País afasta recessão no 2º tri, mas previsão para o PIB em 2019 segue fraca
Resumo da notícia
- PIB cresceu 0,4% no 2º trimestre, mais que o esperado, mas desempenho é fraco
- Previsão dos economistas para o PIB é de, no máximo, 1% para este ano
- Liberar saque do FGTS e PIS aquece economia por pouco tempo, diz professor da FGV
- Para professora da UFRJ, reforma da Previdência e controle de gastos públicos podem ajudar no 2º semestre
O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre foi melhor que o esperado e afastou o risco de o país entrar em uma recessão técnica, quando são registradas duas quedas consecutivas em relação ao trimestre anterior. Mas o desempenho da economia continua fraco, o que reforça as previsões de economistas de que o país vai crescer menos de 1% em 2019, emendando o terceiro ano seguido de baixo crescimento.
O Brasil cresceu 0,4% no segundo trimestre, na comparação com o trimestre anterior, e 1% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No primeiro trimestre, a economia encolheu 0,1%.
Liberar FGTS é insuficiente, diz economista
A perspectiva para o PIB é decepcionante porque repete resultados tímidos dos dois anos anteriores, de acordo com Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Ele acha insuficientes medidas de estímulo ao consumo anunciadas pelo governo no primeiro semestre, como a liberação de saques do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e do PIS/Pasep. Os saques começam apenas no segundo semestre.
"Aumenta um pouquinho o desempenho dos bens de consumo, mas [o avanço] morre logo depois, vira 'voo de galinha'", afirmou.
O economista defende uma política pública de gastos que movimente a construção civil para estimular a geração de empregos e provocar um círculo virtuoso de crescimento.
Reforma da Previdência
A economista Margarida Gutierrez, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), afirmou que o andamento da reforma da Previdência é um fator positivo que abre possibilidades para uma recuperação maior no segundo semestre. A reforma foi aprovada na Câmara dos Deputados no início de agosto e passou a tramitar no Senado.
"Associada ao teto de gastos, a reforma representa uma âncora fiscal importante para a economia", declarou. O teto de gastos é a Emenda Constitucional 95, aprovada no governo Michel Temer, que congela os gastos públicos por 20 anos.
Segundo Gutierrez, o controle nos gastos permite que o Banco Central seja mais ousado na redução da taxa básica de juros, com menos receio da aceleração da inflação. Além disso, ela afirmou que, ao encaminhar a reforma da Previdência, o governo ganhou espaço para negociar com o Congresso outras agendas, como privatizações e reforma tributária, que também poderiam impulsionar os indicadores econômicos.
A economista disse que os resultados da indústria no primeiro semestre foram afetados pelo desaquecimento da construção civil e pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG). Para ela, a construção civil já ensaia uma recuperação, mas o Brasil só verá um crescimento mais significativo do PIB a partir de 2020.
O que entra na conta do PIB?
O PIB é a soma de tudo o que é produzido no país. Os dados consideram a metodologia atualizada do cálculo.