o presidente da República apoiar um grupo e agir contra o outro, parlamentares da ala pró-Luciano Bivar (PSL-PE) fazem corpo a corpo com eleitor para mostrar que carregam a bandeira de Bolsonaro, cujo nome ajudou boa parte dos parlamentares a se eleger.

Os bivaristas defendem o presidente em redes sociais e quando são abordados por eleitores nas ruas. A ideia é refutar o que entendem como uma narrativa criada pelos deputados 'bolsonaristas', a de que teriam virado as costas para o pai do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) - que capitaneia a oposição a Bivar no PSL.

Desde a primeira semana de outubro, membros do PSL trocam acusações, articulam listas para emplacar um líder na Câmara e movimentam processos judiciais e internos.

O pano de fundo do conflito passa pelo controle dos R$ 110 milhões de fundo partidário (verba pública para financiamento da atividade partidária) estimados para o ano que vem. A bancada de 53 deputados é a segunda maior da Câmara.

"Em momento algum deixei de apoiar o governo e o presidente. Tanto é que aprovei 100% das pautas de interesse do governo. E continuarei assim. Eu o apoio desde 2015. Não sou um surfista de onda de última hora", diz o deputado Felipe Francischini (PSL-PR).

Ele comanda a principal comissão da Câmara, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), pela qual deve tramitar todos os projetos da Casa.

"Quando os eleitores me perguntam eu digo isso e explico minha situação. Muitos criaram a narrativa de que quem não assinou a lista pela liderança de Eduardo [Bolsonaro, deputado federal pelo PSL-SP], ou não foi procurado, como eu meu caso, ficou de um lado do partido. Dizer que estou aqui ou acolá em virtude do fundo partidário é uma mentira deslavada", afirmou Francischini.

Na briga de listas pelo comando do partido, ele corroborou a liderança do Delegado Waldir (PSL-GO), que foi escolhido como líder em fevereiro pela bancada.

Contrários a Eduardo, a favor de Bolsonaro

Outras lideranças do partido como a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) e o senador Major Olimpio (PSL-SP) também usaram redes sociais para prestar apoio a Bolsonaro durante as crises do partido.

"Não dá para misturar as coisas. Uma briga interna no partido. Eu só acho que o presidente, já que ele se meteu a besta de entrar nessa fogueira, que ele ajude a apagar. E ele tem toda condição do mundo. Mas agora, já que está a fim de botar a mão na massa, poxa, seria muito legal que ele chamasse todo mundo. Começando por Bivar, para gente juntar todas as peças", disse o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP).

O deputado justifica que mantém apoio ao governo e às propostas de Bolsonaro.

"A importância é que os eleitores acabam difamando o parlamentar cometendo uma injustiça grandiosa. Porque eles chamam de traidores de Bolsonaro. E ninguém está traindo o presidente, pelo contrário. Todo mundo quer um alinhamento com o governo, mas aqui embaixo precisa ajeitar cada um numa cadeira", disse Tadeu.

Sobre a polêmica em torno da citação do nome Bolsonaro na investigação o assassinato de Marielle Franco (PSOL), Julian Lemos (PSL-PB) prestou apoio e se disse 'legitimado' pela proximidade que tem com o presidente.

'Não cai bem'

Um dos deputados da ala "bolsonarista" do PSL, Bibo Nunes (PSL-RS) diz que a tentativa dos deputados de se alinharem ao presidente não funcionará.

"É muito cinismo querer tirar o filho de Bolsonaro do partido e dizer que apoia o presidente", diz, em referência ao processo interno do PSL para desligar Eduardo Bolsonaro.

O deputado do Rio Grande do Sul é um dos principais críticos de Bivar e está na lista de 19 deputados que podem ser suspensos das atividades partidárias.

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