Na TV, católicos tentam se livrar de escândalo em obra bilionária
Líderes católicos, dirigentes da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) e o canal de TV Rede Vida se uniram em uma campanha para tentar recuperar a imagem da Igreja Católica e das obras para a construção da basílica de Trindade, em Goiás.
No último dia 21 o padre Robson de Oliveira Pereira, que comandava a Afipe e a obra, foi afastado sob suspeita de envolvimento em um esquema de desvio bilionário.
Informações até o momento do Ministério Público de Goiás falam em mais de R$ 120 milhões desviados (e o valor pode ser ainda maior).
Uma juíza diz que o padre usava laranjas para ocultar o desvio de dinheiro de fiéis.
O padre alega inocência, mas teve de se afastar da Afipe. Ele também foi afastado de todas as suas funções religiosas e até pela direção da Rede Vida, onde rezava diariamente o terço do Sagrado Coração de Jesus, às 6h.
O escândalo tomou proporções bíblicas nas redes sociais, e, após mais de 10 dias, as lideranças católicas estão iniciando uma campanha para tentar recuperar a imagem da instituição.
No horário do terço que era rezado por padre Robson (e agora tem padre Lúcio), a Rede Vida também passou a exibir um vídeo com as ações sociais da igreja.
Também fala da importância da construção da basílica de Trindade —cujo orçamento previsto pelo padre Robson começou em R$ 100 milhões, mas agora já passava de R$ 1 bilhão.
O projeto prevê um prédio farônico de quase 100 metros de altura.
O temor é que os fiéis simplesmente parem de continuar com as doações que permitirão a construção da obra de ambições megalômanas: prevê abrigar o maior sino suspenso do mundo.
O sino está sendo forjado há dois anos na Cracóvia e estima-se que só ele custará mais de US$ 1,5 milhão.
No ventilador
Um comete o pecado, todos pagam por seu erro: o escândalo envolvendo padre Robson respingou em toda a comunidade católica nas redes sociais —entre fiéis e, principalmente, entre não fiéis.
Boa parte das postagens "laicas" nos últimos dias iguala católicos agora aos envolvidos em escândalos e suspeitas financeiras nos últimos anos —quase sempre ligadas a igrejas e lideranças evangélicas.
Algo do tipo: "são farinha do mesmo saco". Os católicos querem mostrar que não.
A coluna apurou que nos últimos dias padres estão sendo orientados por suas dioceses a defender "corajosamente" a igreja nos sermões.
A ideia é mostrar que, mesmo que tudo seja verdade, foi um caso pontual e raro na instituição,
Depois do padre Robson, porém, tudo vai ser mais difícil.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops