Ignorada por Bolsonaro, TV católica vai atrás de PT e PSDB
Resumo da notícia
- TVs católicas ofereceram apoio a Bolsonaro meses atrás
- Em troca desse "apoio" esperavam verbas publicitárias
- Como o dinheiro que queriam não entrou, elas mudaram a tática
Em junho passado o "Estadão" mostrou com exclusividade que uma "liga" de TVs católicas havia iniciado um movimento para oferecer apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
À frente dessa "liga" estava a Rede Vida, maior TV católica do país e a quarta maior rede do país.
Seu presidente, João Monteiro de Barros, chegou a declarar que Bolsonaro era "a grande esperança" e cobrou "investimentos" do governo (leia-se gastos publicitários) em sua emissora.
Foi oferecido apoio em uma "live" com Bolsonaro, e que contou com a participação da Vida e um punhado de outras emissoras católicas.
Não foi uma tática coletiva das TVs católicas, porém. A TV Aparecida, por exemplo, não endossou e tampouco participou da manobra.
Os midiáticos se deram mal duas vezes: primeiro foram desautorizados por lideranças da própria Igreja Católica a falar em nome dela; a manobra caiu mal junto aos próprios fiéis.
Além disso a iniciativa não vingou dentro do próprio governo, pois foi bombardeada por parlamentares da bancada evangélica no Congresso.
Líderes evangélicos (muito ouvidos por Bolsonaro) também passaram a atacar a proposta. Lembraram que, historicamente, essas emissoras apoiaram os petistas, entre outras coisas.
Monteiro de Barros e outros daquele grupo acabaram entendendo que do governo do "terrivelmente evangélico" Bolsonaro não deve sair nada, então eles passaram a planejar o próprio futuro.
Barros, com o apoio de Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro dos governos Lula, tem se reunido com lideranças petistas e do PSDB nas últimas semanas (o ex-ministro, por meio de nota, nega qualquer relação com o caso, porém; veja íntegra da nota abaixo).
Objetivo do CEO da Rede Vida?
Ampliar não só sua rede de TV, mas também a Rede Vida Educação —emissora dedicada ao ensino a distância (pela TV).
O único problema é que tanto PT como PSDB estão fora do poder e hoje têm pouca influência no sentido de obter os "investimentos" que ele tanto precisa.
Trata-se de mais um "plot twist" (reviravolta) na política —e na televisão— brasileira.
Nesse caso, parece que causado por desespero. Leia-se: falta de dinheiro.
Outro lado
"A assessoria do ex-ministro Walfrido Mares Guia, citado nesta coluna, enviou nota negando qualquer participação nos interesses da Rede Vida:
"O empresário Walfrido dos Mares Guia nega enfaticamente ter qualquer envolvimento ou conhecimento a respeito da movimentação de TVs independentes e/ou de orientação católica, ao contrário do que foi informado na nota "Ignorada por Bolsonaro, TV católica vai atrás de PT e PSDB", publicada no dia 28/10.
Mais que isso, Mares Guia sequer tem relacionamento com as pessoas e instituições citadas e jamais conversou com o senhor João Monteiro de Barros Neto, pessoalmente ou por outro meio.
O empresário Walfrido dos Mares Guia está afastado da vida pública desde 2017 e seu único envolvimento é com as áreas de educação e biotecnologia, a partir de empresas das quais é acionista e conselheiro."
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